Com a posse de Luciana Santos como vice-governadora nesta terça-feira, o deputado federal eleito Fernando Monteiro assumirá o mandato na Câmara dos Deputados por pelo menos um mês. Na Assembleia Legislativa de Pernambuco três parlamentares serão empossados, Terezinha Nunes, Gustavo Negromonte e Cássia do Moinho, que entram no lugar de Nilton Mota (Casa Civil), Aluísio Lessa (Ciência e Tecnologia) e Rodrigo Novaes (Turismo), respectivamente.
Coluna Gazeta Nossa edição 170.
PT e PTB precisam entregar os cargos.
Após a entrega dos cargos que detinha no governo federal o PSB se desprendeu do PT para viabilizar a pré-candidatura de Eduardo Campos à presidência da república. Em Pernambuco já está cristalino como a água que o PSB terá candidato próprio a governador de Pernambuco, naturalmente mandando o senador Armando Monteiro e o PTB para a oposição, o mesmo ocorre com o PT. Em 2012 o partido dos trabalhadores detinha a prefeitura do Recife e acabou perdendo para o PSB. Mesmo assim preferiu continuar integrando o governo do PSB tanto na PCR quanto no nível estadual. PT e PTB já foram empurrados pra oposição e ainda não se deram conta. Os projetos deles são antagônicos ao projeto do PSB, o que justifica o rompimento imediato das duas siglas com Eduardo, sob pena de ficarem desmoralizados e carregarem a pecha de oportunistas e apegados a cargos em vez de detentores de projetos viáveis para desenvolver o estado de Pernambuco em faixa própria. A candidatura do senador Armando Monteiro a governador pelo PTB é praticamente fato consumado, e deve contar com o apoio do PT para tentar viabilizar este projeto. Além deles, devem seguí-los o PP do deputado Eduardo da Fonte, o PSC do deputado Silvio Costa e o PROS do deputado José Augusto Maia. Algumas legendas menores também podem embarcar neste projeto. Mas é preciso reiterar que ele só terá condições de fazer frente ao projeto do PSB estadual se a ruptura com os socialistas for imediata.
Fernando Bezerra Coelho – Mais uma vez o agora ex-ministro ganhou força pra ser o candidato do PSB a governador. Largar a Integração Nacional, sobretudo no ritmo que FBC vinha, é um sinal claro que ele só fez isso pra disputar o governo de Pernambuco com o aval de Eduardo.
Chapas – Considerando o novo rearranjo político local, a frente liderada pelo PSB deve eleger 18 deputados federais, já a liderada pelo PTB deve emplacar 6. Vale lembrar que serão apenas 24 deputados federais eleitos em 2014. Os números podem mudar de acordo com as alianças que podem ser celebradas daqui pra junho do ano que vem.
PSB – A aliança celebrada entre Eduardo Campos e Marina Silva visando 2014 surpreendeu a todos. Foi uma das jogadas mais inteligentes da história da política brasileira. Marina não viabilizou a Rede e poderia migrar pra uma sigla pouco representativa, com pouco tempo de televisão iria desidratar e sair menor do que entrou.
PSDB – Conforme antecipado nesta coluna o PSDB deve mesmo integrar a coligação que sustentará a candidatura do PSB a governador. Resta saber como ficarão os deputados Daniel Coelho, Betinho Gomes e Terezinha Nunes que fazem dura oposição ao PSB na Alepe.
O mote da chapa Eduardo e Marina.
Após a decisão da ex-senadora Marina Silva se filiar ao PSB, muitos atores políticos ficaram atônitos e uma série de especulações surgiram sobre quem encabeçaria a chapa presidencial. Alguns fomentam a tese de que Eduardo Campos abdicará da candidatura para que o PSB lançasse a ex-senadora como candidata a presidente, outros questionam as razões da ex-senadora se filiar ao PSB que já possuía um pré-candidato em vez de migrar para o PPS ou o PEN, partidos que ofereceram legenda para ela disputar em 2014.
O fato é que o PPS é um partido que tem atacado sistematicamente o PT e os governos Lula e Dilma. Marina foi ministra de Meio Ambiente de Lula, assinar a ficha de filiação ao PPS seria afrontar o seu histórico político, além do mais, o PPS é uma legenda considerada nanica, sem grande representatividade no país.
O PEN não teria a mesma problemática do PPS, mas é de até menor tamanho do que a sigla pós-comunista, o que daria pouco tempo de televisão e pouca musculatura a uma eventual candidatura de Marina pela sigla. Além do mais, em ambos os casos, se não conseguisse ampliar o leque de alianças, estaria fadada a uma desidradação que poderia deixar-lhe menor do que entrou.
