Aliança entre PT e PSB alcança desejo de muitos atores
A entrevista do ex-presidente Lula a uma emissora de rádio no dia de ontem rendeu inúmeras avaliações, sobretudo quando ele se debruçou sobre o cenário estadual. A afirmação de Lula de que o PT poderia ter candidatura própria, citando José de Oliveira, Odacy Amorim e Marília Arraes, ou realizar uma aliança com Armando Monteiro ou Paulo Câmara, deu margem para a interpretação de que não havia nada definido quanto a candidatura de Marília Arraes, e que o PT poderá abdicar de uma candidatura própria.
Quem tem acompanhado os bastidores destas negociações sabe que a única dúvida real sobre o destino do PT é se lança a candidatura de Marília Arraes ou se reata a aliança com o PSB, e numa escala de 0 a 10, 1 estaria para a candidatura de Marília e 9 para a aliança com o PSB. Pragmático, Lula sabe que a candidatura de Marília custa dinheiro, e num período de vacas magras, o PT teria que dividir o parco dinheiro entre a majoritária e as candidaturas proporcionais. Marília não poderia ser candidata à míngua, pois estaria colocando em xeque o futuro do PT e uma brincadeira dessas custa alguns milhões somente para colocar o bloco na rua.
Com 15% nas pesquisas, Marília já está consolidada na política e não tem motivos para sair do PT porque sabe que ela é o futuro do partido, que envelheceu e suas lideranças não ofertam mais nenhuma expectativa de poder no estado. Ela seria colocada na melhor posição que existe na política, que é a de vítima, e se tornaria a candidata das bases do PT para deputada federal. Garantiria um mandato na Câmara Federal e seria o principal nome do partido no estado, mesmo que Humberto Costa venha a se eleger também.
No caso de João Paulo e de Humberto, eles sabem que se Marília disputar poderá ter um bom resultado eleitoral e político mas não daria a ambos a garantia de vitória, e a de estrutura para que eles coloquem o bloco na rua, muito pelo contrário, estariam tendo que dividir as atenções com a majoritária. Além do mais, com a caneta na mão, Paulo Câmara poderá reforçar a eleição de Humberto para deputado federal, que precisa de um empurrão, e ainda garantiria a hipótese de João ser vice-governador ou senador pela Frente Popular.
O PSB por sua vez, depois de perder Eduardo Campos, voltaria a sua origem e passaria a ter Lula para se escorar no estado. Ainda que não seja candidato, em Pernambuco Lula é um importante eleitor, o que ajudaria Paulo Câmara a se fortalecer nos rincões do estado, onde o ex-presidente é uma espécie de semideus independente das denúncias que o envolvem. A aliança PT e PSB é boa para todos, inclusive para a própria Marília que alcançaria o mandato de deputada federal, fato este que foi o motivo do seu rompimento com Eduardo Campos e da sua saída do PSB.
Promotores – O procurador geral de Justiça, Francisco Dirceu Barros, deu posse para mais 20 promotores, nesta terça-feira (6), no Centro de Convenções de Olinda. Aprovados em concurso, vão reforçar a atuação do Ministério Público do Estado (MPPE) no interior. O chefe de gabinete do governador, João Campos (PSB), e a procuradora geral do Ministério Público de Contas de Pernambuco (MPCO), Germana Laureano, estavam entre as autoridades que prestigiaram a solenidade.
Homenagem – O deputado estadual José Humberto Cavalcanti (PTB) subiu à tribuna da Assembleia Legislativa de Pernambuco na última segunda-feira para homenagear o ex-ministro Armando Monteiro Filho, falecido em janeiro deste ano. O parlamentar lembrou da trajetória de Armando, que foi deputado estadual, federal e ministro da Agricultura do governo João Goulart.
Reforço – A bancada petebista na Alepe, que conta com José Humberto, Augusto Cesar e Julio Cavalcanti, ganhará o reforço de pelo menos dois parlamentares em abril. Além do deputado Alvaro Porto que volta para a sua sigla de origem, a deputada Socorro Pimentel estaria de malas prontas para as hostes petebistas. Socorro estava para se filiar ao MDB, mas devido ao grau de incerteza envolvendo o futuro do partido, ela ficou inclinada a entrar no partido de Armando Monteiro.
Dificuldade – A situação de Jadeval de Lima, João Eudes e Pedro Serafim Neto, todos do PDT, não é nada boa. Jadeval trocou quatro anos de vereador por dois de deputado estadual, sem ter votos para buscar uma reeleição garantida. Pedro Neto está com a corda no pescoço pois não conta mais com a estrutura de Ipojuca e não consegue nem se consolidar na oposição. Por fim João Eudes igualmente está com dificuldades, obteve menos de 28 mil votos e tem sido considerado ex-deputado por alguns colegas.
RÁPIDAS
Procura – Tem sido forte a procura de parlamentares na Alepe pela filiação ao PP de Eduardo da Fonte. Com a garantia de que com cerca de 30 mil votos o parlamentar poderá ser eleito, e a chance real de eleger dez deputados, ninguém quer ficar no chapão do PSB, que virou partido de gente grande como Diogo Moraes, Adauto Santos, Aluisio Lessa e Clodoaldo Magalhães.
Sem futuro – Decidido a tentar voltar para a Assembleia Legislativa de Pernambuco por absoluta falta de votos para deputado federal, Betinho Gomes é visto como uma incógnita nas eleições deste ano. Com muito esforço terá 25 mil votos no Cabo de Santo Agostinho e Jaboatão dos Guararapes, precisando de mais 15 mil fora, o que é algo meio complicado de alcançar sem a máquina da prefeitura como teve em 2010 e 2014 nas suas campanhas.
Inocente quer saber – A oposição unificará os esforços na candidatura de Armando Monteiro para governador?