As manifestações por justiça começaram em várias cidades, reunindo milhares de pessoas indignadas com a barbaridade do assassinato de Marielle e o motorista Anderson Gomes. A vereadora é mais uma defensora dos Direitos Humanos que se vai. Infelizmente, nas redes sociais correm comentários que demonstram ignorância do que são os Direitos Humanos e que é esparramada por políticos radicais, por racistas e fanáticos religiosos.
Neste momento, é bom lembrar que os Direitos Humanos não são os direitos dos bandidos, mas sim o direito à liberdade religiosa, à moradia e ao trabalho digno. É o direto de não ser discriminado pelas diferenças, de expressar opiniões, de votar e ser votado. Estes direitos são constantemente violados, especialmente nas regiões mais pobres e vulneráveis do país, onde falta de tudo.
Marielle defendia, na verdade, o Estado de Direito, e não foi apenas um caso isolado. Um trabalho de doutorado da Universidade de Brasília mostra que mais de 24 assassinatos de líderes comunitários aconteceram no país, nos últimos quatro anos. Estes casos não estão concentrados somente no Rio de Janeiro ou na Amazônia. Aqui, em Pernambuco, estes assassinatos vêm ocorrendo e permanecem sem respostas.
Este ano, George de Andrade Lima Rodrigues, líder comunitário de Cabo de Santo Agostinho, foi sequestrado por homens que se passavam por policiais, foi torturado e morto a tiros. Em 2017, Eraldo Lima Costa e Silva, líder do Movimento dos Trabalhadores, foi morto a tiros em seu barraco na Zona Norte do Recife. Em 2016, o líder do MST, José Bernardo da Silva, foi morto pelos ocupantes de uma caminhonete de luxo enquanto caminhava com a sua esposa e sua filha no assentamento de Ibimirim. Outros líderes daqui, como Mauricéia da Silva Dias, líder comunitária do Ibura ou Wigo Messias da Associação de Agricultores de Parnamirim, também estão na lista.
É importante afirmar que não é a defesa dos Direitos Humanos que aumenta a violência, mas sim a falta de respeito deles, é o abandono da educação, da saúde e da segurança pública, é a negação de oportunidades. O que Marielle defendia era o Estado de Direito, a justiça e não a vingança.
Vereador Fábio Barros
Presidente da Câmara do Paulista