A aliança com Eduardo Campos dentro do PSB pode atrair uma série de partidos simpáticos aos dois líderes políticos. Uma vez que o DEM e o PPS, parceiros inseparáveis do PSDB de Aécio Neves, em 2014 pretendem seguir um novo rumo e podem desembocar na candidatura do PSB. Enquanto os partidos da base governista podem migrar para um novo projeto e tentar maior espaço num eventual governo do PSB.
Por fim, o principal mote. Em 2010 ele até chegou a ser ensaiado pelo PSDB mas houve recuo. Naquela eleição o PSDB pretendia colocar José Serra na presidência e Aécio Neves na vice-presidência, que acabou não se consumando, então decidiu colocar o senador Alvaro Dias como vice de Serra, que também não se consumou numa chapa puro-sangue e acabou tendo o desconhecidíssimo Indio da Costa (DEM) que em nada agregou ao projeto do PSDB.
Qual seria o mote? Com 32 siglas partidárias, a população está cada vez mais personificando o voto, em vez de partidarizá-lo, então é muito mais interessante um projeto com presidente e vice-presidente conhecidos e tarimbados do que um presidente conhecido e um vice que ninguém sabe de onde veio.
O PSB pode muito bem utilizar o mote de ter Eduardo Campos presidente e Marina Silva vice-presidente como algo diferenciado na política. Ter uma chapa com nomes conhecidos da política nacional traz credibilidade, e na ausência do titular, o povo brasileiro saberá que o país está em boas mãos sendo assumido pela vice. Vale salientar que em menos de 30 anos já tivemos dois vice-presidentes que acabaram assumindo o governo, o primeiro foi José Sarney com o falecimento de Tancredo Neves e o segundo foi Itamar Franco com o impeachment de Fernando Collor.
Na atual conjuntura, a linha sucessória brasileira está da seguinte forma: Dilma Rousseff, depois Michel Temer, depois Henrique Eduardo Alves, depois Renan Calheiros, por fim Joaquim Barbosa. Qual brasileiro gostaria de dar o comando dos seus rumos para pessoas como Michel Temer, Renan Calheiros e Henrique Eduardo Alves?
Então, além do charme de ter uma mulher com a história de Marina Silva na chapa, oa parte dos seus 20 milhões de votos lhe acompanhando e uma cara nova como Eduardo Campos disputando a presidência da República, a chapa do PSB ganha mais um mote para se diferenciar dos demais projetos, principalmente o do PT.
Armando Monteiro e a sobrevivência política.
Não é novidade pra ninguém a pretensão do senador Armando Monteiro de disputar o governo de Pernambuco. Ele foi obrigado a adiar por duas vezes esse projeto. Em 2006 pra apoiar Humberto Costa e em 2010 pra apoiar Eduardo Campos. Na última acabou se elegendo senador, e desde que foi eleito que trabalha incansavelmente para viabilizar sua candidatura ao Palácio do Campo das Princesas.
Ele esperava ser o escolhido por Eduardo Campos, condutor da sua sucessão, mas acabou sendo atropelado pelos fatos. Primeiro a candidatura do socialista a presidente, segundo a intenção do PSB de continuar encabeçando a Frente Popular e o maior baque foi o final do prazo de filiações, tanto em nível local quanto nacionalmente.
Armando começou o processo de filiação até com grande articulação, dando destaque para a ida de Romário Dias e Ricardo Teobaldo para o PTB em vez de migrarem para o PSB como se era esperado. Tentou atrair outras lideranças, dentre elas os deputados Tony Gel e Raimundo Pimentel. O primeiro acabou se filiando ao PMDB, enquanto o segundo preferiu continuar no PSB.
Para o pleito de 2014, Armando vê seu leque de alianças restrito ao PTB, PT, PP, PSC e PROS. Juntos, esses partidos possuem pouco tempo de televisão e apenas PTB, PT e PP têm densidade eleitoral.
O fato é que não cabe todo mundo num lado só. Coube a Armando esse papel inglório de oposição a um projeto vitorioso, que ele inclusive fez parte, acreditando numa catástrofe na Frente Popular para ele poder ter alguma chance.
Armando Monteiro deve e precisa ser candidato para se tornar uma liderança política mais forte do que já é. Mesmo tendo poucas chances de vitória, se consolidará como principal opositor do eduardismo em Pernambuco.
Eduardo e Marina: A aliança de 40 milhões de votos.
Hoje o governador Eduardo Campos e a ex-senadora Marina Silva anunciaram uma decisão que tem reflexo impactante nas eleições de 2014. Como sabemos, Marina não conseguiu viabilizar a sua Rede Sustentabilidade e tinha a opção de se filiar a alguma legenda para ser candidata à presidência da República no ano que vem. Mesmo diante da possibilidade de optar por uma legenda e disputar de certeza, ela optou pelo caminho de se filiar ao PSB, que já possui um pré-candidato colocado, que é o governador de Pernambuco.
