De robô a La Ursa, de alta gastronomia a meditação, teve de tudo um pouco na programação do Recife Antigo de Coração deste domingo. Sem a Ciclofaixa de Turismo e Lazer, cancelada para facilitar o acesso dos estudantes aos locais de prova do Enem, o movimento no bairro histórico começou um pouco mais tarde. Mas nem as bicicletas deixaram de aparecer.
O engenheiro Bennys Santos, 40 anos, aproveitou as ruas fechadas para carro do Recife Antigo para matar a vontade de pedalar com a família. “Minha esposa nem sabia mais pedalar. Teve que reaprender. Agora estamos viciados na Ciclofaixa. Todo domingo, o passeio de bicicleta é sagrado”, disse Bennys, com a pequena Luiza, de 1 ano, na garoupa, enquanto a primogênita Alice, 7 anos, e a esposa, Liliane, pedalavam pelo bairro.
Já a vendedora Elizabete de Oliveira, 36 anos, não conseguiu sair do lugar desde o primeiro instante em que botou os pés no bairro. “A gente chegou direto para o polo infantil e minha filha não sai do pula-pula nem por um decreto”, disse a mãe, já no final da manhã. Elizabete e a pequena Duda, 6 anos, não perdem uma edição sequer do Recife Antigo. “Acho esse projeto muito bom. As crianças ficam livres para brincar.”
Foi de tanto ouvir depoimentos como esse que a professora Patrícia Pontes, 32 anos, decidiu acordar mais cedo neste domingo. Saiu no início da manhã de Jaboatão para fazer sua estreia no Recife Antigo de Coração, com a família. “Minha filha amou. Agora o despertador vai sempre tocar mais cedo lá em casa no último domingo do mês. Vale a pena!”
“A fama do projeto também chegou em Olinda”, brincou a aposentada Edenise Galindo, 69 anos, que se animou, hoje, para conhecer a “famosa” programação, oferecida pela Prefeitura do Recife, por meio da Secretaria de Turismo e Lazer, com a neta. “A rua ficou pequena para tanta diversão. É uma iniciativa muito boa”, disse Edenise, que já começou a fazer planos para reunir todos os netos nas férias para conhecer o projeto. “Vamos fazer a festa na rua!”
Mais animada que ela, só Dona Josefa Alves, 77 anos. “Saí bem cedo lá de Passarinho e só volto quando ficar de noite. Esse projeto é bom demais! A gente dança, vê gente, se diverte, festeja bem muito. E só gasta a passagem”, disse, toda prosa.
Na festa de Dona Josefa, quem fez uma participação especial foram os robôs humanoides NAO, da Secretaria de Educação, que conversaram e cantaram para o público no início da tarde, encerrando a programação da X Semana Municipal de Ciência e Tecnologia.
Também não faltou lanche. Para repor as energias ao longo do movimentado dia, o público contou com uma atração deliciosa. Das 14h às 22h, chefs renomados, como César Santos, do Oficina do Sabor, protagonizaram a Arena Gastronômica do 14º Festival Gastronômico de Pernambuco,com vários estandes e muitas receitas saborosas. Petiscos e pratos foram vendidos a preços módicos, que variaram de R$ 10 a R$ 25.
No palco do Marco Zero, teve show do Bem com vários corais da terceira idade, além de uma disputada prévia do Coquetel Molotov, com Juvenil Silva e Zeca Viana.
O Dançando na Rua teve edição dedicada ao Mês da Pessoa Idosa, com assentos reservados para esse público e atrações de outros carnavais. Entre as apresentações, houve também a participação de grupos do Festival Internacional de Dança do Recife, como o Studio de Danças, Cia. Carolemos Dançarte, Balé Deveras, Cia. Malungo, Cia. Sopro de Zéfero, Obirim Mejeji, Cia. Pernambucana de Sapateado e Dança, Carvalho Cia. de Dança, Mostra de Danças Urbanas, Espaço e Grupo Endança, Cia. do Frevo do Recife e Cia. de Dança Fátima Freitas.
Na Avenida Rio Branco, teve feira de economia solidária, exposição de mergulhadores sobre naufrágios e aulões de respiração e yoga, além do Recife Recebe, que, este mês, trouxe dois municípios vizinhos pra o Recife Antigo: Igarassu e São Caetano, representados por sua arte, cultura e culinária.
“Foi muito importante para nós sentir que o litoral norte está sendo prestigiado pela capital”, disse Ana Alves, representante de um dos mais importantes atrativos de Igarassu, a Coroa do Avião. “A experiência de estar aqui no Recife foi maravilhosa. A gente trouxe muita coisa e vai levar mais ainda pra casa”, avaliou Veridiana Fortunato, secretária de Cultura, Turismo e Esportes de São Caetano.
Teve ainda muita prática esportiva por todo o bairro; Festival de Cultura Judaica, na Rua do Bom Jesus; e o Museu do Homem do Nordeste desfilando a exposição Patrimônio em Disputa, dentro da programação da ação Museu no Recife Antigo, que leva todo mês um equipamento para apresentar parte de seu acervo no bairro.