Antonio Campos acredita que Marília Arraes terá mais votos que João Campos para federal
O candidato a deputado estadual, Antonio Campos, irmão do ex-governador Eduardo Campos, concedeu uma entrevista exclusiva ao blog abordando o quadro da disputa eleitoral tanto em Pernambuco quanto no plano nacional. Membro da oposição, ele aposta que Marília Arraes terá mais votos que João Campos na disputa pela Câmara Federal e faz outras avaliações com a experiência de quem participou ativamente das campanhas do PSB em Pernambuco.
EDMAR LYRA – Como vê o cenário eleitoral da eleição nacional?
ANTONIO CAMPOS – Acho que o Bolsonaro está se consolidando para ir ao segundo turno. Não acho que a TV e o rádio terão o poder de tirá-lo do segundo turno. O candidato de Lula, Alckmin, Marina e Ciro estão na disputa para ir ao segundo turno.
EL – E a eleição em Pernambuco?
AC – É uma eleição em dois turnos, que com a saída de Marília Arraes da disputa, chegará ao dia 31 de agosto com algum equilíbrio entre os principais concorrentes que são Armando e Paulo, quando começa a campanha no rádio e na TV. Se Paulo souber explorar na propaganda o apoio de Lula pode ter um diferencial importante, inclusive em relação a sua rejeição.
EL – O que pode ser um diferencial?
AC – Armando precisa melhorar o eixo do seu discurso, aproximando mais da população pobre, humanizando mais a sua imagem junto ao eleitor. Precisa estudar juridicamente como vai utilizar a imagem de Lula, que o palanque de Paulo tentará impedir, a não ser que Lula faça autorização expressa, no meu entender. Eduardo teve esse problema no 1º turno de sua primeira eleição e pegou uma autorização de Lula. Quando a pesquisa Datamétrica mostrou que com a saída de Marília Arraes, dois terços do eleitorado migrava para Armando, começou a gestação da candidatura de Rands, que chegou a ser cogitado para vice de Paulo. O PDT que integra a coligação de Rands continua ainda com cargos no governo. O Candidato Júlio Lóssio da Rede não tem boa relação com grupo de Fernando Bezerra. Armando precisa quebrar esse isolamento e ganhar na política. É difícil ajudar quando não se é ouvido, mas apoio Armando para governador. Estive nas últimas seis eleições no Estado. Outro aspecto é que Paulo tem quase 5 minutos de guia e Armando 2,3 minutos. Essa eleição promete emoção até o final. As redes sociais, o jurídico e alguns posicionamentos políticos farão o diferencial. Não vejo o jurídico de Armando engessando o governo Paulo Câmara.
EL – E eleição para o Senado?
AC – A eleição para o Senado geralmente é muito dependente da eleição para Governador e se define nos últimos 15 dias. Há uma possibilidade ainda de Jarbas perder o PMDB. Acho que Paulo faz um senador e Armando ou Maurício Rands outro senador. Acho uma eleição ainda em aberto, embora alguns estejam muito confiantes antes da hora.
EL – Quem terá mais votos Marília Arraes ou João Campos para Deputado Federal?
AC – Os dois serão bem votados, mas acho que Marília terá mais votos.
EL – E sua campanha para Deputado Estadual?
AC – Comecei tardiamente minha eleição para Deputado Estadual ante uma possibilidade de uma suplência para senador. Sou focado e objetivo. Estou concentrando esforços em uma grande plataforma digital, que já está começando e em campanha de rua em Olinda e em 10 núcleos no Estado, afora o voto de opinião e de simpatizantes da família. A partir do dia 20 iniciarei a propaganda maciça divulgando meu nome para Estadual e cinco projetos básicos que defenderei na Assembleia Legislativa, intensificando as caminhadas e visitas.
Antônio Campos diz que Renata não queria candidaturas de Ana Arraes
O advogado e pré-candidato ao Senado Federal Antônio Campos concedeu uma entrevista exclusiva ao blog, onde fala da relação com Eduardo Campos e Miguel Arraes, a sua candidatura a prefeito de Olinda, faz duras críticas à cunhada Renata Campos, e apresenta suas avaliações sobre o cenário político de Pernambuco. Confira na íntegra:
Edmar Lyra – Como era a sua relação com o seu avô Miguel Arraes e seu irmão Eduardo Campos quando eles foram governadores?
Antônio Campos – Minhas relações com Eduardo e Arraes sempre foram boas. Fui escolhido pela minha avó Madalena Arraes para ser Presidente do Instituto Miguel Arraes, o que demonstra um respeito a mim. Fui um conselheiro constante de Eduardo, na política, ele contou comigo nas horas difíceis e fui um irmão leal.
