Os fatores que permitiram a dificuldade do Palácio
Quando se conversa sobre a situação do governador Paulo Câmara para as eleições de 2018, muita gente faz questão de sublinhar, seja aliado ou opositor, que Paulo é uma figura decente e possui um tratamento cordial, respeitoso e atencioso com qualquer que seja o seu interlocutor e por isso não há nenhum ressentimento de qualquer que seja o político com o governador.
Quem reconhece isso, também faz uma série de avaliações que apontam para a dificuldade que o governador vem enfrentando pra buscar a reeleição e elencam os fatores que culminaram num momento extremamente complexo para o PSB como o atual. Na formatação do secretariado ainda em 2014, o governador errou quando entregou secretarias de porteira fechada a Danilo Cabral, que emplacou a secretaria de Planejamento e a de Agricultura, a Antonio Figueira que emplacou Casa Civil e Saúde, a André de Paula que levou Cidades, Detran e Grande Recife, dentre outros.
Paulo naquela época concentrou o governo em poucas pessoas, desconsiderando a pluralidade da Frente Popular. Foi inconcebível, por exemplo, a decisão de não dar nenhum espaço ao senador Fernando Bezerra Coelho, eleito em sua chapa, pra nomear Thiago Norões, que igualmente de porteira fechada levou Desenvolvimento Econômico e Suape sem nunca ter disputado um único mandato eletivo.
Pouco a pouco, o homem de três milhões de votos fez um governo composto em sua maioria por gente que não tinha voto. Atualmente se observar a formação do secretariado do governador, apenas Nilton Mota, Felipe Carreras e Sebastião Oliveira passaram pelo crivo das urnas. Quem não conhece as urnas fica impossibilitado de fazer a leitura do jogo, pois o que a técnica não resolver, a política vai lá e resolve, já se a política não funcionar não há capacidade técnica que venha conseguir virar o jogo.
As eleições municipais de 2016 mostraram os erros de avaliação do Palácio, que quase sempre apostou nos candidatos que foram derrotados, vide Carlos Santana em Ipojuca, Heraldo Selva e Neco em Jaboatão, Tony Gel e Jorge Gomes em Caruaru, Jorge Alexandre em Camaragibe, Gino Albanez em São Lourenço da Mata, Paulo Roberto em Vitória de Santo Antão, dentre outros. Não era normal o partido hegemônico sofrer tantas derrotas nas eleições municipais. As 70 prefeituras conquistadas pelo PSB não significavam poderio do Palácio, mas sim um inchamento do PSB que foi cultivado por Eduardo Campos durante os anos que governou o estado, mas que no primeiro sinal de tempestade a bolha tende a estourar, como agora.
Muita gente saiu magoada com o Palácio, muitos desejam cobrar a fatura com juros e correção monetária, eles estavam calados porque não vislumbravam outro projeto viável, mas como o Palácio foi atropelado pelos últimos acontecimentos, fruto de uma gestão política equivocada dos últimos dois anos e meio, a debandada tende a ser tão grande que o Palácio demorará muito tempo pra poder entender o que está acontecendo e como foi que se chegou a isso.
Oposição – O vereador do Recife Marco Aurélio, primeiro-secretário da Câmara e o presidente estadual do PRTB Edinázio Silva foram convidados pelo presidente nacional da sigla Levy Fidelix para uma conversa onde serão traçadas as estratégias para que o partido faça oposição ferrenha tanto ao prefeito Geraldo Julio quanto ao governador Paulo Câmara, que foram apoiados pelo partido em 2014 e em 2016.
Candidatos – Além de Ricardo Costa (PMDB) e Luciana Santos (PCdoB), que tentarão a reeleição, mais dois políticos de Olinda tentarão passar pelo crivo das urnas em 2018. O empresário André Siqueira tentará um mandato na Câmara dos Deputados, enquanto Cláudia Cordeiro, primeira-dama da cidade, que tem um importante trabalho social de muitos anos em Olinda, será candidata a deputada estadual.
PMDB – Corre a boca miúda a informação de que Lula Cabral poderá pegar o comando do PMDB do Cabo de Santo Agostinho caso se confirme a ida de Fernando Bezerra Coelho para o partido e a consequente saída de Jarbas Vasconcelos e Raul Henry da sigla. Lula já declarou que não vota de jeito nenhum em Jarbas.
Defesa – O vereador Marco Aurélio, que será candidato a deputado estadual, defendeu publicamente a candidatura de Fernando Bezerra Coelho a governador. Marco é um aliado de primeira hora do senador e está um poço de mágoas com o prefeito Geraldo Julio, com quem vem travando uma batalha publicamente com críticas ácidas ao gestor.
RÁPIDAS
Contramão – O advogado Antônio Campos (Podemos) quer fazer oposição desenfreada ao prefeito de Olinda Professor Lupércio somente porque perdeu a eleição, porém suas críticas não ganham aderência na população, que aprova maciçamente os sete meses de gestão, conferindo a Lupércio o título de um dos melhores prefeitos de Pernambuco.
Unanimidade – Virou praticamente uma unanimidade a avaliação do meio político de que o presidente Michel Temer concluirá seu mandato em dezembro de 2018. O maior risco foi o caso Joesley, se ele não caiu ali, não cairá mais.
Inocente quer saber – Se Lula é um pobre coitado como disse a vida inteira, como a justiça conseguiu bloquear quase R$ 10 milhões dele?