A crônica de uma confusão anunciada no Recife
A disputa pela prefeitura do Recife entra na última semana antes do pleito, marcado para o próximo dia 15, onde os eleitores da cidade definirão os escolhidos para a Câmara Municipal e para um provável segundo turno. A disputa ficou marcada pela troca de farpas entre a oposição que prometia se unir nas eleições deste ano, em especial Mendonça Filho e a Delegada Patrícia. Tal postura poderá ter inviabilizado a ida de um dos dois ao segundo turno contra João Campos, mas este episódio foi apenas a ponta do iceberg de um problema que teve início ainda em 2018 quando a oposição foi derrotada pela Frente Popular.
Naquela ocasião, Daniel Coelho apoiou a chapa majoritária oposicionista sob a expectativa de unir o grupo na disputa deste ano em torno do seu nome. Porém, Mendonça Filho acreditou que pelo fato circunstancial de ter sido o candidato a senador mais votado do Recife lhe daria algum tipo de competitividade. Para completar a confusão, a Delegada Patrícia Domingos filiou-se ao Podemos para disputar a prefeitura. Eram três pretensos candidatos para uma oposição já fragilizada pelas sucessivas derrotas para a Frente Popular.
Com a decisão da delegada de ser candidata, implodiu a tese de única candidatura, Daniel e Mendonça travaram então uma disputa terrível de bastidores que caminhava para um prejuízo a ambos. O PSL, considerado trunfo de Daniel, cansou da briga entre Mendonça e Daniel pelo apoio do partido, o que culminou na decisão de lançar uma candidatura própria. Mas esse não foi o único movimento, o PSC, o PRTB e o Novo também lançaram candidaturas, enquanto Daniel decidiu apoiar a Delegada Patrícia. Com a confirmação de Mendonça foram nada menos que seis candidaturas de centro-direita para um eleitorado historicamente menor, que já colecionava cinco derrotas para candidatos de origem de esquerda.
Porém, a Delegada Patrícia demonstrou perspectiva de crescimento, tinha baixa rejeição e uma narrativa que vinha cativando o eleitor, até que virou alvo do fogo amigo de Mendonça, Coronel Feitosa, Charbel Maroun e por último Carlos Andrade Lima (PSL). Sem um líder para arrefecer os ânimos, a Delegada Patrícia teve sua competitividade prejudicada pelos próprios colegas de oposição, o que terminou por beneficiar João Campos e Marília Arraes, que chegam na última semana incólumes e alheios à autofagia oposicionista.
São Lourenço da Mata – A disputa pela prefeitura de São Lourenço da Mata chega na semana decisiva com um reforço do prefeito Bruno Pereira (MDB), que tenta a reeleição, com boas perspectivas de lograr êxito no próximo domingo. Porém, não se pode menosprezar os adversários Vinicius Labanca (PSB) e Milton Micuíba (Solidariedade).
Camaragibe – Na reta final, o que se comenta é que a disputa apertou para a atual prefeita Nadegi Queiroz (Republicanos) com a morte de um candidato a vereador por Covid-19 e teve falta de atendimento na cidade, e por um vídeo do ex-prefeito Demóstenes Meira declarando o voto na atual gestora. Os dois casos renderam pauta negativa contra a prefeita.
Inocente quer saber – Faltou um líder para dar algum freio de arrumação na oposição?