Por Paulo Farias do Monte
A segunda manhã do ano de 2018 amanheceu mais triste em Pernambuco.
Mesmo tratando-se de um longevo homem de 92 anos, que já convalescia, todos receberam, consternados, a notícia do falecimento do Dr. Armando Monteiro Filho, que os mais próximos chamavam de Dr. Armandinho.
Pois é, o Dr. Armandinho era um ser humano diferenciado, surpreendente. Senão vejamos:
Filho de Proprietário de Usina de Açúcar, ele destoava do que pensava o povo acerca dos usineiros.
O Dr. Armandinho era doce no tratar as pessoas, assim como era o açúcar produzido nas suas usinas. Não fazia distinção entre um colega usineiro, um empresário ou um cortador de Cana, tratava a todos com a mesma fineza e educação, sem distinção, como merecem os seres humanos.
Ninguém nunca o viu falar alto ou destratar qualquer pessoa.
Desde cedo, demonstrava duas paixões: a política e o futebol, mas especificamente, o Sport Clube do Recife.
Na Faculdade de Engenharia, ingressou no Movimento Estudantil. Era político nato e, na sua escola, a matemática só tinha duas das quatro operações convencionais: somar e multiplicar.
E de tanto somar e multiplicar foi Deputado Estadual, Federal e Ministro da Agricultura, no Governo João Goulart.
Como imaginar um Usineiro, empresário e banqueiro defender as reformas de base que Goulart e Brizola queriam implantar no País?
Só personagens da grandiosidade do nosso Armandinho para assim agir.
Fazia a política por ideal e não com pragmatismo comum nas velhas raposas e coronéis. Era amigo de Brizola, de Arraes e de Tancredo Neves, que como Primeiro Ministro, o nomeou para o Ministério da Agricultura.
Por ter sido Engenheiro por formação, era especialista em construir pontes. Era conciliador por excelência. Na política com um “P” maiúsculo que praticava, tinha adversários, jamais inimigos. Era amigo de todos e transitava bem com políticos de todas as correntes políticas.
Em 1962, disputou o Governo do Estado com Miguel Arraes, porém em 1994 disputou o Senado na Chapa do Avô de Eduardo.
Acredito, que Pernambuco perdeu muito mais a não enviá-lo ao Senado naquele momento, pois sua serenidade e experiência, com certeza daria uma grande contribuição a Pernambuco e ao País.
Nosso Estado tem essa dívida eterna para com esse filho ilustre.
Mas como excelente pai que foi, o vi realizado na eleição de Armando Neto para o Senado, simbolizado com um emblemático beijo na Cabeça do filho, em plena solenidade de posse.
No seu velório Armando Neto disse que nem nos revezes que o pai sofreu na política e nos negócios viu nele qualquer amargor.
É verdade, o Doutor Armando era só doçura, aliás sua família inteira é de desmesurada fidalguia no trato com as pessoas. Armando Neto, Eduardo, Horácio e Letícia. E o que dizer de José Múcio, o sobrinho filho? Figura agradabilíssima.
Homem íntegro, de caráter retilíneo, Armando Filho fará grande falta ao mundo empresarial e político de Pernambuco e do Brasil. Porém, seu legado servirá de exemplo para os mais novos.
Por sua passagem para outra dimensão, só cabe o choro se for de alegria, pois Deus presenteou seus parentes e amigos, dando a ele a oportunidade de viver 92 anos, COM AÇÚCAR E COM AFETO!
Vai com Deus Armando Filho!
Paulo Farias do Monte
É advogado e Secretário de Governo do Cabo de Santo Agostinho.