Nascido em 17 de junho de 1604 em Dillenburg, na Alemanha, Johan Mauritz van Nassau-Siegen, mais conhecido como Maurício de Nassau, teve seu nascimento no Castelo de Dillenburg, condado de Nassau, cidade da Alemanha, sendo filho do Conde de Nassau, João VII com a princesa Margarida de Holstein-Sonderburg segundo casamento do conde, donos de terras na Alemanha e na Holanda. Ele passou sua infância em Siegen, Alemanha e estudou em Genebra, na Suíça.
Aos 14 anos ingressou no serviço militar, e aos 16 lutou no exército dos Países Baixos, chegando a participar da Guerra dos 30 anos, que consistia em lutas entre países europeus e povos católicos e protestantes, que deixou 8 milhões de mortos.
Em 1626, Maurício de Nassau foi promovido a capitão e em 1632 iniciou a construção do seu Palácio em Haia, cidade holandesa. Em 1630 a capitania de Pernambuco é invadida pelos holandeses, antes os holandeses tentaram invadir a Bahia, que tinha a capital do país na época, em 1625, mas a invasão não foi bem-sucedida.
Em 1636, a Companhia das Índias Ocidentais, que tinha como objetivo explorar as colônias espanholas da América, inclusive o Brasil, que tinha seus engenhos de açúcar, contratou Maurício de Nassau para comandar o Brasil holandês. Em 1637, Nassau chegou ao Brasil e desembarcou no Porto do Recife, com ele vieram alguns artistas e intelectuais, como o pintor Franz Post e o humanista Elias-Heckman, o astrônomo Marcgraff, o naturalista Piso, e mais 350 soldados.
Com apenas 32 anos o príncipe alemão chegou a Pernambuco com o objetivo de fortalecer o sonhado Brasil holandês conquistado em 1630. Tendo um exército preparado e municiado, Nassau expulsou os hispano-portugueses da região e construiu na cidade de Penedo, em Alagoas, o forte Nassau e trouxe escravos para ajudar na consolidação do Brasil holandês.
Em 1642, Maurício de Nassau já governada de Sergipe ao Maranhão, dois anos antes Portugal já havia se libertado do domínio espanhol e tornou-se aliado da Holanda. No Recife, a convivência entre calvinistas, católicos e judeus era bastante harmônica, inclusive aqui foi construída a primeira sinagoga do Brasil, que fica na antiga Rua dos Judeus, hoje Rua do Bom Jesus.
A relação harmônica fez com que Recife se tornasse um importante centro comercial, importando produtos da Europa e negros da África, bem como exportando açúcar, fumo, couro, algodão, dentre outros produtos.
Já estabelecido na capital pernambucana, Maurício de Nassau decidiu então criar a Cidade Maurícia, ou Mauricea. Em 1642 concluiu a construção do Palácio de Friburgo, que ficava na atual praça da República, e o Palácio da Boa Vista, que seria sua residência de verão. Nassau também construiu alguns fortes, dentre eles o Forte das Cinco Pontas.
Nassau teve como objetivo criar uma cidade semelhante à Amsterdã, construiu diques, drenou pântanos, convocou a primeira Assembleia Legislativa da América do Sul, criou o primeiro serviço de extinção de incêndios da América, instalou o primeiro observatório astronômico do Hemisfério Sul e construiu a primeira ponte do Brasil no local da atual Ponte Maurício de Nassau.
A Companhia das Índias Ocidentais, preocupada com os gastos de Maurício de Nassau e a não cobrança de impostos aos senhores de engenho, viu suas receitas caírem abruptamente e começou a pressionar Nassau, não atendendo seus pedidos de soldados, mantimentos e colonos, o que culminou no pedido de demissão de Maurício de Nassau em caráter irrevogável em 1643.
No ano seguinte, Nassau decide então voltar para a Holanda, mais precisamente para Haia onde tinha construído seu palácio, levando consigo as peças que decoravam o Palácio de Friburgo. Já na Holanda, Nassau foi promovido a general de cavalaria, sendo comandante da guarnição de Wezel. Ele ainda participou das últimas campanhas militares contra a Espanha, em 1674 foi nomeado governador de Utrecht, na Holanda, e faleceu em 20 de dezembro de 1679, em Cleves, na Alemanha, aos 75 anos de idade.
A saída de Maurício de Nassau do comando do Brasil holandês fez com que a Companhia das Índias Ocidentais pressionassem os senhores de engenho por pagamento de impostos com ameaça de confisco de suas propriedades, isso fez com que houvesse uma insatisfação com o domínio holandês, já iniciada em 1642, no Maranhão, ganhando força em 1645 com a Insurreição Pernambucana, liderada por André Vidal de Negreiros, João Fernandes Vieira, Henrique Dias e pelo Índio Poti, mais conhecido como Felipe Camarão. O movimento ficou conhecido como Insurreição Pernambucana.
Após memoráveis batalhas, a do Monte das Tabocas (1645) e dos Guararapes (1649), os holandeses se renderam em 1654, na Campina do Taborda, com a assinatura do Tratado do Taborda, em frente ao Forte das Cinco Pontas.
Apesar da rendição da Holanda e da saída de Maurício de Nassau, o seu legado teve papel importante para Pernambuco. Após a expulsão holandesa, muita coisa foi destruída, como os Palácios de Friburgo e da Boa Vista, pela insatisfação da população com o período holandês, mas a presença de Maurício de Nassau em Pernambuco teve um caráter histórico muito grande para a construção do estado que somos hoje.