Nascido em Nazaré da Mata em 1916, Paulo Pessoa Guerra iniciou sua trajetória profissional em 1935 quando ingressou na Faculdade de Direito do Recife, vindo a bacharelar-se em 1939. No ano de 1938, já sob a vigência do Estado Novo liderado por Getúlio Vargas, é nomeado prefeito de Orobó pelo interventor Agamenon Magalhães em 1939, já em 1940 é nomeado para o cargo de prefeito de Bezerros.
Em 29 de outubro de 1945 houve a deposição de Getúlio Vargas e em dezembro aconteceu o pleito para a Assembleia Nacional Constituinte, onde Paulo Guerra foi eleito deputado federal pelo PSD. Nesta época o partido era liderado por Agamenon Magalhães em Pernambuco. Como deputado constituinte, Paulo Guerra teve atuação destacada em comissões na constituição de 1946.
Nas eleições de 1950, é novamente eleito deputado federal e acompanhou como parlamentar a volta de Getúlio Vargas e seu posterior suicídio em 24 de agosto de 1954. Nas eleições daquele mesmo ano, Paulo Guerra decide ser candidato a deputado estadual e é eleito para a Assembleia Legislativa de Pernambuco.
Na Alepe, é reeleito em 1958 para o seu segundo mandato e em 1961 assumiu a presidência da Assembleia Legislativa de Pernambuco. Já no cargo, assistiu a crise envolvendo o governo Jânio Quadros que culminou na sua renúncia e na ascensão de João Goulart ao cargo de presidente da República.
Nas eleições de 1962 disputa o mandato de vice-governador pelo Partido Republicano com o apoio do PSB e do PSD e acaba sendo o mais votado do pleito. Miguel Arraes, por sua vez, é eleito pelo PST para o cargo de governador. Ambos são empossados em 31 de janeiro de 1963.
A relação entre governador e vice sempre foi de muita divergência e desconfiança, o que levou Paulo Guerra a montar uma espécie de governo paralelo. Já em 1964 insatisfeito com os rumos adotados por Miguel Arraes, Paulo Guerra aproximou-se do general Humberto de Alencar Castelo Branco, que na época era chefe do estado-maior do Exército e um dos principais articuladores da deposição do presidente João Goulart.
Com a queda de Jango, a Junta Militar assumiu a presidência da República em 31 de março de 1964, e no Ato Institucional Número 1, os direitos políticos de governos anteriores foram cassados, dentre eles o de Miguel Arraes. Pela relação com Castelo Branco, Paulo Guerra não só foi poupado da cassação de seus direitos políticos como assumiu o mandato de governador de Pernambuco sem maiores problemas.
Com a extinção dos partidos políticos através do Ato Institucional Número 2, em 1965, Paulo Guerra filia-se à Aliança Renovadora Nacional (Arena), e como governador fez uma série de ações como a construção de rodovias, estimulou a indústria, ampliou a rede de abastecimento, também ampliou a rede de ensino, construindo a FESP que viria a se tornar a UPE, construiu o Hospital de Pronto-Socorro que hoje é o Hospital da Restauração.
Em 1967 passa o governo para Nilo Coelho, eleito pela Assembleia Legislativa, e dedica-se às atividades agropecuárias, tornando-se um dos maiores proprietários de terras do Nordeste. Em 1970, Paulo Guerra tenta o mandato no Senado Federal e torna-se o mais votado daquele pleito, elegendo-se junto com Wilson Campos. Naquele pleito indireto, Eraldo Gueiros acaba eleito pela Assembleia Legislativa de Pernambuco.
Ao assumir o mandato de senador da República, Paulo Guerra chegou a ser vice-líder da Arena e do governo no Senado e participou de diversas comissões importantes da Casa. Em 1977, o então ministro da Justiça, Armando Falcão, editou uma série de medidas conhecida como Pacote de Abril, nele estava a reformulação que criava a figura do senador biônico. Paulo Guerra, já doente, aceitou a proposta e caminhava para tentar novo mandato no ano seguinte, desta vez de forma indireta pela Assembleia Legislativa de Pernambuco, porém em 9 de julho de 1977, Paulo Guerra viria a óbito e seu mandato seria substituído por Murilo Paraíso, seu suplente. Na eleição seguinte, o mandato de senador biônico acabou ficando com Aderbal Jurema.
Ao falecer aos 61 anos de idade, Paulo Guerra pôs fim a uma importante história na política pernambucana de deputado federal por dois mandatos, deputado estadual por dois mandatos, presidente da Assembleia Legislativa de Pernambuco, vice-governador, governador de Pernambuco e senador da República. Suas ações como governador deixaram importante legado para Pernambuco, em especial na Saúde com a Restauração, e na educação com a Universidade de Pernambuco e sua trajetória foi fundamental para o nosso estado.