Agência O Globo – A sessão no Conselho de Ética na manhã desta quinta-feira, em que será apresentado projeto defendendo o afastamento do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), do cargo até o julgamento do seu caso, foi suspensa após deputados discutirem e trocarem empurrões. Wellington Roberto (PR) e Zé Geraldo (PT) tiveram que ser segurados para não partirem para tapas.
“Aceito tudo, mas me tocar, não”, berrou o deputado petista. “Macho nenhum vai tocar em mim, não. O senhor é moleque”, respondeu Roberto. Vários parlamentares interferiram para que a briga não ficasse mais violenta.
O presidente do Conselho, José Carlos Araújo (PSD-BA), reclamou quando a confusão foi contida. “Jamais aqui poderá ser transformado num ringue, não é disputa corporal e ninguém vai ganhar no grito. Moderem-se e ajam como parlamentares do Conselho de Ética, respeitem essa Casa”, disse Araújo.
A estratégia dos aliados de Cunha continua sendo tentar adiar o andamento da sessão, com questionamentos e provocações ao presidente do Conselho, para ganhar mais prazo e evitar também a votação desse projeto que tenta afastar Cunha do cargo.
O comando do colegiado acusa o peemedebista de “impor manobras regimentais procrastinatórias” no processo que corre contra ele naquele órgão. A proposta, de quatro páginas, deve ser apresentada ainda na manhã desta quinta, na reunião que já acontece para tratar do caso Cunha. O presidente do conselho deve oficializar o novo relator do processo, deputado Marcos Rogério (PDT-RO).
O projeto cita os fatos de ontem, quando o relator Fausto Pinato foi afastado após manobra de Cunha com o vice-presidente da Câmara, Waldir Maranhão (PP-MA). Foi o vice quem determinou a troca do relator.
“Diante dos gravíssimos fatos ocorridos na reunião de ontem (quarta), cumpre determinar desde logo o afastamento cautelar do parlamentar até a conclusão do processo, a fim de que se possa retomar o regular processamento da votação da matéria neste colegiado”.
O comando do Conselho de Ética diz ainda que, após a decisão do órgão ontem, que, por 11 a 10, rejeitou o adiamento do julgamento de Cunha, “uma série de intercorrências passaram a macular todo o processo”.
No final, o texto acusa Cunha de “impor manobras regimentais procrastiniatórias” e defende seu afastamento.
Integrante do conselho, a deputada Eliziane Gama (Rede-MA) defende a saída de Cunha até o final do processo.
“O ideal é que ele se afaste mesmo. Já ultrapassou todos os limites. O presidente Eduardo Cunha instrumentalizou o conselho, que, com sua tropa de choque, faz todas ingerências para o processo não andar. Basta disso”, disse Eliziane.