A eleição para prefeito do Recife tem um personagem que será o centro das atenções da disputa e o alvo de todos os adversários, pois haverá uma tentativa de desgastá-lo por tudo que ele representa aqui em Pernambuco. Filho mais velho de Eduardo Campos, João teve seu nome lembrado para disputar um mandato de deputado federal em 2014, inclusive uma planilha de votos chegou a ser feita, porém por intervenções da sua genitora, Renata, o seu pai acabou arquivando o projeto. Também não seria nada bom para um presidenciável a mídia nacional saber que seu filho era candidato a deputado federal em seu estado. Para Renata, o melhor caminho era João se dedicar aos estudos para depois pensar em negócio de política.
Inclusive em 2014, um nome mais próximo de Eduardo Campos foi candidato a deputado federal já com a incumbência de se projetar para a sucessão de Geraldo Julio que ocorreria seis anos depois, que foi Felipe Carreras, esse era o nome que poderia ser trabalhado para 2020. Porém, veio o fatídico 13 de agosto que marcou a política pernambucana, com o acidente que vitimou Eduardo Campos.
A partir dali, as coisas para o nosso personagem tiveram que ser apressadas, pois havia a necessidade de forjar um sucessor de Eduardo na própria família por parte do PSB. João Campos, ainda estudante de engenharia, assumiu a chefia de gabinete do governador Paulo Câmara, candidato escolhido por Eduardo para disputar o Palácio do Campo das Princesas.
A ida para a chefia de gabinete, posto ocupado pelo seu pai no governo do seu bisavô Miguel Arraes, era o pontapé inicial de João Campos para entrar na política. Foi a partir de então que ele teve uma vivência mais próxima com a burocracia política de um governo. Em 2018, o projeto que teria sido em 2014, pôde enfim ser colocado em prática com a candidatura a deputado federal. Com a abertura das urnas, João Campos foi o deputado mais votado de Pernambuco com 460 mil votos, e a marca foi repetida no Recife sendo o majoritário com 70 mil votos.
Felipe Carreras, então nome preparado para suceder Geraldo Julio, perdeu as condições de ser o nome da Frente Popular no Recife, tendo que abrir mão do seu projeto em prol da unidade do PSB, que caminhou a passos largos para que João Campos fosse o nome do partido para a prefeitura do Recife em 2020.
Investido na condição de pré-candidato a prefeito do Recife, é pertinente fazer algumas considerações sobre João Campos. Aos 26 anos de idade, João está longe de ser o mais experiente para governar a capital pernambucana. Fazendo um comparativo com os últimos prefeitos do Recife, nenhum deles tinha a pouca idade do postulante socialista. Geraldo Julio, o atual, assumiu o cargo com 41 anos, João da Costa chegou ao executivo municipal com 49 anos, João Paulo com 48 anos, Roberto Magalhães com 63 anos, Jarbas Vasconcelos assumiu seu primeiro mandato com 43 anos, Joaquim Francisco, com 35, e Gustavo Krause com 33, ascenderam à PCR muito jovens mas foram nomeados pelo regime militar, não passaram pelo crivo das urnas.
A pouca idade é um problema de João para convencer o eleitorado a lhe dar a confiança de ser o sucessor de Geraldo Julio, mas não é o único. Por ser herdeiro político de Eduardo Campos, a exigência do eleitorado e da própria classe política será muito grande em cima do socialista, uma vez que o parâmetro do seu pai é difícil qualquer comparação. Se na eleição proporcional isso ajudou muito, numa majoritária essa comparação inevitável exigirá de João muito jogo de cintura.
Com um momento de pandemia como o que estamos enfrentando, também surgem questionamentos de como seria a postura de João Campos, tão jovem, para enfrentar os problemas da magnitude do Recife? Isso terá que ser discutido pelo jovem deputado, que vai ter que mostrar ao eleitorado que está pronto para ser prefeito do Recife mesmo sendo o mais jovem entre os postulantes.