O prefeito Geraldo Julio (PSB) assumiu em janeiro a prefeitura do Recife após doze anos de gestão do Partido dos Trabalhadores. Apesar de alguns acertos pontuais, tanto João da Costa quanto João Paulo não podem ser considerados bons prefeitos, sobretudo após nomes como Jarbas Vasconcelos, Joaquim Francisco, Gustavo Krause, Roberto Magalhães, etc.
O legado da gestão petista para o Recife não foi bom. Isso pode ser observado no caótico trânsito, na baixa qualidade do transporte público, na escassez de áreas de lazer para a cidade, dentre outros problemas enfrentados diariamente pelos recifenses.
Seis meses é um curto período para se observar marcas de uma gestão. Sobretudo quando o que antecedeu é algo considerado ruim. Se formos comparar a gestão Geraldo Julio com o governo Eduardo Campos, ambos do PSB, haverá uma infinita vantagem para o governador pelo simples fato de ter recebido de Jarbas Vasconcelos a casa arrumada. Por melhor gestor que seja Eduardo, o sucesso do seu governo só foi possível graças ao que foi feito antes pelo agora aliado Jarbas. Isso é um fato incontestável.
A gente percebe isso quando compra uma casa extremamente danificada com instalações trocadas, parte hidráulica danificada, teto caindo, chão esburacado, etc. Para deixar a casa arrumada requer tempo, planejamento e dinheiro. O mesmo acontece com uma prefeitura.
Talvez o grande equívoco de Geraldo Julio seja não preparar um núcleo político forte tal como fez Eduardo Campos em seu primeiro governo. Nos primeiros problemas enfrentados por Eduardo, ele poderia contar com gente tarimbada como Fernando Bezerra Coelho (Desenvolvimento Econômico), Tadeu Alencar (Procuradoria), Sileno Guedes (Porto do Recife), Evaldo Costa (Imprensa), Geraldo Julio (Planejamento), Paulo Câmara (Administração/Educação e por fim Turismo quando houve aquele problema com Silvio Costa Filho). Na Assembleia Legislativa, Eduardo pôde contar com Isaltino Nascimento, Guilherme Uchôa, João Fernando Coutinho, e alguns outros da tropa de choque do governador.
Geraldo Julio em seus primeiros meses enfrenta dificuldade porque sua bancada é extremamente despreparada e os auxiliares dele na área política ainda não disseram a quê vieram. Começando pelo líder do governo na Câmara Gilberto Alves, que já deu imensas demonstrações que não tem o menor traquejo para o posto. O presidente da Câmara Vicente André Gomes já se envolveu em alguns desgastes que terminaram respingando no governo.
Pra completar, a maioria do secretariado do prefeito ainda é ‘verde’ para enfrentar problemas. Por isso é necessário que Geraldo Julio dê um freio de arrumação antes que sua gestão envelheça antes do tempo.
Imaginar que irá voar em céu de brigadeiro feito Eduardo parece loucura, porque o contexto que beneficiou o governador dificilmente beneficiará outro político. Sobretudo diante da herança negativa que o prefeito recebeu. Então é fundamental que o prefeito tome as rédeas da sua gestão para fazer com que ela ande de vez.
Os resultados práticos só serão observados em 2014 ou 2015 porque dependem do cronograma da execução de obras de mobilidade, construção de hospital, Upinhas, etc. Então a condução política precisa ser feita com maestria até que as obras sejam entregues ao povo.
Ciente de que não dá para mudar drasticamente o panorama de caos e de abandono da cidade em apenas seis meses, o prefeito Geraldo Julio merece um crédito do povo recifense, desde que realize mudanças efetivas na condução da sua gestão.