Por Fernando Dueire
Tenho a minha cidade como referência e sentido. Nela me reconheço, sonho, reencontro raiz e tronco. Respiro na janela, porta, terraço, quem fui, o que faço – pauso e escuto os sussurros dos becos, ruas, avenidas, largos e praças.
A alma se espanta e cresce, sim, tudo isso tem centralidade, é Recife miscigenada, misturada em matrizes diferentes, multiplicadas em território pequeno e expandido por todo lado. Em grande parte roubado ao mar, como dizia Carlos Pena Filho, inventado pela imaginação dos homens, nativos e forasteiros, formadores da civilização dos trópicos, construtores do aguçado sentimento de pernambucanidade.
Penso o Recife de hoje, espremido, injusto, mal ocupado, remeto os olhos para o horizonte como quem busca esperança na transformação além da fronteira de cada morada, extensão comum a todos que compõe os múltiplos sítios dessa outrora vila.
Na observação, tudo está por refazer, performar, reinventar, melhorar. São anos a fio que já se foram, e muitos que estão por chegar.
O Recife, sob nova gestão , precisa ser rediscutido, reconceituado, trabalhado na oficina da confiança dos que pensam a cidade metropolitana. É necessário pôr em prática o novo Plano Diretor, com sua competência territorial focada na ocupação do solo, destacando itens como habitação, mobilidade, saneamento, passeios, e serviços públicos.
É preciso pensar o futuro.
Imaginar que, anos atrás, tínhamos dentro da cidade grandes unidades têxteis, como as indústrias da Torre, Capibaribe, Othon, TSAP, entre outras, fabricantes de bebidas e massas, como a Coca-Cola, Fratelli-Vita, Crush, Pilar, Sagres e biscoitos Confiança, que desativadas, suas áreas encontraram novas vocações, como habitação, centros de ensino, prestação de serviços públicos e privados, mesmo que em alguns casos existam espaços que ainda não tenham recebido a oportunidade de um novo destino.
Assim também como tombos da união, que buscam uma melhor integração com a cidade.
Registre-se o bom exemplo de reocupação inteligente na secular ilha do Recife,que cedeu lugar para as novas tecnologias, geração de ponta, sendo rejuvenescida com milhares de empregos, trazendo vida às ruas, e aos belos prédios históricos de notáveis traços arquitetônicos.
Outra valiosa intervenção certamente será o reencontro do bairro de São José com o Cais José Estelita, face ao projeto imobiliário que prevê um parque linear integrado entre o braço de mar, edificações, melhoria dos acessos viários, e revitalização de alguns marcos históricos. Tudo isso com a preservação da via férrea, antigo acesso ao retroporto do Recife, que no futuro poderá permitir a ampliação do transporte urbano de passageiros por via fixa, melhorando a qualidade dos deslocamentos, indiscutivelmente uma infraestutura de benefícios múltiplos.
Por outro lado, o Recife se prepara para dentro de aproximadamente duas décadas chegar aos 500 anos, tendo misturados na paisagem velhos costumes, novas formas de trato e condutas, sobrados, casarões, prédios e equipamentos modernos, mas também com muitos mocambos, palafitas, e misérias subumanas.
A verdade é que uma cidade não é apenas o retrato de seus administradores temporais, é também um recorte do compromisso de seus habitantes em construir, dia a dia, o sentido coletivo de obrigações preciosas. Os passeios públicos, por exemplo, são territórios circunscritos à própria morada, que devem receber o zelo do respectivo lote, ou piso ocupado. O lixo não deve ser depositado em canais e esquinas de logradouros públicos, afinal os efeitos negativos de tal conduta são na maioria das vezes muito severos.
Entre tantos desafios, fica o setor público com a tarefa e o condão de liderar e agregar ao lado de seus ofícios, setores sociais, religiosos, populares, empresariais e culturais, na reinvenção da cidade anfíbia, construída por tantas etnias, e que prosperou criando um tipo próprio de autoestima, que faz que muitos dos que daqui saíram queiram voltar, e que outros tantos que vieram de fora não desejem mais sair. É para isso que todos estamos aqui, vibrando a lucidez que revela… o corpo da cidade não sobrevive em seu conjunto sem solidariedades, e também sem um plano estratégico de resultados objetivos.
Fernando Dueire é Economista.
CHORA RECIFE ! diz
Pena é ver uma Cidade Linda e Histórica como o Recife nas mãos de incautos e criminosos esquerdopatas por mais de 20 anos, o resultado ta aí bem na cara da gente, destruição total, fome, miséria , desemprego, caos urbano, insegurança física e existencial , desastre administrativo impune, pois os Poderes com a Omissão e Prevaricação viraram Cúmplices desse Crime de Incúria Administrativa e Legislativa de todos os Poderes, unidos em atos de cumplicidade total, contra o Recife. Teria vergonha de me dizer Chefe de um Poder em Pernambuco e ver o Recife nesse Caos e não cobrar dos Responsáveis Gerenciais desses Crimes, e, ainda mais contribuir para a Impunidade. Nesses dias vão dizer que aquele “Órgão de Tecnologia Digital” já tem a Vacina contra o Coronavírus e vão empurrar no povo qualquer Vacina sem Fiscalização de Saúde, porque na Saúde foi onde ocorreram os maiores crimes contra o Erário Público e contra a Vida do Cidadão do Recife. CHORA RECIFE, O CAOS E A IMORALIDADE, HOJE É TEU REINO DE INDECENTES E DE INDECÊNCIAS !!!!!!!