Tal decisão, apesar de ser surpreendente, mostra a visão sistemática de uma eleição presidencial da parte de Eduardo Campos e também de Marina Silva. Se Marina anunciasse hoje que estaria fora do pleito presidencial o jogo iria zerar e Dilma Rousseff voltaria ao status de favorita à reeleição. Se optasse por um partido sem candidato teria que justificar sua ida a todo momento e consequentemente prejudicaria seu voo.
Era previsível que tendo quatro candidaturas colocadas alguém teria que desidratar e a mais propensa a isso era a própria Marina, que novamente disputaria a presidência e naturalmente deixava de ser o fato novo da eleição. Sem uma estrutura de palanques e tempo escasso de televisão ela corria riscos de ceder terreno para os outros três candidatos.
O grande fato novo da eleição já tinha nome e sobrenome: Eduardo Campos. Certamente Marina se deu conta disso quando tomou essa decisão. Sua saída do jogo e consequente colocação de apoio ao projeto do PSB aglutina parte consideravel do seu eleitorado para o projeto do PSB, o inverso não ocorreria.
Muitos perguntarão como alguém com 26% de intenções de voto abre para alguém que possui apenas 8%? Certamente é porque ela sabe que existe um recall para ela e que dificilmente existiria um potencial de crescimento para a mesma, tendo grandes chances de desidratação quando o jogo começasse pra valer. O nome que possui apenas 8% pode chegar a 26% quando se tornar conhecido, principalmente se houver uma campanha competente.
Hoje, Marina e Eduardo possuem juntos 34% das intenções de voto, considerando o cenário do último Datafolha que dá um total de 85% de intenções de voto e um universo de 15% de indecisos, brancos e nulos, chegamos a conclusão que Eduardo e Marina juntos têm uma partida de 40 milhões de votos, que nas primeiras sondagens tendem a diminuir, porque o voto de Marina deve se pulverizar um pouco, mas como ela continuará no projeto, boa parte deve migrar para Eduardo. Se ela conseguir levar metade das suas intenções de voto pro governador do PSB, a candidatura já apareceria com 21% das intenções de voto e desbancaria Aécio Neves, candidato do PSDB.
A união de Eduardo e Marina é uma espécie de aliança estratégica que consolida uma alternativa de poder à dicotomia PT x PSDB que se instaurou nas últimas cinco eleições presidenciais.
Está criada a Frente Sustentável Brasileira, que pode atrair os insatisfeitos da base governista e os que não acreditam no projeto do PSDB como oposição. Eduardo jogou sua rede e pescou uma sereia que pode lhe dar a presidência da República.
Armando filia lideranças e dá entrevista a Geraldo Freire.
No dia em que filiou seis novas lideranças ao PTB – dentre elas o deputado estadual Adalberto Cavalcanti – fortalecendo a legenda para as eleições 2014, o senador Armando Monteiro voltou a defender o livre debate dos projetos necessários para que Pernambuco continue a crescer nos próximos anos.
Ao participar de entrevista ao programa de Geraldo Freire, na Rádio Jornal, no Recife, Armando falou sobre os grandes desafios do Estado em áreas como educação e infraestrutura.
Para o senador, com as conquistas dos últimos anos, o pernambucano passou a ter mais ambição em relação ao seu futuro. “Porque, ao mesmo tempo em que ele percebe que Pernambuco evoluiu muito na última década, é justo que ele tenha mais ambição e que ele queira fazer com que Pernambuco realize muito mais nos próximos anos. É este o debate que nós temos feito”, diz.
Além de Adalberto Cavalcanti, o PTB filiou nesta segunda-feira (30) aos seus quadros lideranças como Rodrigo Dias (filho do ex-deputado Romário Dias); o empresário Giney Francisco, de Carpina; o médico e ex-vereador de Jaboatão Ricardo Moraes; o comunicador Edeilson Lins; e o empresário da área de publicidade Aguinaldo Viriato de Medeiros.
