Na tarde desta segunda-feira (31) o prefeito Geraldo Julio assinou decreto que instituiu medida que garante a preservação de 15 espaços públicos assinados pelo paisagista Roberto Burle Marx
A cidade do Recife, de forma inédita no Brasil, adotou o mesmo conceito que o da Carta de Florença, editada pelo Conselho Internacional de Monumentos e Sítios, e pelo Comitê Internacional de Jardins e Sítios Históricos, em 1981. A iniciativa significa a transformação de 15 áreas verdes projetadas pelo paisagista brasileiro reconhecido internacionalmente Roberto Burle Marx, em patrimônio histórico e ambiental do Recife. Na tarde desta segunda-feira (31), o prefeito Geraldo Julio assinou o decreto que vai instituir os espaços como os primeiros Jardins Históricos da cidade, uma das novas categorias previstas no Sistema Municipal de Unidades Protegidas (Smup).
“Teremos nossa história, cultura e natureza preservadas. Tudo isso é fruto de muito trabalho, do esforço de uma equipe imensa nossa que contou com a parceria da Universidade Federal de Pernambuco. A cidade precisa ser pensada para as pessoas que moram nela, e estamos com isso garantindo a preservação desses espaços, além da melhoria na qualidade de vida para a população recifense. Não existe uma cidade sem verde, sem praças, e estamos trabalhando para cuidar do Recife de uma forma cada vez mais transformadora e estou muito feliz, como cidadão recifense, de participar deste processo”, declarou o prefeito Geraldo Julio.
A medida adotada pela Prefeitura do Recife, de forma pioneira no Brasil, contou com a colaboração dos pesquisadores do Laboratório da Paisagem da Universidade Federal de Pernambuco, que trabalharam junto aos técnicos da Secretaria de Meio Ambiente e Sustentabilidade da Prefeitura (SMAS) para definir os espaços a serem protegidos. Com a iniciativa, quinze logradouros assinados por Burle Marx terão garantidas as suas características originais e preservação, ressaltando os valores botânico, paisagístico e histórico-cultural dos espaços.
Os Jardins contemplados foram projetados pelo paisagista entre 1934 e 1937, ao trabalhar na capital pernambucana. São eles: Praças de Casa Forte, Euclides da Cunha, República e Jardim Campo Princesas, Derby, Salgado Filho, Faria Neves, Pinto Damaso, Entroncamento, Chora Menino, Maciel Pinheiro, Dezessete, Artur Oscar, Jardim da Capela da Jaqueira e os largos da Paz e das Cinco Pontas. Os seis primeiros logradouros da lista foram tombados, em junho deste ano, pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).
A secretária de Meio Ambiente e Sustentabilidade do Recife, Cida Pedrosa, destacou a relevância da medida, e explicou que o trabalho vai ter um plano de Gestão e Conservação dos Jardins Históricos de Burle Marx .”Vamos garantir que não se possa mudar nada, nem do ponto de vista físico nem natural, as características desses locais. Com o decreto, os quinze jardins deverão ter suas características originais sempre preservadas mesmo diante de mudanças no ambiente urbano. O trabalho de Burle Marx tem importância histórica no Brasil, devido à utilização principalmente da vegetação. Esta é uma iniciativa que se soma a outras tantas desta gestão que atua por uma política de sustentabilidade e para termos um espaço urbano mais verde, mais ameno, e que as pessoas tenham uma qualidade de vida melhor”.
Ana Rita Sá Carneiro, professora do Departamento de Arquitetura e Urbanismo e arquiteta do Laboratório da Paisagem da Universidade Federal de Pernambuco, integrou o processo de estudo que levantou detalhes dos atributos histórico-cultural, compositivo (topografia, traçado, equipamentos, mobiliário, materiais e inserção urbana) e de vegetação de cada local. “Fizemos um amplo estudo para chegar até aqui. Esta foi uma decisão, um gesto que qualifica o Recife. Uma cidade não é feita só de concreto, mas também de verde, o que mostra que estamos elevando o Recife para um lugar de grande consciência”, afirmou.