Pela 77ª vez, os vaqueiros de Petrolina celebraram a fé e a tradição do homem e da mulher mais simples da caatinga. Na manhã deste domingo (24), foi realizada na orla petrolinense a Missa do Vaqueiro. A solenidade religiosa e cultural reuniu mais de 8 mil pessoas às margens do Rio São Francisco para acompanhar as celebrações de fé e os shows artísticos.
O ritual começou logo cedo, quando montados em cavalos, os sertanejos saíram do Estádio Paulo Coelho em direção à Avenida Cardoso de Sá, na Orla. Após o trajeto, cerca de 800 vaqueiros chegaram à estrutura montada às margens do “Velho Chico” para acompanhar a missa celebrada pelo padre José Guimarães.
Antes de iniciar a celebração, um momento marcante. Bastante emocionado, o padre Guimarães anunciou que seria sua última Missa do Vaqueiro, “esse é um dia doloroso e especial para mim, minha 11ª missa e me despeço pedindo desculpas”, disse causando aplausos e comoção no público presente na orla.
A solenidade também teve a apresentação do Coral de Aboios de Serrita, que entoou canções do imaginário do povo da caatinga como Asa Branca e Ave Maria Sertaneja. Por fim, foi realizada a bênção dos instrumentos usados pelos vaqueiros no dia a dia como gibão, chapéu de couro e luvas. “Esse é um ponto alto de nossa cultura e do São João de Petrolina. Os vaqueiros são a essência de nossa tradição e devem ser valorizados sempre”, ressaltou o prefeito Miguel Coelho, que participou do ritual às margens do rio.
Depois da Missa, foi entregue o Troféu Carlos Augusto Amariz para homenagear um grupo de vaqueiros. A programação foi encerrada com o show de Elenildo do Acordeon com muito forró na orla de Petrolina.
A Missa do Vaqueiro de Petrolina, segundo os mais antigos participantes, foi iniciada em 1941 por conta de um acidente envolvendo um sertanejo ferido por um pedaço de pau durante uma cavalgada pela caatinga. A queda e o ferimento profundo deixaram o vaqueiro chamado Timóteo em condições graves. Para auxiliar na recuperação, amigos do sertanejo pediram uma missa ao padre Américo Soares. O vaqueiro Timóteo conseguiu sobreviver e voltar a montar a cavalo pouco tempo depois e, desde então, a cerimônia é realizada anualmente para pedir proteção a toda vaqueirama de Petrolina.