A nova estratégia da oposição com vistas a 2018
A oposição ao governador Paulo Câmara, que possui o senador Fernando Bezerra Coelho (PMDB), o senador Armando Monteiro (PTB) e os ministros Mendonça Filho (DEM), Bruno Araújo (PSDB), Raul Jungmann (PPS) e Fernando Filho (ainda no PSB), entendeu que seria muito cedo determinar o candidato a governador neste momento, e aquele que fosse apresentado como antagonista de Paulo Câmara sofreria petardos desnecessários do Palácio.
Diante do exposto, em vez de apresentar um nome ou dizer que não tem nome definido, a oposição adotará a partir de agora uma postura que tende a surtir mais efeito, pois ajuda a fortalecer seus respectivos partidos e consequentemente os projetos dos seus atores para 2018. Atuar na condição de pré-candidato contribui para o político apresentar uma perspectiva de poder e ajuda a diminuir a resistência a um único nome.
Então a partir de agora Armando Monteiro será visto como candidato a governador do PTB, Bruno Araújo do PSDB, Mendonça Filho do DEM e Fernando Bezerra Coelho do PMDB. Eles estarão em tese separados em busca do mesmo cargo mas com o objetivo de fragilizar Paulo Câmara. Como quem tem prazo não tem pressa, todos ficarão nesta condição de pré-candidatos até meados de abril, quando o quadro estará mais cristalino e se saberá o tamanho da rejeição, das intenções de voto e do potencial de crescimento de cada nome.
Como existem quatro vagas na chapa majoritária de 2018, há condições de todos serem abrigados num projeto que visa quebrar a hegemonia do PSB em Pernambuco que já dura doze anos. Também não está descartada a apresentação de duas candidaturas da oposição tal como ocorreu em 2006 e acabou surtindo efeito. Neste cenário haveria uma forte possibilidade de forçar novamente um segundo turno contra Paulo Câmara, que por ser governador tende a chegar a segunda etapa.
Mendonça Filho e Bruno Araújo na condição de pré-candidatos a governador, estarão garantindo recall para seus projetos, pois vale salientar que eles voltarão para a planície da Câmara Federal em abril e perderão o poder da caneta. Até mesmo uma candidatura a reeleição não estará descartada, mas todos ficarão fortalecidos. Em 2006 na fase pré-eleitoral tínhamos Sergio Guerra pelo PSDB, Inocêncio Oliveira pelo PR e Armando Monteiro pelo PTB, que apoiaram oficialmente Mendonça Filho, Eduardo Campos e Humberto Costa, respectivamente. Eles desistiram dos projetos porque não cabiam tantos candidatos, e acabaram fortalecendo seus apoiados. Naquele pleito apenas Sergio Guerra não disputou mandato porque estava no meio do mandato de senador, mas tanto Armando quanto Inocêncio foram federais e ficaram como os dois mais votados do pleito.
Se fragmentando neste momento, a oposição não tem nada a perder, muito pelo contrário. Estará adotando uma estratégia que foi bem sucedida na eleição que iniciou o atual ciclo de poder do PSB em Pernambuco.
Federal – O deputado estadual Tony Gel decidiu que lançará o seu filho Tonynho Rodrigues para deputado federal no ano que vem. Tonynho sempre acompanhou os pais Miriam Lacerda e Tony Gel e há muito tempo teve seu nome ventilado para uma disputa eleitoral. A estratégia da família é que apoiando um candidato da terra, Tony mantenha a expressiva votação de 2014 em Caruaru.
Derretendo – Impressiona como em tão pouco tempo o prefeito de São Paulo João Doria vem perdendo força para as eleições de 2018. Tido como novidade na política desde que assumiu a prefeitura em janeiro, Doria virou produto vencido com o passar do tempo. Foi com muita sede ao pote e acabou morrendo afogado.
Isolamento – O ministro das Cidades Bruno Araújo deu grande demonstração de força no PSDB ao juntar as principais lideranças do partido em torno do seu nome para presidir a sigla. O movimento evidenciou o isolamento de Elias Gomes e seu filho dentro do partido, que deverão buscar outro abrigo partidário para a disputa eleitoral de 2018.
Ingratidão – Nas eleições de 2010, quando Sergio Guerra tentou um mandato de deputado federal, Elias Gomes decidiu lançar um candidato a federal no Cabo de Santo Agostinho e em Jaboatão dos Guararapes, que foi Arimateia. Sergio Guerra, candidato do prefeito, foi apenas o oitavo mais votado de Jaboatão com menos de 9 mil votos e o quinto do Cabo com menos de 6 mil votos. Elias foi ingrato com Sergio, que lhe apoiou em 2008.
RÁPIDAS
Paulo Lages – Responsável pela secretaria de Planejamento e Gestão de Jaboatão dos Guararapes, o administrador de empresas Paulo Lages vem fazendo um trabalho a frente da pasta reconhecidamente exitoso, sendo considerado um dos mais competentes auxiliares do prefeito Anderson Ferreira. Gestor público experiente, o secretário é analista consultor da ATI, órgão do governo de Pernambuco.
Prazo – Sobre a situação do comando do PMDB, Fernando Bezerra Coelho tem certeza absoluta que o desfecho do diretório estadual do partido se dará entre o dia 16 e o dia 20 deste mês. As ações na justiça impetradas por Raul Henry foram interpretadas pelo diretório nacional e pelo próprio FBC como um factoide.
Inocente quer saber – Jarbas e Raul Henry ficarão mesmo no PSD de André de Paula quando perderem o PMDB?