As incoerências de Jarbas Vasconcelos
Com uma trajetória vitoriosa de 74 anos de vida, o deputado federal Jarbas Vasconcelos conseguiu ser tudo o que um político almeja na vida pública, vide ter sido prefeito do Recife, governador de Pernambuco e senador da República. Mas ultimamente suas atitudes parecem ser de alguém que se perdeu no tempo, de quem não sabe o que faz ou o que diz.
Quando o senador Fernando Bezerra Coelho decidiu que ingressaria no PMDB conversou com Jarbas, que prontamente fez rasgados elogios ao senador. Ninguém é ingênuo de achar que FBC estaria deixando o PSB de Paulo Câmara para entrar no PMDB e apoiar a reeleição do governador. Pra ser comandado de Raul Henry, Fernando certamente procuraria outro partido. Portanto, Jarbas sabia quais eram as intenções de Fernando quando decidiu entrar no partido. Então não cabia naquele momento ele rasgar seda para FBC, numa atitude raramente vista, pois Jarbas nunca foi de rasgar seda pra ninguém.
Pouco depois Jarbas mostrou sua verdadeira face quando chamou FBC de traidor e coisa do gênero, porque teve a certeza que estaria perdendo a sua principal moeda de troca, que era o comando do PMDB. Os aliados do deputado trataram de caracterizar a troca de comando do partido como um “estupro”, mas dezenas de políticos e lideranças de todo o estado demonstraram que tal prática era comum no PMDB de Pernambuco. Jarbas e seu grupo com suas atitudes demonstraram que intervenção nos olhos dos outros é refresco, mas nos deles arde.
Além de criticar os outros pelas atitudes que toma corriqueiramente, Jarbas também não tem motivos para querer o PMDB. Por diversas vezes ele já se referiu ao partido como algo podre que não serve para o país. Então por quê ficar num partido que ele não se sente bem? Que ele acha uma quadrilha? É no mínimo contraditório. Jarbas deveria ter um lapso de sinceridade e dizer que o que ele está preocupado não é no fato de perder o PMDB, mas sim o tempo de televisão que ele representa, e dizer publicamente os motivos de ele querer sabotar uma candidatura própria para ser linha auxiliar do PSB de Pernambuco. Seria pelo robusto espaço no governo Paulo Câmara? É bem provável. Jarbas deveria reconhecer que ele está sendo tão pragmático quanto o PMDB que se aliou ao PT em 2010 para ocupar a vice-presidência da República e que ele tanto combateu.
Frouxo – Quando se falou na hipótese de intervenção em Pernambuco, muitos se apressaram em chamar o presidente Michel Temer de frouxo, pois ele não teria coragem de dissolver o diretório estadual do PMDB por conta da história de Jarbas Vasconcelos. Depois que Temer autorizou a degola, Jarbas ficou uma seda para o lado do presidente, pois ele sabe que quem decidiu por esta intervenção foi o presidente, que ele considerava ser frouxo, e por isso votou pela abertura da denúncia levando em conta que Temer não mexeria no PMDB de Pernambuco.
Destino – O vice-governador Raul Henry e o deputado Jarbas Vasconcelos, que buscavam um mandato de federal e de senador, respectivamente, terão que se abrigar em outra sigla. Provavelmente o PSB de Paulo Câmara. Jarbas que já tinha dúvidas de ser candidato a senador, agora tem certeza que não vale a pena, devendo ser candidato a reeleição. A dúvida agora é se Raul fica na vice ou desce para estadual.
Apoio – Em visita a Pernambuco, o ministro das Comunicações Gilberto Kassab esteve ao lado do governador Paulo Câmara para anunciar ações da sua pasta para o estado. Na solenidade ocorrida no Palácio do Campo das Princesas, o ministro de Temer sinalizou que o PSD apoiará a reeleição de Paulo Câmara.
Recurso – O prefeito do Cabo de Santo Agostinho Lula Cabral conseguiu apoio do senador Fernando Bezerra Coelho para destravar uma série de recursos do governo federal, dentre eles uma verba de R$ 2 milhões para fortalecer o turismo da cidade. O encontro entre o prefeito e o senador ocorreu no Centro Administrativo Municipal do Cabo.
RÁPIDAS
Força – Tem impressionado a todos o tamanho eleitoral de Marília Arraes nas pesquisas para consumo interno. Com poucas andanças, Marília já tem dois dígitos nas pesquisas e tem o lado de não estar na Lava-Jato. Se disputar o Palácio, Marília poderá ficar bastante fortalecida na campanha e se preparar para disputar a prefeitura em 2020.
Mapeamento – O Palácio do Campo das Princesas fará um mapeamento completo das lideranças que apoiam Paulo Câmara e o espaço delas no governo. O objetivo é identificar os traidores para puni-los com exonerações e preservar quem está fechado com o governador. Com isso o Palácio espera ter uma tropa mais homogênea e mais fiel.
Inocente quer saber – Qual será o destino do ministro da Defesa Raul Jungmann nas eleições de 2018?