O litro dos combustíveis, nos últimos meses— principalmente nos últimos dias — , sofreu uma variação repentina no seu preço. O valor do litro da gasolina saltou de uma média de R$ 3,55 em julho de 2017 para uma média de R$ 4,28 em maio de 2018 — podendo chegar a R$ 5,26 em algumas regiões. Um aumento médio de 20% em um período relativamente curto de tempo. Já o litro do diesel variou de R$ 2,97, em julho do ano passado, para R$ 3,56 em maio deste ano.
Tal volatilidade está relacionada com a nova política de preços instituída na Petrobras a partir de julho de 2017; essa política foi fixada sob justificativa de aumentar a competitividade da Petrobras no mercado global. Agora o litro dos combustíveis é reajustado mais rapidamente, de acordo com a variação do preço do barril de petróleo e a variação da taxa cambial. Com a instabilidade da moeda brasileira perante o dólar, e o aumento do preço do barril de petróleo no mercado internacional, a elevação do preço da gasolina e seus derivados é normal e, aliás, é até esperada.
A nova política de preços implementada ajuda a evitar a interferência política na estatal, ou seja, evita que o governo federal imponha medidas administrativas que visem retardar ajustes de mercado. O governo Dilma — por exemplo — impondo medidas administrativas, controlou artificialmente os preços dos combustíveis, gerando um prejuízo à Petrobras de R$ 55 bilhões em 2014.
Ao analisarmos os gráficos, podemos perceber que a variação do preço do barril de petróleo começou a perturbar efetivamente o preço dos combustíveis em dezembro de 2016. Entretanto, haja vista a nova política de preços, a influência entre o aumento do preço do barril de petróleo e o aumento dos combustíveis é mais evidente a partir de julho de 2017.
Conclusões:
Como é amplamente sabido, o Brasil passa por uma intensa crise fiscal. Ou seja, o governo federal gasta mais do que arrecada com impostos. Portanto, qualquer medida populista de controle de preços ou subsídio de combustíveis — se não houver a devida compensação tributária ou corte de gastos públicos — pode ser extremamente danosa à economia nacional.
Qualquer medida estatal deve ser muito bem estruturada para que ela não corroa as contas públicas. A responsabilidade fiscal é um pré-requisito para o desenvolvimento econômico sustentável e de longo prazo, e deve ser sempre preservada.
Haja vista essa crise, seria viável propor o investimento em bens que substituam combustíveis fósseis. O preço do etanol, por exemplo, permaneceu estável ao longo do período em que a gasolina e o diesel tiveram seus preços elevados. A média do preço do Etanol, em Jan/2016, era de R$ 2,70; agora, em Mai/2018, o preço médio é de R$ 2,80, uma variação muito menor que a dos combustíveis fósseis.
Informações complementares:
Se o Brasil é autossuficiente em petróleo, por que precisamos importá-lo?
O Brasil é autossuficiente em petróleo, entretanto, grande parte do petróleo brasileiro é de péssima qualidade, o que torna economicamente inviável a sua transformação em gasolina e derivados. Portanto, dependemos do mercado internacional para nos fornecerem o petróleo bruto e de boa qualidade, que será refinado e transformado em: gasolina, diesel e gás natural.
A gasolina brasileira é a mais cara do mundo?
A gasolina brasileira não é a mais cara do mundo, na Alemanha o preço do litro é muito mais elevado. Entretanto, se considerarmos a renda média de ambos os países, ao encher um tanque de combustível de 50 litros: na Alemanha, o valor ocupa apenas 3% da renda média; já no Brasil, o valor chega a 20% da renda média. Ou seja, a sensibilidade do brasileiro médio para uma variação no preço do combustível é muito maior que na Alemanha.
Por que os caminhoneiros não repassam o valor do aumento do combustível para o valor do frete?
Isso não é possível, pois há uma grande oferta de caminhoneiros. Quando há muita oferta de um serviço, o valor desse serviço tende a abaixar. Ou seja, há tantos caminhoneiros no Brasil, que o valor do frete fica extremamente baixo e, mesmo se alguns se recusarem a fazer o serviço, haverá outros dispostos a fazê-lo. A volatilidade do preço do litro do óleo diesel também impede um ajuste fidedigno do valor do frete pelos caminhoneiros que, a cada abastecimento, acaba perdendo o valor do frete acordado com os produtores.
Rodrigo Moses Plácido é estudante de Administração na Universidade de Brasília (UnB) e Coordenador Local do Students For Liberty Brasil.