O Brasil está diante de um momento histórico. A Câmara dos Deputados, hoje, está diante do espelho, indagando-se como quer ser vista pela história, e sob o olhar esperançoso e julgador dos brasileiros. Em 127 anos de República, pela primeira vez um presidente da República, no exercício do cargo, foi denunciado por corrução passiva – denúncia com base em provas robustas e lícitas – e de forma inédita a Câmara dos Deputados irá votar a autorização para que seja investigado pela suprema corte do País, o STF.
A votação do pedido de investigação do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, contra o presidente Michel Temer (PMDB), marcada para este 2 de agosto, vai significar a restauração da independência e do poder constitucional da Câmara dos Deputados – a representação do povo brasileiro – ou a morte da sua credibilidade. Os 513 deputados, diante do espelho, indagam-se como querem passar para a história. A Câmara tem a oportunidade de retomar o diálogo com o Brasil. O povo brasileiro quer a saída e a investigação de Michel Temer.
Nós, parlamentares, temos o dever de permitir que as investigações sobre o presidente Temer sejam realizadas, a bem da integridade ética e moral da Presidência da República, um dos símbolos do País. Não é bom para o Parlamento Brasileiro impedir que Michel Temer seja investigado. O País não pode conviver, por mais 17 meses, sob o “sangramento” moral da dúvida, nem a Presidência pode ser maculada por uma ocupação do cargo que pode – no futuro – ser confirmada como amoral, imoral e ilegítima.
Os áudios e vídeos de flagrantes e delações que compõem as provas da denúncia da Procuradoria Geral da República são extremamente graves para permitir que a dúvida permaneça sobre a vida do País, estendendo e aprofundando uma crise política que já aflige, divide e radicaliza os brasileiros há dois anos. Mais que resguardar a autoridade e o poder exclusivo de permissão, a Câmara tem a oportunidade de mostrar aos brasileiros – os quais representa – que acima das composições políticas e ideológicas e das formulações de bancadas de governo e oposição está o seu compromisso com a Constituição e o País.
* Sílvio Costa (PTdoB) é deputado e vice-líder da oposição na Câmara Federal.
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