A vitória de Eduardo Cunha (PMDB-RJ) para o comando da Câmara não fortalece apenas o próprio peemedebista. Sua eleição impulsiona, por tabela, o senador Renan Calheiros (PMDB-AL), também eleito neste domingo (1º) para presidir o Senado. A expectativa de integrantes palacianos é: o que o primeiro estragar, o segundo pode consertar.
Quando um tentar viabilizar um projeto espinhoso ou uma aprovação inconveniente, o Palácio recorrerá ao senador para que este barre.
O efeito colateral desse jogo de compensação é a elevação do passe de Renan dentro do Palácio do Planalto. Já passa a ser chamado de “resolvedor-geral da República”.
Crescerá, portanto, a dependência de Dilma em relação ao aliado –o que vai custar caro à presidente: mais cargos e mais influência.
A última esperança de integrantes do governo para enfraquecer Cunha é que os desdobramentos da Operação Lava Jato respinguem na sua presidência. No mês passado, a Folha revelou que Cunha deve ser alvo de inquérito da Procuradoria-Geral da República na operação.
O principal temor do governo é que Cunha dê vazão a movimentos a favor do impeachment de Dilma Rousseff. Renan, por sua vez, é visto no Planalto como ”a última muralha” contra o processo.
A eleição no Congresso é o reflexo da relação que os parlamentares tiveram com o Planalto nos últimos quatro anos.
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