EL – Você decidiu ser candidato a prefeito de Olinda pelo PSB, chegou ao segundo turno, o que faltou pra vencer a eleição?
AC – Essencialmente, o trabalho do PSB estadual na reta final da campanha contra a minha candidatura, ajudando Lupércio na política e de outras formas, de forma não pública. Errei ao não denunciar isso na reta final da campanha.
EL – Eduardo Campos foi governador e saiu com 90% de aprovação, por que Paulo Câmara não consegue repetir o desempenho dele? O que falta ao governador?
AC – Falta liderança e capacidade de fazer política. Falta gestão também. O palanque de Paulo Câmara está em vias de se reduzir. Tenta uma tábua de salvação com o PT. É improvável essa aliança, porque é mais provável que o PSB nacional libere os estados a fazer suas alianças, ficando sem candidato nacional no primeiro turno, o que inviabiliza uma coligação em Pernambuco.
EL – Recentemente você disse numa entrevista que Renata Campos tinha cargos no governo, poderia nominar algumas pessoas?
AC – Renata possui diversos cargos familiares e não familiares na Prefeitura do Recife e no Governo do Estado e preferia não nominar apenas alguns. No momento certo e em breve, mostrarei a extensa relação completa.
EL – Você tinha uma boa relação com Renata quando Eduardo era vivo? Por que hoje ela é tão desgastada?
AC – A relação de Renata com meu pai e com os Campos sempre foi difícil. Eduardo equilibrava. Renata não queria minha mãe Deputada e nem Ministra. A vontade de Eduardo prevaleceu.
EL – Você acredita que um eventual segundo governo de Paulo Câmara será melhor ou pior do que o atual?
AC – Pior. Paulo demonstrou ser ruim na política e na gestão.
EL – Na sua avaliação, os atuais integrantes do Palácio possuem humildade?
AC – Os funcionários de carreira e os garçons do Palácio.
EL – Se você fosse traçar um perfil da sua cunhada Renata Campos, o que você diria?
AC – Uma pessoa inteligente intelectualmente, com baixa inteligência emocional e que para ela o mundo é a família Andrade Lima. A vida é uma questão familiar. Tem uma grande sede de poder. Eduardo a ouvia, mas quem decidia era ele.
EL – Por falar em Renata, por que você falou que iria desmascará-la? Ela fez algum mal a você?
AC – Renata foi quem deu a ordem a Geraldo Júlio e esse orquestrou o PSB para boicotar minha campanha em Olinda. Ela comemorou a minha derrota eleitoral em Olinda. Acho isso inusitado.
EL – A ministra Ana Arraes ainda tem algum tipo de relação com Renata? Você falou que elas se falaram no máximo seis vezes…
AC – Claro que tem, mas a relação familiar poderia ser melhor e ela (Renata) dificulta a relação com os netos.
EL – Qual será seu futuro político? Pretende disputar o Senado na chapa de Armando Monteiro?
AC – Sou pré-candidato ao Senado Federal pelo Podemos, pela vontade da nacional e de Álvaro Dias. Já tive convite de outro partido, mas a principio não aceitei. Agora, vai depender minha candidatura do conjunto das oposições, em Pernambuco, querer. O grande problema do G4 é de um melhor posicionamento político, daí minha prima Marilia Arraes está bem nas pesquisas. Poderia ajudar o G4 nesse discurso que o Palácio faz que é a turma do Temer.
EL – Você acredita que Fernando Bezerra Coelho comandando o MDB abrirá mão de ser candidato a governador?
AC – Não. Se ele resolver o PMDB, que acho que vai resolver e o PMDB tiver candidato a Presidente, ele será candidato.
EL – O que um novo governador poderá fazer diferente do que Paulo Câmara está fazendo?
AC – Um novo modelo de gestão e uma forma diferente de fazer política, com mais diálogo.
EL – Como você avalia esses primeiros 15 meses do prefeito Lupércio?
AC – Um governo que representa a continuidade da gestão de Renildo Calheiros, sem transparência e que inchou ainda mais a máquina pública, inclusive ultrapassando o limite de gasto com pessoal da Lei de Responsabilidade Fiscal. Tirando alguns serviços da secretaria de obras, não há avanços. A cidade precisa de um modelo diferente de gestão. A cidade está cheia de propaganda da esposa de Lupércio candidata a Deputada Estadual, que é o seu foco esse ano.
EL – Você pretende disputar novamente a prefeitura de Olinda?
AC – Não digo que dessa água não beberei e não descarto a hipótese.
EL – Você falou que havia uma missão a ser cumprida entrando na política, essa missão foi cumprida? Se não, o que faltaria para cumpri-la?
AC – A minha missão é não deixar que o legado de Arraes e Eduardo Campos fiquem em mãos indevidas e avançar ainda mais em servir o povo pernambucano.