Veja abaixo os principais trechos da entrevista a Geraldo Freire:
Experiência executiva de Armando
Armando Monteiro –“Este debate sobre gestão é um bom debate e nos remete a considerações interessantes. Por exemplo, do ponto de vista privado, eu tive 35 anos atuando em Pernambuco em áreas muito difíceis, como por exemplo a da indústria de bens de capital na região. E tenho uma longa vivência na área de gestão. Tenho colaborado inclusive com Pernambuco, e isto é público. O vice-governador João Lyra, o governador Eduardo Campos, já disseram publicamente, há registros, de que quem fez a aproximação do governo do Estado de Pernambuco com o INDG (Instituto de Desenvolvimento Gerencial) e com o Movimento Brasil Competitivo, fomos nós. Ou seja, este modelo que está em curso em Pernambuco nós demos uma contribuição decisiva para que pudesse ser implantado. É um modelo que tem o Dr. Vicente Falconi como consultor e grande expert, hoje reconhecido internacionalmente, e Dr. Jorge Gerdau como grande animador deste Movimento Brasil Competitivo”
Modelo de gestão de Pernambuco
Armando Monteiro –“O que é que se traduz neste modelo que Pernambuco adotou? Conceitos elementares de gestão. Por exemplo, quem não mede não gerencia. Eu só posso saber se tenho resultados se tiver uma métrica para medir estes resultados. Como é que se dá o processo de monitoramento dos programas, em todas as áreas? Que indicadores nós devemos construir? Por exemplo, quando fui presidente da Confederação Nacional da Indústria ( CNI), há uma figura decorrente deste modelo em Pernambuco que se chama Mapa da Estratégia. Em 2005, nós introduzimos na CNI o chamado Mapa Estratégico da Indústria, que tem como base uma metodologia que é o BSC, o Balance Score Card, que nada mais é do que uma forma de construir indicadores para medir os resultados da gestão”.
A situação das estradas
Armando Monteiro – “Há um quadro realmente que coloca Pernambuco em uma posição de desvantagem. Há um estudo recente de competitividade da unidade de inteligência da revista The Economist, que faz uma avaliação da competitividade de todos os estados brasileiros, e coloca Pernambuco no grupo mais baixo do estudo em relação à situação especificamente das estradas. E eu lembro também que o Banco do Nordeste, em 2010, publicou um estudo sobre a malha viária de Pernambuco, e coloca o Estado também na penúltima posição. A última é Sergipe, a penúltima é Pernambuco. Então é um dado de realidade, nós não estamos fazendo aqui um juízo de valor. É um juízo de realidade. É claro que não se pode endereçar ao governo, ao último governo… Há um passivo que também se acumulou nesta área e evidentemente não se pôde resolver, não se pôde equacionar. Então há sim hoje uma visão de que Pernambuco tem nesta área uma deficiência grave, do ponto de vista de custos sistêmicos. A infraestrutura e o setor viário de Pernambuco precisam avançar, precisa ser requalificado de forma ampla, e isto exige um esforço grande de investimentos. Por exemplo, quando a gente fala da reta de Ibimirim, isto é uma pendência que se arrasta em Pernambuco há décadas, e o Estado atuou diante de certas prioridades que se colocaram. Agora, eu não estou dizendo que não há responsabilidades, eu estou dizendo que o quadro que se acumulou, a situação decorre de uma ação mais efetiva ao longo de décadas. A BR-232, primeiro, não foi entregue, não foi aceita pelo contratante, que foi o Governo de Pernambuco, porque há uma discussão, há um contencioso, entre a empresa que executou e o Governo do Estado. Portanto, ela não foi entregue e precisa de um plano de manutenção. E este plano de manutenção envolve recursos expressivos por ano. Então, é uma situação que nós temos de equacionar”.
A agenda do Brasil e de Pernambuco
Armando Monteiro –“É justo que se discuta permanentemente uma agenda para o Brasil. Todo mundo pode discutir o problema da educação no Brasil. Quem é que pode desconhecer que um dos maiores desafios do Brasil é o nosso sistema educacional? E aí tem que se discutir isto. O que fazer para melhorar? Como avançar nesta área? Em Pernambuco, por exemplo, nós temos o IDEB (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica). Quando a gente avalia o quadro da educação em Pernambuco nós temos uma posição relativa que ainda é ruim, em que pese os grandes avanços que ocorreram. Mas, no último IDEB, quando você pega ensino fundamental, anos iniciais e anos finais, e ensino médio, Pernambuco tem a 18ª posição, a 22ª e a 16ª, em cada uma destas áreas. Ainda é uma posição ruim. Enquanto isto o Ceará tem, nestas mesmas áreas, a 12ª posição nos anos iniciais do ensino fundamental, a 7ª nos anos finais e a 8ª no ensino médio. É um dado de realidade. Nós melhoramos? Melhoramos ao longo dos últimos anos, mas precisamos avançar mais. Isto é uma posição relativa. Você pode andar depressa, mas se alguém andar mais depressa que você a sua posição relativa piora. Este tema (a educação) no Brasil e em Pernambuco não há como deixar de se discutir”.
