Nascido em 1779, Joaquim da Silva Rabelo era filho de um tanoeiro português e ingressou no Convento Carmelita em 1795 e foi ordenado frei em 1801, passando a lecionar filosofia, retórica, poesia e geometria.
Ele passou a se chamar Joaquim do Amor Divino Rabelo, e ganhou o apelido de Caneca em homenagem ao seu pai, que fabricava barris de vinhos e também por vender canecas quando criança. O Frei Caneca tornou-se um dos principais intelectuais do Recife naquela época e teve papel fundamental na Revolução Pernambucana de 1817, atuando ao lado do Padre Roma e de outros líderes.
O contexto da Revolução Pernambucana, que também ficou conhecida como Revolta dos Padres, se deu no sentido de que havia uma insatisfação da população com os privilégios dos portugueses, incluindo monopólio e vultosas quantias auferidas com impostos.
Os líderes da revolução preparavam um levante para 4 de abril de 1817, mas o então governador Caetano Pinto de Miranda Montenegro tomou conhecimento da intenção dos líderes do movimento, e mandou prendê-los. Na tentativa de prisão, o capitão José de Barros Lima, mais conhecido como Leão Coroado, matou o oficial português que tentou prendê-lo. O que antecipou o movimento para 6 de março de 1817.
Os líderes tiveram êxito na empreitada, o que culminou na deposição de Caetano Pinto de Miranda Montenegro, que fugiu para o Rio de Janeiro. O movimento reverberou em outros estados nordestinos como Paraíba, Ceará e Rio Grande do Norte. Pernambuco então tornou-se um país naquele momento, que durou 75 dias, tendo um governo provisório.
Até que Recife foi cercado pelo mar e pela terra, quando Frei Caneca e outros revoltosos foram presos e arrastados por correntes até o Porto do Recife. A coroa portuguesa fez questão de expor os prisioneiros para que todos vissem o destino de quem ousasse romper com a coroa. Ao chegar ao Porto do Recife, embarcaram no porão de um navio rumo a Salvador.
Em Pernambuco, alguns líderes da revolução como Domingos Teotônio e o Padre Miguelinho acabaram executados. O Frei Caneca, que escapou da execução, obteve o perdão da coroa quatro anos depois e voltou a Pernambuco em 1821.
Apesar da proclamação da Independência do Brasil em 7 de setembro de 1822, a relação com a coroa portuguesa continuava muito ruim, o que acabou mantendo outros movimentos revolucionários, como a Confederação do Equador em 1824, o que foi considerada para alguns a continuação da Revolução Pernambucana.
O Frei Caneca fundou um jornal em 1823, o Tífis Pernambucano, que tinha um caráter libertário, cuja frase ficou imortalizada: “Quem bebe da minha caneca, tem sede de liberdade”. E teve como objetivo difundir as ideias de liberdade em Pernambuco.
No dia 2 de julho de 1824, os líderes lançaram um manifesto rompendo com o Rio de Janeiro, então capital federal, para a formação de uma república, que foi a Confederação do Equador, Frei Ceneca então começou a publicar as bases para a formação de um pacto social que era o início da constituição do novo estado.
Com influência em outros estados nordestinos, os mesmos que tiveram impacto da revolução pernambucana, a Confederação do Equador começa a sofrer algumas derrotas. Um grupo que disseminava as teses do movimento no interior de Pernambuco ganhou a participação do Frei Caneca, mas encontrou 150 cadáveres em Juazeiro do Norte, e em 29 de novembro de 1824 o grupo é cercado e rendido pelas tropas legalistas.
Frei Caneca, ao lado de outros seis integrantes do grupo revolucionário, é levado para a Casa de Detenção, no dia 25 de dezembro do mesmo ano ficou preso numa sala até 10 de janeiro de 1825 quando teve sua sentença: condenado à forca. Mesmo com vários pedidos de clemência, a corte não aceitou e manteve a sentença. Porém, ninguém quis ser o algoz do Frei Caneca. O comandante então desistiu, trocou a sentença para fuzilamento.
No dia 13 de janeiro de 1825, diante dos muros do Forte das Cinco Pontas, o Frei Caneca e mais onze confederados, dos quais três no Rio de Janeiro, foram executados. Aos 45 anos, Joaquim do Amor Divino Rabelo, o Frei Caneca, encerrou sua trajetória de defesa dos interesses de Pernambuco, entrando para a história como um dos homens mais importantes da existência do nosso estado.