O governador Eduardo Campos lidera uma ampla frente política em Pernambuco composta por inúmeros partidos, dentre eles o PT do senador Humberto Costa, o PMDB do senador Jarbas Vasconcelos e o PTB do senador Armando Monteiro. Além disso, mantém uma relação extremamente cordial com o deputado Sérgio Guerra, comandante do PSDB em Pernambuco.
Foi vencendo em Pernambuco que ajudou a reeleger Lula em 2006, eleger João da Costa em 2008, eleger Humberto e Armando em 2010 e Geraldo Julio em 2012. Foram quatro vitórias majoritárias em quatro disputas importantes. Os números de Eduardo Campos são incontestáveis não só no desenvolvimento de Pernambuco como também em aprovação popular e em condução política. Não lembro de um governador chegar ao penúltimo ano do seu governo com 90% de aprovação e maioria esmagadora na Assembleia, na Câmara dos Deputados e no Senado.
Isso se deu efetivamente porque os adversários de Eduardo Campos eram débeis. Tanto Mendonça Filho quanto Humberto Costa em 2006, quanto os adversários que enfrentaram João da Costa em 2008, quanto o próprio governador e sua chapa completa em 2010 e principalmente no contexto que elegeu Geraldo Julio no Recife na eleição do ano passado.
Eduardo conseguiu imprimir uma marca vitoriosa em Pernambuco que nenhum outro governador conseguiu. O que chegou mais próximo disso foi Jarbas Vasconcelos, que na cadeira do Palácio amargou as derrotas de Roberto Magalhães e Jacilda Urquiza em 2000, em Recife e Olinda, respectivamente. Depois em 2004 com Cadoca e Jacilda novamente nas disputas pelas prefeituras de Recife e Olinda, maiores colégios eleitorais de Pernambuco.
Eduardo voou em céu de brigadeiro, até aqueles que foram eleitos por siglas que não compunham o arco de forças que lhe fizeram governador nunca ousaram em lhe desagradar. Feito isso, Eduardo ainda enfrentou uma das maiores marés favoráveis da história de Pernambuco, foi em seu governo que chegaram a Refinaria, a Hemobrás, o Estaleiro, a Fiat, a Arena Pernambuco e muitas outras coisas, ele é em síntese um sortudo. Mas para ter sorte é preciso ter competência e isso ele tem pra dar e vender.
O governador Eduardo Campos pratica a arte da política como poucos. Ele chega, mesmo governando Pernambuco, ao patamar de Tancredo, Lula, FHC e Arraes, verdadeiros monstros sagrados da política brasileira. Ele é ardiloso quando precisa ser, afável quando julga necessário, enfim, exerce poder de forma magnífica.
Mas como todos os impérios construídos, uma hora a situação começa a desmoronar e isso independe da vontade do líder. Isso é fruto das circunstâncias do jogo do poder, que é bruto e sem escrúpulo algum. Na hora em que Eduardo Campos se colocou como pré-candidato a presidente ele sabia do bônus de virar um nome nacional teria o ônus da inveja, do bombardeio e da traição. Tudo isso vem ocorrendo.
João Lyra Neto, Armando Monteiro Neto, José Múcio Monteiro, Tadeu Alencar, Geraldo Julio, Antônio Figueira, Danilo Cabral, Paulo Câmara, Fernando Bezerra Coelho e muitos outros que orbitam em torno do governador, cada um, à sua maneira, julga ser o único capaz de dar prosseguimento ao que foi feito por Eduardo Campos no Palácio das Princesas. Administrar egos é mais difícil do que qualquer governo ou qualquer empresa.
A partir do momento em que o governador ainda não deu sinal de quem será o seu escolhido ou a certeza de qual será o seu futuro político, o tempo começa a contar contra ele. Se for disputar um mandato no ano que vem, seja ele qual for, o prazo é 31 de março de 2014. Faltam pouco mais de dez meses para isso. Depois, Eduardo não será mais governador de Pernambuco, e se até lá ainda não tiver escolhido o seu candidato, penará para saber quem estará ao seu lado ou quem estará contra ele.
Todos esses nomes citados e dezenas de deputados estaduais, federais e pré-candidatos pensam exclusivamente em si. Estarão com aquele que viabilizar melhor o seu anseio. Pra eles dar poder demais a uma única pessoa se torna algo muito ruim para se administrar futuramente. Por isso muitos deles, mesmo que não digam de público, querem que Eduardo dê apenas um passo em falso para poder girar a roda da política e verem alguém menos competente para sentar naquela cadeira.
A lógica do PEC em Pernambuco não é boa pra nenhum desses políticos. Eles só acataram esses anos todos porque durante esse contexto era impraticável bater de frente com Eduardo Campos. Na política ninguém ama ninguém, todo mundo quer o poder para se abrigar. Mas não querem que ele fique concentrado demais nas mãos de uma pessoa.
Em síntese, pode ser tarde demais pra Eduardo Campos escolher um nome e sair vitorioso em 2014 apenas com o rolo compressor do Palácio. Ele precisará de muito mais do que os seus sedutores olhos azuis para manter pelo menos 50% + 1 dos votos válidos em Pernambuco e garantir mais quatro anos de poder em nosso estado.
Cenas dos próximos capítulos.