A morte de Eduardo Campos despertou o apetite de políticos interessados em herdar o espólio dele em Pernambuco. É o caso, por exemplo, do atual governador João Lyra. E do ex-ministro da Integração Nacional do governo Dilma Rousseff, e agora candidato ao Senado, Fernando Bezerra Coelho.
João e Fernando viajaram a São Paulo para buscar os restos mortais de Eduardo Campos, ex-candidato do PSB a presidente da República, e dos quatro assessores que morreram junto com ele no desastre do jatinho que caiu, anteontem, perto de Santos.
Foi na capital paulista que João e Fernando conversaram, ontem à noite, sobre a fraqueza da candidatura de Paulo Câmara ao governo de Pernambuco pelo PSB. Câmara foi Secretário da Administração, da Fazenda e do Turismo de Eduardo. De perfil técnico, acabou escolhido por Eduardo para concorrer ao governo.
Pesquisa do instituto Datafolha divulgada hoje conferiu a Câmara 13% de intenções de voto contra 47% de Armando Monteiro Filho, candidato do PTB e do PT ao governo. A situação de Câmara era uma das maiores preocupações de Eduardo.
Nos último cinco fins de semana, Eduardo voou ao Recife para reforçar as chances de Câmara se eleger. Pelas contas de Eduardo, ele acabaria eleito quando o eleitor soubesse que era seu candidato. Pouco mais de 50% dos eleitores ainda pensam que o candidato de Eduardo é Monteiro Filho. Que foi eleito Senador em 2010 com o apoio de Eduardo.
João e Fernando aspiravam suceder Eduardo, que deixou o governo em março passado. João sucedeu-o. Mas só para completar seu mandato até dezembro próximo. João nunca disfarçou seu incômodo com o fato de ter sido preterido por Eduardo em favor de Câmara.
Fernando aceitou ser candidato ao Senado, embora esse não fosse o seu sonho. Ele e João não desejam abrir formalmente a discussão sobre a eventual substituição de Câmara. Contudo, estão dispostos a enfrentar a questão se assim o PSB de Pernambuco quiser.
Câmara jamais disputou uma eleição. Não queria ser candidato. Acabou convencido por Eduardo a ser. Eduardo imaginava iluminá-lo, assim como iluminou Geraldo Júio, prefeito do Recife eleito há dois anos, e também noviço em matéria de eleição.
Ricardo Noblat
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