A eleição de 1986 para o governo de Pernambuco foi marcada pela previsibilidade, com a vitória de Miguel Arraes sobre José Múcio Monteiro. O contexto daquela eleição remete ao ano anterior quando Miguel Arraes e Jarbas Vasconcelos conquistaram uma vitória representativa para a prefeitura do Recife derrotando uma aliança entre o PFL e o PMDB com Jarbas filiado ao PSB. A eleição de 1985 serviu para mostrar a força de Arraes, que abdicou de disputar o governo em 1982, pouco depois de voltar do exílio em 1979.
O PFL, sucedâneo da Arena e do PDS, tinha três nomes para a disputa, o primeiro era Gustavo Krause, que sabendo da dificuldade da eleição, não quis entrar na disputa. E avançou a possibilidade de ser Joaquim Francisco, que havia sido prefeito do Recife e voltaria a ser dois anos depois, em 1988. Porém, o partido preferiu lançar o jovem José Múcio Monteiro, de apenas 38 anos, que tinha sido vice-prefeito de Rio Formoso e depois fora eleito prefeito da cidade, porém optou por presidir a Celpe. Múcio também tinha sido secretário de Transporte entre 1982 e 1985.
Então governador de Pernambuco, Roberto Magalhães renunciou o mandato para disputar o Senado e tinha amplo favoritismo naquela disputa, pois deixava o governo bem-avaliado. Magalhães sonhava em ser senador constituinte, fato que não se confirmou com a abertura das urnas. Franco favorito, Arraes, então com 70 anos de idade, era tido como o novo, foi o candidato dos jovens e da esquerda na época, enquanto Múcio, de apenas 38 anos, era tido como o candidato dos velhos. Essa inversão de valores mostrava o quanto Miguel Arraes era uma figura icônica e por quê ele cravou seu nome na história de Pernambuco.
A campanha, de alto nível, vale salientar, não teve muitas surpresas para o governo, uma vez que Arraes confirmou seu favoritismo, enquanto Múcio entrou para a história como o derrotado mais vitorioso da história de Pernambuco, pois foi a partir dali que ele viria a ser cinco vezes deputado federal, ministro das Relações Institucionais de Lula e presidente do Tribunal de Contas da União. A bela campanha de Múcio deixou muitos saudosos acreditando que ele poderia em algum momento ser governador de Pernambuco. O próprio Eduardo Campos, neto de Arraes, sondou Múcio para disputar a sua sucessão em 2014, e quatro anos antes quis tê-lo em sua chapa para o Senado na vaga que posteriormente foi destinada a Armando Monteiro, primo de Múcio.
O resultado final daquela disputa de 1986 deu a Miguel Arraes 1.587.726 votos, o equivalente a 60,91%, que teve como vice Carlos Wilson, contra 1.018.800 votos (39,09%) de José Múcio Monteiro, que teve como vice José Ramos. Já para o Senado, como falamos anteriormente, o favoritismo de Roberto Magalhães não se confirmou com a abertura das urnas, pois Miguel Arraes lançou na sua chapa o então deputado federal Mansueto de Lavor, pelo PMDB e trouxe o deputado federal Antônio Farias, que era do PDS mas trocou pelo PMB para poder aliar-se a Arraes e ser candidato em sua chapa.
A chapa do PFL teve, além de José Múcio, que disputou o governo, Roberto Magalhães e Margarida Cantarelli que tentaram o Senado. Roberto Magalhães dormiu senador e acordou sem mandato, pois Arraes deu a Mansueto de Lavor 1.280.388 votos, enquanto Antônio Farias alcançou 1.204.869. Magalhães por sua vez amargou o terceiro lugar com 1.015.328 votos. Ainda foram candidatos ao Senado, Cid Sampaio (PL), Ivan Maurício (PSB) e Jacob Nouri (PDT).