Não precisa relembrar o sofrimento que o Santa Cruz passou, de 2006 na Série A até chegar a Série D em 2009. Foram rebaixamentos e humilhações consecutivas que assustadoramente reaproximou uma torcida de um clube. O sofrimento vivido pelo Santa Cruz Futebol Clube parecia não ter fim.
Eliminações para CSA, Guarany de Sobral e muitos outros estavam se tornando fato corriqueiro na história quase centenária do Tricolor do Arruda. No ano de 2009 tivemos a entrada de Fernando Bezerra Coelho no comando do clube, que apesar de ter tido papel relevante na reconstrução do clube, foram dois anos de insucessos dentro das quatro linhas. Porém, a gestão de FBC teve o papel de reestruturar o clube, o que possibilitou em 2011 com Antonio Luiz Neto, Sandro Barbosa e Zé Teodoro fazerem uma nova história, contando com o apoio de Gilberto que fez verdadeiros golaços no título pernambucano daquele ano após o Santa Cruz estar fora das finais em 2007, 2008, 2009 e 2010. Tendo sido inclusive, componente do hexagonal da morte.
Para coroar o renascimento do Santa Cruz, conseguimos diante do Treze da Paraíba e com 60 mil pessoas um 0x0 que garantiu o Tricolor do Arruda na Série C do futebol brasileiro de 2012. Neste ano o clube conquistou dentro da casa do adversário no dia do seu aniversário o bicampeonato pernambucano, feito que não ocorria desde 1987. Uma vitória maiúscula e inesquecível.
Quando parecia que o Santa Cruz finalmente sairia da Série C do futebol brasileiro, houve uma paralisação por conta de decisões judiciais e o time perdeu o ímpeto do primeiro semestre, culminando numa eliminação contra o Águia de Marabá numa derrota por 1×0. As combinações de resultado deixaram o clube na sexta posição do grupo e décima quarta no geral da Série C.
As dificuldades continuaram, começaram com a saída de Zé Teodoro e Sandro e alguns questionando a gestão de Antônio Luiz Neto à frente do Santa Cruz. Nas eleições de 2012, o presidente tricolor foi reeleito com mais de 90% dos votos, mostrando a confiança da torcida e dos sócios neste difícil trabalho de reconstrução do Santa Cruz Futebol Clube.
Chega o ano de 2013, assume Marcelo Martelotte, ex-goleiro e um dos poucos ídolos do Santa Cruz da década de 90, que havia dado lugar ao goleiro Nilson que foi um dos responsáveis pelo acesso inesquecível de 1999 para a Série A do futebol brasileiro. Sob desconfiança de parte da torcida, o trabalho começou e os resultados foram chegando. Primeiro lugar geral na primeira fase da Copa do Nordeste parecia que tudo ia dar certo novamente, mas vieram as quartas-de-final contra o Fortaleza e após um empate na capital cearense por 3×3, qualquer empate nos daria a classificação, mas uma derrota por 2×1 aos 47 minutos do segundo tempo voltou a colocar em xeque o ano do Santa Cruz.
Veio o campeonato pernambucano e mais uma vez o Santa Cruz era o azarão. Sport com um elenco milionário e Náutico na Série A ganhando tudo no primeiro turno, muitos desconsideraram a hipótese do Santa Cruz conquistar o tricampeonato, feito conquistado apenas em duas ocasiões, 1933 e 1971.
O gol de empate do Sport aos 46 do segundo tempo em pleno Arruda no último jogo da primeira fase fez passar mais um filme na cabeça tricolor, após as eliminações contra Águia e Fortaleza. O tempo tratou de jogar para escanteio o medo de uma eliminação precoce no Pernambucano, e o Santa Cruz venceu o Náutico no Arruda por 1×0 em jogo válido pela primeira partida das semi-finais. No segundo jogo parecia que a decisão iria para sorteio, foi quando brilhou a estrela de Renatinho e Dênis Marques, o primeiro conseguiu um pênalti e o segundo converteu a cobrança. O 1×1 já classificava o Santa Cruz, foi quando um novo pênalti deu ao Náutico a vantagem no placar. O resultado também classificava o Mais Querido, mas foi sofrimento até o fim do jogo que consolidou o Santa na final do Pernambucano.
O adversário havia feito 9×3 no placar agregado contra o Ypiranga e chegava com toda força para a final. No primeiro jogo do Arruda sob o olhar de quase 40 mil pessoas o Santa Cruz alcançava a primeira vitória. Gol do ídolo Dênis Marques e defesas importantes do outro ídolo Tiago Cardoso.
Neste domingo, 12 de maio, dia das mães e véspera do aniversário do Sport, todos davam conta de que o clube da Ilha venceria o jogo baseado no bom retrospecto do rubro-negro em sua casa, mas o Santa Cruz foi lá e venceu por 2×0. O primeiro gol de Flávio Caça-Rato, jogador que sintetiza o que é ser Santa Cruz, e que foi expulso antes do fim do primeiro tempo. Já o segundo gol, quase no final do jogo, marcado por Sandro Manoel, sacramentou o vigésimo sétimo título do Santa Cruz em campeonatos pernambucanos.
Essa vitória consolida a redenção do Santa Cruz. É o terceiro tricampeonato do Santa Cruz e o primeiro depois de 42 anos. Certamente muita gente já deve estar pensando no hexacampeonato, mas o objetivo do Santa Cruz é acima de tudo voltar a disputar as melhores divisões do futebol brasileiro. Antes, que venha o Internacional para o Time de Guerreiros fazer história novamente.
Que vitória, que alegria. Parabéns Santa Cruz. Esse Tri é a cara do Tricolor! Tri, Tricolor, Tri, Tri, Tri, Tricolor, Santa!
Oscar Paz diz
É isso aí, com toda a dificuldade e nunca sendo o favorito, estamos mandando nessa década! Rumo ao decacampeonato!