Praças abandonadas, esgoto a céu aberto, tráfico e consumo de drogas nas vias públicas. Este foi um ligeiro retrato das impressões recolhidas pela militância do Partido Verde durante a décima segunda etapa do Recife Bom para Viver, que aconteceu na manhã deste sábado (16) e percorreu a microrregião 1.2, que engloba os bairros da Boa Vista, Soledade, Paissandu, Ilha do Leite, Santo Antônio, São José e Cabanga.
O grupo partiu da Praça Miguel de Cervantes, na Ilha do Leite, que apesenta um bom estado de conservação graças ao suporte do Instituto de Medicina Itegral professor Fernando Figueira (IMIP). No local, Geraldo do Nascimento varria a calçada da praça. Ao ser inquirido sobre a prática, ele informou ser pago para o trabalho por um morador do local, mas preferiu omitir quanto ganha ou quem o paga.
De lá, o grupo partiu para a Boa Vista, passando pelo pulsante Mercado da Boa Vista. No local, os comerciantes se queixam de um esgoto que escorre em frente ao prédio que abriga o mercado, além da limpeza que requer maior atenção pelo intenso fuxo de visitantes, sobreudo aos sábados. “Considero um bairro bom para se morar. Tranquilo nos fins de semana, próximo de tudo e com infraestrutura no entorno”, avalia o vereador do PV na Câmara Municipal do Recife, Eurico Freire.
Um pouco mais adiante, o Pátio de Santa Cruz se revela um local com potencial turístico e cultural, com vocação para a vida boêmia. Entretanto, a área precisa de sergurnça. Um dono de bar local que preferiu não se identificar revelou que o tráfico de drogas é intenso na região. Para Carlos Augusto, presidente estadual da legenda, para alavancar o local é preciso ampliar o espaço para as pessoas caminharem, além de reforço na segurança. “É preciso reduzir o impacto dos carros nos sítios históricos”, afirma, mas admite: “É uma mudança cultural de mentalidade em priorizar as pessoas em detrimento dos automóveis”.
Se no entorno da igreja de Santa Cruz as ações de cidadania e gestão pública ainda podem ser melhoradas, na Praça Maciel Pinheiro elas se fazem urgente. “A praça onde Clarice Lispector viveu parte de sua vida no Recife está degradada”, reconhece Carlos Augusto, sendo encampado pelo vereador Eurico Freire. “Vou levar essa questão para ser debatida na Câmara”.
A fonte está seca e segundo informações de moradores foi a Prefeitura do Recife que resolveu desliga-la porque os moradores de rua tomavam banho nela. “Ao invés de aumentar a fiscalização, prefere-se mexer em algo que era lúdico aos olhos e reduzia o calor”, ironiza Carlos Augusto. O que restou no fundo do fosso foi água parada formando um local perfeito para a proliferação de larvas de mosquitos.
Segundo Oséas Borba, produtor cultural, morador do bairro um e um dos organizadores do Movimento Teatro do Parque, a partir das 17h a ‘Praça de Clarice’ transforma-se num reduto para consumo de crack. “Havia um posto da PM que foi retirado após a greve e nunca mais reaberto”, denuncia. A praça parece relegada ao abandono, com mau cheiro, uma quantidade pombos acima do seguro, água empoçada e moradores de rua largados em bancos com roupas penduradas em varais improvisados. Ali perto, o Teatro do Parque permanece de portas fechadas à população, que perdeu um dos equipamentos culturais mais acessíveis no Centro.
A caminhada seguiu pelas ruas Nova e Imperatriz, onde muitas lojas se encontram fechadas não apenas pela crise em si, mas pela falta de segurnça no entorno, como apontaram alguns dos comerciantes. Em São José, a limpeza no entorno do mercado mais famoso da cidade deixa bastante a desejar e a área é alvo constante de criminalidade e do uso de drogas, comprometendo o pontencial econômico e turístico da região.