O crescimento do Brasil e de Pernambuco
Armando Monteiro –“Em relação ao Brasil, Pernambuco cresceu mais, mas cresceu mais ou menos em linha com o Nordeste. Não cresceu mais do que o Nordeste. Cresceu em linha. No último ano crescemos menos do que o Ceará e do que a Bahia. E este ano o estudo que foi divulgado do índice de atividade econômica do Banco Central, relativo ao primeiro semestre, coloca Pernambuco novamente na terceira posição. A Bahia cresce 6.1%, o Ceará cresce 3.4% e Pernambuco 1.8% neste índice correspondente ao primeiro semestre, divulgado pelo Banco Central do Brasil. E no ano passado nós crescemos menos do que a Bahia e o Ceará. É evidente que se poderá dizer, isto é um ano, um ano e meio. Mas o fato é o seguinte: Pernambuco cresceu mais do que o Brasil, cresceu mais ou menos em linha com o Nordeste, e no último ano e neste semestre tem crescido menos do que a Bahia e o Ceará. Eu estou me baseando, por exemplo, em estudos como o da Ceplan (Consultoria Econômica e Planejamento), que tem gente muito qualificada nesta análise. Eu acho que tem uma explicação técnica, que é uma espécie de hiato de produto. O que é que significa isto? As grandes obras que afetam o PIB, mesmo quando estão em implantação. Você está construindo uma fábrica, tem muita gente, aquilo entra no cálculo porque entra no nível da atividade da construção civil. Mas as obras vão terminando e aquela unidade ainda não produz. Então você tem uma desaceleração, porque o ritmo da obra já diminuiu, e você não tem ainda o produto. Um exemplo é a refinaria. Você já está em um estágio a esta altura de quase 80% de índice de implantação e ainda não produziu nada. Portanto, há um momento em que há este hiato. Você não terminou ainda a obra, mas já está empregando menos na obra e ao mesmo tempo não tem o produto ainda. Então eu acho que este é um momento em que isto afeta negativamente. Eu acho que para este desempenho de 2013 contaram negativamente a construção civil e um pouco também a indústria de transformação”.
O PTB se afastará da gestão Eduardo?
Armando Monteiro – “Me deixe contextualizar. Primeiro eu não fiz críticas à gestão, eu não enderecei todo este passivo que nós temos a uma gestão. Eu destaquei inclusive os avanços que foram obtidos, por exemplo, no plano da própria educação. Mas acho que todo mundo tem de debater Pernambuco. Por que não? Pernambuco tem que olhar para frente. Pernambuco, ao mesmo tempo em que reconhece o que possa ter havido de positivo nesta gestão, e tem muitas coisas, tem que pensar nos desafios que se colocam para o futuro. Porque, veja, este impulso que nós tivemos sobre a economia, se nós não continuarmos a promover ações estruturantes e ações bem planejadas, Pernambuco vai perder este impulso.
Os grandes projetos estruturadores, refinaria, FIAT, as plantas petroquímicas e a indústria naval, se você não fizer uma melhor articulação disto com a base industrial existente no Estado, para aproveitar, para internalizar, multiplicar os efeitos disto na economia de Pernambuco, o que pode acontecer é este processo vazar para outros estados. Por exemplo, no caso da FIAT, se nós não cuidarmos da infraestrutura e de algumas questões urgentes, vai haver um vazamento deste efeito para a Paraíba, o que já está tendo”.
Os desafios de Pernambuco
Armando Monteiro –“Há um longo desafio pela frente ainda, da infraestrutura, da capacitação e qualificação de recursos humanos, na questão das ações para interiorizar, para distribuir melhor o desenvolvimento espacialmente. Por exemplo, o pernambucano do Sertão tem um terço da renda do pernambucano da área metropolitana. Então, há grande concentração da atividade econômica na área metropolitana. Agora, vamos reconhecer o seguinte: quando o governador induziu a localização da FIAT em Goiana foi uma ação inteligente para promover uma desconcentração do desenvolvimento. Porque antes a FIAT ia lá também para Suape, para áreas próximas de Suape. Agora, quando eu faço estes registros, das insuficiências, do longo caminho que temos a percorrer, é um debate que Pernambuco tem que ter em conta. E eu digo que tem sempre duas posições perigosas, uma é a dos pessimistas, dos céticos, dos que negam tudo, dos que ficam só criticando. E a outra é dos que acham que Pernambuco já ingressou no “clube dos ricos”. Não. Nós temos um longo caminho a percorrer. Sabe qual é a renda do pernambucano em relação à renda do brasileiro? É metade. Em relação à renda do brasileiro do Sudeste é um terço. Então nós temos um longo caminho ainda a percorrer. Isto é o que eu tenho dito. Não é mais a questão de discutir qual é a parte que cabe a cada governo, mas discutir os desafios que Pernambuco tem pela frente. O pernambucano passou a ter mais ambição ainda, legítima ambição, em relação ao seu futuro. Porque ao mesmo tempo em que ele percebe que Pernambuco evoluiu muito na última década, é justo que ele tenha mais ambição e que ele queira fazer que Pernambuco realize muito mais nos próximos anos. É este o debate que nós temos feito”.
