Os desafios da postulação de Marília Arraes
A deputada federal Marília Arraes deixou o PT para ingressar no pequeno Solidariedade e consequentemente colocar-se na disputa pelo Palácio do Campo das Princesas. Com o término do prazo de filiações não levou nenhum deputado federal de mandato para o seu partido, e conquistou Gustavo Gouveia, Fabíola Cabral, Fabrizio Ferraz e Wanderson Florêncio, tirando o partido do zero na Alepe e levando para quatro representantes. Sendo duas baixas no palanque de Danilo Cabral e duas no palanque de Miguel Coelho.
Apesar do furor em relação a Marília, é precipitado fazer qualquer comparação entre o projeto da pré-candidata do Solidariedade e o do seu primo Eduardo Campos em 2006. Ambos são netos de Miguel Arraes, mas o caminho percorrido pelos dois é completamente distinto. Eduardo tinha sido deputado estadual, secretário da Fazenda, deputado federal por três mandatos, presidente nacional do PSB e ministro da Ciência e Tecnologia. Uma vasta experiência que o credenciava para a disputa.
Apesar de ter entrado como azarão naquela ocasião, Eduardo teve o apoio de PSB, PDT, PP, PL e PSC na época, e de nomes como Guilherme Uchoa, Fernando Lyra, João Lyra Neto, José Queiroz, Inocêncio Oliveira, Eduardo da Fonte, Fernando Bezerra Coelho e outros com grande capacidade política para alavancar seu projeto. Eduardo era o queridinho de Lula, enquanto Marília é tida pelo ex-presidente como alguém que não merece seu apoio nem sua confiança.
Diferentemente de Eduardo, que fez uma elogiada passagem pelo ministério da Ciência e Tecnologia, a única experiência administrativa de Marília Arraes no executivo foi como secretária de Juventude da primeira gestão de Geraldo Julio, cuja passagem até hoje foi bastante criticada por não ter dado conta de uma pasta sem muita relevância nem muitos problemas para gerir. A própria disputa pela prefeitura do Recife, protagonizada por ela e seu primo João Campos, denotou pouca capacidade de debater os problemas do Recife, tanto que João mesmo sendo bem mais jovem que a prima, foi mais convincente nos debates e ganhou a eleição. Marília indiscutivelmente tem a grife de Arraes para alavancá-la, mas isso não é suficiente para lhe manter em rota de crescimento e competitividade a ponto de se tornar pule de dez para ganhar a eleição como alguns pensam.
Mulher – O MDB tem a sua grande aposta no segmento feminino para a Câmara dos Deputados. A fisioterapeuta Iza Paula Arruda, filha do prefeito de Vitória de Santo Antão, Paulo Roberto, poderá ser eleita na chapa do MDB para deputada federal. Seu pai obteve mais de 40 mil votos em 2018, elegeu-se prefeito em 2020, e agora pretende elegê-la em dobradinha com Joaquim Lira (PV) para representar Pernambuco em Brasília. Alguns apostam que ela pode ter acima de 80 mil votos.
Federal – O presidente da Assembleia Legislativa de Pernambuco, Eriberto Medeiros (PSB), tem dado sinais de que pode ser candidato à Câmara dos Deputados em outubro. A decisão pode se concretizar porque ele não terá outro momento semelhante para chegar em Brasília.
Inocente quer saber – Há possibilidade de entendimento entre Raquel Lyra e Marília Arraes?