A Assembleia Legislativa de Pernambuco possui 185 anos de história, fundada em 1º de abril de 1835, mas o atual prédio que conhecemos, na Rua da Aurora, passou a sediar o Poder Legislativo estadual somente em 1º de março de 1875, portanto há 145 anos.
A Alepe recebeu em 1948 o título de Palácio Joaquim Nabuco, em homenagem ao político abolicionista que fez história em Pernambuco. Nabuco tornou-se o patrono daquela Casa que foi palco de muitos momentos históricos em nosso estado.
Numa história quase bicentenária, muitos foram os nomes que passaram por aquela Casa e alguns conseguiram fazer história, como é o caso do nosso personagem, que poderá dividir a história da Casa de Joaquim Nabuco em antes e depois da sua passagem pela presidência daquele poder.
Nascido em Timbaúba em 22 de abril de 1947, Guilherme Aristóteles Uchoa Cavalcanti Pessoa de Melo, construiu uma trajetória no poder judiciário, sendo respeitado na área jurídica pela sua postura conciliadora e de trabalho. Já aposentado, decidiu tentar o mandato de deputado estadual em 1994 pelo PMDB. Após a abertura das urnas, a vitória com 16.137 votos e se iniciava uma história de sucesso na Casa Joaquim Nabuco.
No seu quarto mandato como deputado estadual, Guilherme Uchoa apoiou Eduardo Campos naquele pleito de 2006, inicialmente seus planos seriam apoiar Armando Monteiro, então pré-candidato a governador, mas que desistiu para apoiar Humberto Costa. Sem muita afinidade com Humberto, Guilherme e o PDT, partido que era filiado, formalizaram apoio a Eduardo.
Passada a eleição, e já na formalização da mesa, era preciso encontrar um substituto para Romário Dias, que já estava no seu terceiro mandato como presidente da Casa e iria para o Tribunal de Contas do Estado. Além de Guilherme, surgiu o nome do seu correligionário José Queiroz, que também era aliado de Eduardo. A escolha por Guilherme se deu por um pequeno detalhe, o fato de Miriam Lacerda, esposa do então prefeito de Caruaru Tony Gel, atualmente deputada estadual, ser adversária de Queiroz. O apoio de Miriam a Guilherme desempatou o jogo em prol daquele que viria a ser eleito.
Investido na condição de presidente da Assembleia a partir de fevereiro de 2007, Guilherme Uchoa construiu uma trajetória mais longeva do que a de seu antecessor Romário Dias. Além disso, nos sete anos e três meses em que Eduardo Campos foi governador de Pernambuco, a parceria entre os chefes do legislativo e do executivo foi de fundamental importância para o êxito do governo Eduardo, que marcou história em nosso estado.
Foram quase doze anos de mandato, com questionáveis alterações na legislação por parte da imprensa e de seus adversários para permitir seis mandatos como presidente da Casa. Em Pernambuco, hexa só tem dois, o Náutico e Guilherme Uchoa, que conseguiu diversas reconduções graças a sua forma de comandar o Poder Legislativo. Na condição de presidente da Alepe, Guilherme completou a trinca de fazer parte do poder legislativo, do judiciário e do executivo, porque por diversas vezes chegou a assumir o Palácio do Campo das Princesas por fazer parte da linha sucessória do estado, na ausência dos governadores Eduardo Campos, João Lyra Neto e Paulo Câmara.
Além de ser um presidente bastante conciliador e por diversas vezes atuou como um pai de parlamentares e ex-parlamentares, Guilherme deixou como legado a defesa intransigente da Casa Joaquim Nabuco e principalmente a reformulação da sede daquele poder. Graças ao seu presidente, que mostrou-se mais uma vez arrojado, a Alepe ganhou uma moderna estrutura que a colocou entre as mais bem estruturadas casas legislativas do país.
O plenário, os gabinetes, as salas de comissões, a parte administrativa, todos eles modernos e preparados para atender às demandas dos pernambucanos, só foram possíveis graças a Guilherme Uchoa. Claro que os pares também tiveram sua parcela de contribuição, mas sem um líder para conduzir uma complexa obra, dificilmente o projeto teria saído do papel.
Na busca pelo sétimo mandato como deputado estadual, Guilherme, que deixou o PDT por conta de o partido não aceitar a entrada do seu filho Júnior para ser deputado federal, para se filiar ao PSC, teve complicações de saúde e em 3 de julho de 2018 viria a óbito, deixando a cargo do filho a importância de manter vivo o seu legado. Júnior teve que ser candidato a estadual para não deixar as bases de Guilherme, sempre muito bem atendidas, desacobertadas.
Prestes a completar dois anos da sua partida, Guilherme Uchoa sempre será lembrado, não só pela sua família, mas por todos aqueles que tiveram a oportunidade de conviver e conhecer de perto um homem público firme e determinado que marcou história em nosso estado. A importância de Guilherme Uchoa para a Alepe é tão grande que ele pode ser considerado o segundo patrono da Casa, ou melhor, o patrono da era moderna da Assembleia Legislativa de Pernambuco.