É justo ter projetos próprios
Armando Monteiro – “Com a reeleição do governador abre-se um novo ciclo na política pernambucana. Porque o que nós pactuamos nesta frente é estarmos juntos na medida do possível. Mas na medida em que o governador se reelege, e agora ele não pode mais disputar reeleição, então é justo que os partidos que integram esta frente discutam este processo e também aspirem ter projetos próprios. Por que teria que ser necessariamente do PSB o candidato à sucessão? Isto é um direito natural? É um direito divino? É mais uma imposição do que circunstância? Não. Eu acho que é justo que se discuta isto, como entendo que o PSB pode ter um candidato, o PT pode ter um candidato, o PTB pode ter um candidato. Por que não? Ora, se no plano nacional nós estamos na base de Dilma, inclusive o PSB, Dilma é candidata à reeleição e o PSB se permite, no que é legítimo, discutir uma candidatura própria, mesmo sendo Dilma candidata à reeleição, por que é que em Pernambuco, já tendo sido reeleito o governador, não seja razoável que um outro partido da Frente não possa discutir isso?”
Assédio às bases do PTB
Armando Monteiro –“Eu tenho dito o seguinte, quando me perguntam sobre este assédio às bases, que é um cerco de carinho. Veja, eu não quero chegar a este ponto, agora sei que os jornais anunciam que tem deputados que estão saindo do partido e indo direto para o PSB. É algo que você deve imaginar estranho. Quer dizer, você tirar um deputado que já é da base aliada para levar para o PSB, é um movimento que fica parecendo a todos um movimento hostil. Não é um movimento que seja caracterizadamente de aliado. Portanto, estamos analisando estes dados, processando e, no momento próprio, vamos dizer, tomar o nosso caminho”.
Posicionamentos do PTB
Armando Monteiro –“Eu sempre sublinhei uma posição nossa, que é de independência. Lembrem-se que, quando houve aquele episódio da PEC da Assembleia… Geraldo às vezes me fez, no rádio, uma indagação: ‘Olha, estão dizendo aí que vocês (do PTB) vão romper com o governo’. Eu disse a Geraldo: ‘Eu sou um aliado, não sou subordinado’. O aliado é aquele que tem que ser leal, mas tem a sua independência, pode discordar em determinadas circunstâncias, como discordei naquele episódio da PEC”.
Parcerias bem sucedidas com o governo federal
Armando Monteiro – “Eu sempre fiz em toda a minha caminhada em Pernambuco, e há registros de todas as rádios do Estado, reconhecimento ao governo. Agora, eu sempre digo o seguinte: Pernambuco teve a felicidade de fazer uma parceria com o governo federal muito bem sucedida, que foi valorizada pela competência e pela capacidade de articulação do governador Eduardo Campos. Mas foi essa feliz circunstância, de ter um governo federal sempre disposto a apoiar Pernambuco. Não há um único desses grandes projetos que não tenham na origem uma decisão do governo federal. Agora, a capacidade de Pernambuco de poder reagir rapidamente, de apresentar os projetos, de poder se articular com competência que ocorreu no governo Eduardo Campos, isso valorizou essa parceria e nos permitiu colher esses resultados. Mas, veja, na Refinaria Abreu e Lima, ainda no governo Jarbas, houve a decisão, contrariando interesses de estados aqui do Nordeste, e o presidente Lula bancou (a escolha de Pernambuco). As plantas petroquímicas foi uma decisão no âmbito da Petrobras, especificamente dentro da Petroquisa. A ideia de desconcentrar a indústria naval foi uma decisão do presidente Lula, uma decisão típica de política industrial. Qual é o cliente desses estaleiros, o único cliente deles? A Petrobras. E foi a Petrobras que induziu esse movimento, de dizer: ‘Vamos inaugurar estaleiros novos no Rio Grande do Sul, em Pernambuco etc.’ Quando se define a localização da Hemobrás, é uma decisão política. Quando a Fiat vem para o Nordeste, tem o regime automotivo do Nordeste, que confere incentivos fiscais para que essas unidades pudessem ir da Ford na Bahia à Fiat Pernambuco. Não pode-se deixar de reconhecer isso. Você falou de parceria com o Governo Federal. É muito importante”.
Coluna Gazeta Nossa edição 169.
O ostracismo de Mendonça Filho e do DEM.
