Após tentativa frustrada de afastar, na manhã desta quarta-feira (16), o presidente da Câmara de São Lourenço da Mata, vereador Denis Alves (Podemos), 12 dos 15 parlamentares que compõe o Legislativo municipal, são acusados de serem “paus-mandados” do prefeito Bruno Pereira (PTB).
A discussão na Casa Jair Pereira de Oliveira iniciou por volta das 11h30, com o vereador vice-líder de situação, e primeiro secretário, Cícero Pinheiro (PTB), lendo uma acusação feita pelo suplente do vereador Denis, Thoga (PHS), pedindo afastamento do presidente, por usar CPF´s falsos.
De acordo com Denis, tudo não passa de mais uma perseguição do prefeito pelo fato dele ser oposição. “Eu não posso concordar com o que está acontecendo hoje em São Lourenço da Mata, assim como o povo, eu também fui enganado por Bruno Pereira (prefeito). E ele está usando os demais vereadores para me ‘degolarem’. Eu nunca vi isso! Vereador de oposição defendendo situação”, disparou o presidente.
O presidente também denunciou o mascaramento de receita dos cofres públicos municipais. “Em 15 de julho deste ano, a receita da nossa cidade era mais de R$ 92 milhões. Em 05 de agosto, o valor caiu para R$ 68 milhões. Detalhe! Em 30 de junho, o valor era de R$ 79 milhões. Ou seja, mais de R$ 24 milhões sumiram dos cofres públicos da Prefeitura de São Lourenço da Mata, em menos de três meses. Estão literalmente maquiando a receita para esconder os desvios de verbas públicas. Mas, cobrei por meio de requerimento a prestação de contas do primeiro semestre, e eles terão que nos apresentar. Inclusive, o Ministério Público (MP) já foi acionado e caso não cumpra o prazo, quem cobrará será a Justiça. Como hoje, que a prefeitura amanheceu com o carro do MP batendo em sua porta para recolher documentos. Podem tentar denegrir minha imagem, inventar histórias, mas vamos ver qual máscara cairá”, ressaltou Denis.
O vereador e presidente da Comissão de Justiça e Redação, Leonardo Barbosa (SD), que também é advogado, saiu em defesa do presidente. “A nossa Constituição é clara. Em seu artigo 5º, inciso 53º, diz que ‘ninguém será processado, nem sentenciado se não pela autoridade competente. Não há provas, apenas denuncias infundadas em um papel ofício digitado, e que inclusive foi rejeitado no MP pela promotora. Além disso, no inciso 54º, fica claro que ‘ninguém será privado da liberdade ou de seus bens, antes de passar por um processo legal’. Ou seja, apenas caso, o parlamentar venha a ser julgado e condenado, é que essa Casa poderia afastar o presidente ou qualquer outro vereador”, explicou Leonardo.
Durante as discussões o vereador Roco (PP), que também é oposição ao governo do atual prefeito, fez novas denuncias sobre a Operação Comunheiro II, que entregava merendas podres nas escolas da rede pública de ensino. “Mesmo após as prisões em nosso município e as denuncias feitas ao MP, a prefeitura continua pagando a empresa WJR, que fornece esse tipo de merenda. Este mês, ao entrar no site da prefeitura para analisar a prestação de contas, notei que a WJR continua recebendo o valor de R$ 598 mil, e dessa vez, com aditivo de R$ 80 mil. Além disso, encontramos várias licitações com valores absurdos, como uma de R$ 13 milhões para compra de medicamentos, que devido a nossa fiscalização não passou, porém, outras sim. Remédios esses que inclusive estão faltando nos nossos postos de saúde. Bem como, merenda, leite, cestas básicas, etc”, pontuou Roco.