Este ano está completando vinte anos de uma das eleições mais marcantes da história de Pernambuco, que foi a vitória de João Paulo contra Roberto Magalhães, então prefeito e candidato à reeleição, vários foram os fatores que contribuíram para a vitória de João Paulo, que de azarão acabou chegando ao Palácio do Capibaribe.
No ano de 2000, o Recife vivia um momento positivo com uma gestão bem-avaliada liderada pelo prefeito Roberto Magalhães. Dois anos antes, Jarbas Vasconcelos havia derrotado Miguel Arraes e Fernando Henrique Cardoso foi reeleito presidente da República. Havia uma frente política muito forte em torno de Roberto, que contava com a força do então governador Jarbas Vasconcelos e chegou na disputa como franco favorito para vencer a eleição. Naquela ocasião, a União por Pernambuco liderada pelo então governador Jarbas Vasconcelos era um grupo político considerado imbatível para a disputa.
Além de Roberto Magalhães (PFL) e João Paulo (PT), que protagonizaram o segundo turno, a disputa teve Carlos Wilson (PPS), Fred Brandt (PHS), Vicente André Gomes (PDT) e Pantaleão (PSTU).
A disputa foi marcada por muitas polêmicas envolvendo o então prefeito, que chegou a entrar armado na redação do Jornal do Commercio por conta de uma matéria do jornalista Orismar Rodrigues, um ano antes, em agosto de 1999. Roberto Magalhães entendeu que ele tinha ferido sua honra e foi tirar satisfações com o jornalista.
O episódio foi bastante utilizado pelos seus adversários, em especial Carlos Wilson que utilizou o personagem “Mané Chinês” protagonizado pelo ator Walmir Chagas que fazia duras críticas ao prefeito, mas com muito humor e dizia que Recife iria eleger Carlos Wilson e mandar Roberto Magalhães pra China.
Mas este não foi o único episódio que prejudicou Magalhães. Durante uma carreata na Avenida Boa Viagem no último domingo que antecedia a eleição do primeiro turno, ao ser provocado por adversários, o prefeito deu uma banana, que prontamente foi colocada no guia eleitoral, o que atrapalhou ainda mais os planos do prefeito de se reeleger.
Outra situação que prejudicou muito a reeleição de Roberto Magalhães foi uma greve da PM deflagrada nas vésperas da eleição. Apesar de o prefeito não ter relação direta, uma vez que segurança pública era dever do então governador Jarbas Vasconcelos, a greve teve papel determinante para desgastar ainda mais a figura de Roberto Magalhães.
A eleição ocorreu no dia 1 de outubro de 2000, e as urnas trouxeram Roberto Magalhães com 345.915 votos (49,42% dos votos válidos) e João Paulo com 249.282 (35,62% dos votos válidos). Pela primeira vez na história o Recife iria a um segundo turno em disputa de prefeito.
Na segunda etapa, João Paulo contou com o apoio de Fred Brandt, Pantaleão, Vicente André Gomes e Carlos Wilson e cresceu mais de 130 mil votos em relação ao primeiro turno e configurou-se numa das maiores zebras das eleições em Pernambuco. No final João Paulo obteve 382.988 votos (50,38% dos votos válidos) contra 377.153 votos (49,62% dos votos válidos) de Roberto Magalhães no dia 29 de outubro daquele ano.
Assista a trechos do guia eleitoral daquela fatídica eleição:
https://m.youtube.com/watch?v=XQT3K044BzA