Em 1994 o então deputado federal José Mendonça Bezerra idealizou uma aliança entre o seu PFL e o então prefeito do Recife Jarbas Vasconcelos a aliança União por Pernambuco, naquela eleição o partido indicara o então senador Marco Maciel para o posto de vice-presidente na chapa de Fernando Henrique Cardoso, que acabou vitoriosa. Em Pernambuco Jarbas era o nome para enfrentar Miguel Arraes, mas declinou e a União por Pernambuco acabou lançando Gustavo Krause (PFL) que sofreu uma derrota acachapante para Miguel Arraes, tendo um bom desempenho apenas na capital pernambucana. Naquela mesma eleição José Mendonça e Mendonça Filho foram eleitos para a Câmara dos Deputados, dando demonstração de força para o grupo político dos Mendonça. No ano de 1996, Jarbas saía da prefeitura do Recife e lançava Roberto Magalhães como candidato a prefeito, formalizando a aliança e dando mostras do poder de fogo que ela teria dois anos depois. Em 1998, já com o advento da reeleição e com Miguel Arraes em baixa, Jarbas Vasconcelos aceitou o “desafio” e teve como companheiros de chapa o então deputado federal Mendonça Filho e José Jorge, ambos do PFL, como candidatos a vice-governador e senador, respectivamente. Um passeio. Jarbas foi eleito com elevada margem e arrastou consigo José Jorge como senador. Para completar, Fernando Henrique e Marco Maciel foram reeleitos na disputa nacional. Inúmeras prefeituras, inúmeros vereadores, comandando a capital pernambucana, inúmeros deputados estaduais e federais, o PFL voava em céu de brigadeiro, todo mundo queria ser do PFL em Pernambuco. Até que veio a eleição de 2000 para prefeito do Recife quando João Paulo desbancou Roberto Magalhães do Palácio do Capibaribe. Começava aí a derrocada do PFL em Pernambuco. Em 2002 Jarbas foi reeleito com expressiva votação, Marco Maciel e Sérgio Guerra venceram a disputa para o Senado, mas a presidência da República quem venceu foi o PT com Lula, e o ostracismo do PFL começou a se consolidar. De lá pra cá o PFL disputou com Mendonça Filho o governo de Pernambuco e perdeu de forma acachapante para Eduardo Campos em 2006, disputou a prefeitura do Recife em 2008 com o mesmo Mendonça e ficou em segundo lugar, apoiou Jarbas em 2010 e viu Eduardo ter uma frente de 3 milhões de votos para o senador peemedebista. Mas nada estava tão ruim que não pudesse piorar, o já DEM enfrentou o pleito de 2012 liderando em Recife e Caruaru todas as pesquisas de opinião, com Mendonça Filho e Miriam Lacerda, respectivamente. Em Caruaru Miriam fez uma boa campanha, perdeu a eleição mas saiu de cabeça erguida. Outra prefeitura importante disputada pelo DEM foi Belo Jardim com Andréa Mendonça, que acabou em terceiro lugar, por fim, o Recife, resultado mais emblemático que sintetizava a situação vexatória do PFL de outrora, hoje DEM. O ex-governador Mendonça Filho que liderava todas as pesquisas no início da eleição acabou com pouco mais de 19 mil votos, menos de 3% dos votos válidos, ficando em quarto lugar. Na eleição proporcional o partido elegeu apenas uma vereadora que foi Priscila Krause e quase que não atingia o quociente para elegê-la. Além do mais, elegeu apenas uma prefeitura dentre os 184 municípios de Pernambuco. A prefeitura de Canhotinho que não tem peso eleitoral e muito menos político. O partido perdeu inúmeros quadros qualificados no decorrer desse tempo. O último deles foi o deputado Augusto Coutinho que migrou para o Solidariedade e pode perder mais alguns quadros até o próximo dia 5 de outubro. Isso é fruto da falta de comando estadual. O partido é comandado por alguém que não sabe liderar, que não tem cheiro de povo nem jeito de povo. O resultado não poderia ser outro. O DEM está igual a cantiga da perua, de pior a pior.
Daniel Coelho – Segundo lugar na disputa para prefeito do Recife em 2012, o deputado Daniel Coelho (PSDB) aparece em segundo lugar nas pesquisas para governador a depender do cenário. Lidera no Recife com mais de 30%. Deverá ser candidato a deputado federal e tem tudo pra ser um dos mais votados no estado e o mais votado no Recife.
Priscila Krause – A vereadora demista deve disputar mandato de deputada estadual no ano que vem. Precisa enfrentar dois desafios, o primeiro é ultrapassar os quarenta mil votos, o segundo é o partido atingir o quociente eleitoral para elegê-la. Se entrar no chapão só se garante com 45 mil em diante.
Fernando Bezerra Coelho – Dentro do PSB não há nome mais qualificado nem mais competitivo que o ex-ministro da Integração Nacional para disputar o governo de Pernambuco. Se Eduardo rifar FBC do governo corre sério risco de dar um tiro no pé.
Elias Gomes – O prefeito Elias Gomes foi um fiasco nas eleições de 2010, transferiu poucos votos para o seu candidato a deputado federal Sérgio Guerra em Jaboatão dos Guararapes. Com o fiasco que está sendo a sua segunda gestão é capaz de Sérgio Guerra ter votação de vereador no município.
