Em discurso na Assembleia Legislativa, o deputado Álvaro Porto (PTB), afirmou, na tarde desta quarta-feira (02.05), que o PSB vem assumindo a marca da dubiedade ao tentar se reaproximar do PT após ter negado o legado do ex-presidente Lula em Pernambuco e ter se mobilizado em favor do impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff, em 2016.
“Diante da impopularidade do governo Temer, é bem oportuno o PSB fazer de conta que nada tem a ver com o que acontece no país. E, se for para se afinar com o PT e tirar proveito eleitoral do ex-presidente Lula em Pernambuco, mais apropriado ainda”, ironizou, destacando que agora, dois anos depois, o PSB fala em golpe e tenta impor a marca de golpista em quem justamente esteve ao lado da ex-presidente.
“O senador Armando Monteiro que hoje se posiciona como pré-candidato ao governo de Pernambuco foi ministro Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior do segundo governo de Dilma. E, diferentemente do PSB, votou contra a deposição da ex-presidente”, afirmou Porto.
O deputado lembrou que a população acompanhou o que ocorreu e sabe exatamente o papel assumido por cada um dos atores políticos de Pernambuco. “Reportagens, vídeos e áudios que documentam como cada um votou estão aí, na internet, ao alcance de qualquer um. Em abril de 2016, o partido emitiu nota defendendo a derrubada da ex-presidente, orientando seus deputados federais a votar pelo impeachment e endossando os ataques desferidos contra Dilma pelos adversários”.
Além disso, prosseguiu Porto, é sabido que o governador Paulo Câmara defendeu o impeachment em encontros que manteve com os deputados federais Bruno Araújo e Mendonça Filho, ambos ex-aliados do PSB. “Os dois relatam encontros com o governador em que o tema foi pauta das conversas”.
O deputado lembrou ainda que, ao responder uma carta em que a Frente Popular do Brasil fazia apelo para que Paulo mudasse de postura e passasse a condenar o impeachment, o PSB chamou de “equívoco” o débito dos pernambucanos com Lula. “O Diretório Estadual disse que os pernambucanos não são devedores do PT pelos grandes investimentos que o estado viabilizou no governo Lula. E afirmou que empreendimentos estruturadores, a exemplo da refinaria de petróleo e da fábrica de veículos, vieram porque o estado assegurou as condições financeiras e de infraestrutura para que tais projetos fossem implantados”.
Na avaliação do deputado, isso reitera só a dubiedade socialista. “Após negarem o evidente empenho de Lula em favor de Pernambuco, eles voltam a admitir o peso político do ex-presidente petista, de olho no reconhecimento do pernambucano ao trabalho de Lula no estado. O mesmo PT que foi massacrado e anulado pelos socialistas, agora é cortejado pelo Palácio do Campo das Princesas”, observou.
Por isso tudo, na avaliação de Porto, está ficando cada dia mais esquisito para o prefeito socialista do Recife, Geraldo Julio, e para o governador Paulo Câmara agirem como se o PSB jamais tivesse negado o legado de Lula e como se eles próprios nada tivessem dito ou feito contra Dilma. “O prefeito, quem não se lembra, ocupou as manchetes ao afirmar que “temos que tirar essa mulher do governo”, se referindo à ex-presidente”.
Já o governador, Álvaro Porto lembrou, liberou secretários com mandato de deputado federal para votar a favor do impeachment. “Também não assinou nota de governadores do Nordeste em defesa de Dilma e ainda rechaçou a tese de golpe ao afirmar que a aprovação do impeachment na Câmara dos Deputados era prova de robustez e equilíbrio das instituições democráticas nacionais”.
De acordo com Porto, Paulo Câmara e seus aliados precisam definir se houve golpe ou não. “E, se houve, precisam deixar claro porque votaram a favor de um processo golpista que levou Temer no Palácio do Planalto”, disse.
“TIRAR MARÍLIA” – Em aparte, a deputada Teresa Leitão, do PT, disse que até chegou a pensar que o interesse do PSB em reaproximar dos petistas tinha a ver com o tempo de televisão, prestígio eleitoral e política de Lula. Mas, segundo ela, está bem evidente que o Palácio do Campo das Princesas quer mesmo é retirar a candidatura da vereadora do Recife Marília Arraes (PT) da disputa estadual.
“Como Marilia se movimenta mais e aparece (bem) nas pesquisas, eles querem ela fora (do jogo sucessório). Mas o partido ainda vai definir quem será o nosso candidato, se José Oliveira, (deputado estadual) Odacy Amorim ou Marília”, disse e acrescentou que irá recorrer a todas as armas democráticas para que a candidatura própria seja viabilizada. “Até para pragmatismo tem que existir limites”, disse, dando a entender que o PSB está extrapolando os tais limites ao tentar impedir que Marília se candidate ao governo de Pernambuco.
A deputada lembrou que o sentimento de Paulo Câmara em relação à prisão de Lula fica bem revelado nos filmes dos governadores foram a Curitiba tentar visitar o ex-presidente na prisão. “Eu não vou comparar (o posicionamento de Paulo) com governadores do PT. Vou citar o governador do Maranhão (Flávio Dino), que é o PCdoB, e da Paraíba (Ricardo Coutinho), do PSB. Enquanto estes se indignam e fazem referência à prisão política de Lula, uma vez que Lula é um preso político, Paulo Câmara se refere ao cidadão Lula, ao pernambucano”.