Lula Cabral – Candidato a deputado federal, o ex-prefeito do Cabo se filiou ao PSB. A decisão veio depois de ter assumido o comando estadual do PSC. De acordo com uma fonte palaciana, o ex-prefeito não recebeu garantias da direção nacional do PSC que poderia marchar com o PSB na disputa presidencial, então preferiu o partido de Eduardo.
Cadoca – Depois de uma queda vertiginosa na votação de 2006 pra 2010, Cadoca é um dos políticos que já pode ser considerado ex-deputado. De acordo com políticos do meio, Cadoca não terá a menor condição de se reeleger no ano que vem.
Tadeu Alencar deve ser o escolhido.
Rola um zum zum zum nos bastidores do PSB e da política local que o governador Eduardo Campos já escolheu o nome para a sua sucessão. Apesar de nos últimos dias o ministro Fernando Bezerra Coelho ter ganhado força, há quem diga que o governador já bateu o martelo e trata-se do secretário da Casa Civil Tadeu Alencar.
A jogada de Eduardo parece-me arriscada, pois, precisará fortalecer a gestão de Geraldo Julio no Recife, que não vai bem, para poder justificar o lançamento de mais um técnico no ringue eleitoral. Tudo que Geraldo havia feito até 2012 terá que mudar de executor e ser Tadeu Alencar.
Quem acompanha a política local sabe que Tadeu é qualificado para o cargo, conhece bem a gestão por ter feito parte dela nos dois mandatos de Eduardo Campos, mas é uma tremenda de uma incógnita eleitoral.
Sobretudo diante da cada vez mais factível candidatura do governador a presidente. Para bancar Tadeu aqui em Pernambuco e evitar qualquer surpresa desagradável, Eduardo poderia ser obrigado a disputar o Senado.
Com Fernando Bezerra Coelho como nome do PSB, ele não teria essa preocupação, pois, se trata de alguém tarimbado politica e eleitoralmente. Ficaria mais livre para disputar o Palácio do Planalto sem grandes riscos locais.
Cadoca agora é do PV.
O deputado federal Carlos Eduardo Cadoca exerce o seu quarto mandato consecutivo em Brasília. É bem verdade que desde 2004 quando perdeu a prefeitura do Recife para João Paulo começou a desandar na sua vida pública, mesmo assim, tem uma lista de serviços prestados a Pernambuco como vereador do Recife, deputado estadual, secretário de estado e deputado federal.
Em 2007 foi para o PSC no intuito de disputar a prefeitura do Recife, acabou ficando em quarto lugar com pouco mais de 30 mil votos no pleito de 2008. Na disputa de 2010 foi reeleito deputado federal com 72 mil votos, menos da metade da votação do pleito de 2006.
Esse ano perdeu o controle do PSC para o ex-prefeito do Cabo Lula Cabral que acabou virando PSB. Namorou com o PTN, o PDT, o PSB, o PTB, cogitou voltar para o PMDB, mas acabou optando por outro caminho: o PV.
No PV Cadoca não terá o controle da sigla que é comandada por Sérgio Xavier e recebe forte influência do vereador Augusto Carreras, mas sem sombra de dúvidas é uma sigla leve e viável para o deputado buscar a dificilima reeleição.
O senador de Eduardo.
Quem acompanha o governador Eduardo Campos já deve ter percebido uma presença frequente em seus atos públicos e privados. Trata-se do empresário Janguiê Diniz, presidente do grupo Ser Educacional.
Certamente essa parceria não deve se restringir apenas a um governante e um empresário de sucesso. Com certeza transcende essa questão e descamba para a política. Até agora o governador Eduardo Campos não tem um candidato natural a senador a não ser ele próprio, caso não dispute a presidência.
Existem nomes como o ministro Fernando Bezerra Coelho que tende a ser o escolhido de Eduardo para ser o nome para o governo, o deputado Raul Henry que deve ser o nome escolhido pra vice-governador e o senador Jarbas Vasconcelos que não deve ter a benção do governador para ser o seu escolhido para a disputa. Correndo por fora está o presidente da Assembleia Guilherme Uchôa para ser senador, mas é visto por muitos como carta fora do baralho.
A estratégia de inovar lançando empresários de sucesso em chapas majoritárias não é bem uma inovação. Em 2002, o empresário João Carlos Paes Mendonça foi cotado para ser candidato a governador caso Jarbas fosse o vice de José Serra naquela eleição.
Janguiê traz o establishment que a chapa de Eduardo precisa numa disputa em que ele terá que percorrer o Brasil. Nomes de chapas contrárias ficarão receosos de disputar o Senado contra um nome de peso como Janguiê Diniz.
Janguiê tem até o dia 5 de outubro para entrar numa sigla da Frente Popular e se tornar apto para a disputa.
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