O Governo do Estado abandonou a população do Agreste Setentrional, sobretudo nas áreas de saúde e segurança pública. Essa foi a constatação da Bancada de Oposição na Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe) durante visita à região, nesta quarta-feira (12), durante agenda do Pernambuco de Verdade. A agenda incluiu ainda visita às obras de duplicação da BR-104, assumidas pelo Estado, e PE-160, prometidas há mais de dez anos e ainda não concluídas, além do 24º Batalhão de Polícia Militar, a diretoria regional da Compesa, a UPA de Santa Cruz do Capibaribe, a rodoviária municipal e a farmácia do Lafepe, completamente desabastecida de medicamentos.
Na área de saúde, chamou a atenção dos parlamentares a completa ausência do Estado na assistência à população, com todo o atendimento ficando a cargo da rede municipal de saúde. A Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Santa Cruz, de administração municipal, funciona na prática como um hospital regional, realizando de 450 a 500 atendimentos por dia, com picos de 600 pessoas atendidas. “A unidade foi projetada para realizar 200 atendimentos, mas infelizmente fomos obrigados a assumir a demanda de cidades vizinhas, pela inexistência de unidades estaduais de saúde”, explicou o diretor da UPA, José Ademir Pereira.
Segundo a deputada Socorro Pimentel (PSL), o volume de atendimentos na unidade de saúde é retrato do completo abandono do Estado na área de saúde. “O governo do Estado jogou para a prefeitura de Santa Cruz do Capibaribe a responsabilidade pelo atendimento à população da cidade e municípios vizinhos. Não há sequer um leito de UTI na região e casos mais graves ou que precisam de mais cuidados têm que ser transferidos para Caruaru ou Recife”, explicou Socorro.
Para o deputado Silvio Costa Filho (PRB), a construção de um hospital regional em Santa Cruz deveria é prioridade para a população. “Santa Cruz é uma cidade-polo no Agreste Setentrional e a UPA do município termina absorvendo a demanda de seis cidades vizinhas, sem nenhum apoio do Estado. É preciso que o governo encare a implantação de um hospital regional como prioridade”, defendeu o líder da Oposição.
Para Joel da Harpa (PTN), outra área crítica na região é a da segurança. “A companhia da Polícia Militar de Santa Cruz foi transformada no 24º Batalhão da PM, mas a unidade continua funcionando com estrutura de companhia. Faltam equipamentos, infraestrutura e viaturas para fazer o atendimento à população”, criticou. Hoje, o 24º Batalhão da PM conta com um efetivo de 325 homens, mas em virtude dos plantões, são apenas 18 policiais para atender toda a população de Santa Cruz, oito para Toritama e apenas três para Brejo da Madre de Deus.
Segundo dados da própria Secretaria de Defesa Social do Estado, Santa Cruz é hoje o 11º município do Estado em número de homicídios e o 8º em crimes violentos contra o patrimônio (assaltos e roubos). “O que temos observados nas agendas do Pernambuco de Verdade é que os problemas encontrados são praticamente os mesmos em todas as regiões. Foi o que vimos, há 15 dias, no Sertão e estamos vendo aqui no Agreste novamente”, comparou Augusto César (PTB).
“Na área de segurança, o que está acontecendo é que estados vizinhos estão investindo no combate à violência e a criminalidade está migrando para regiões menos protegidas. E nisso, Pernambuco tem sido bem atrativo”, completou o deputado Álvaro Porto (PSD).
INFRAESTRUTURA
Entre as obras visitadas pelos deputados, as prometidas obras de duplicação da BR-104 e PE-160 e o sistema de saneamento básico do município de Santa Cruz do Capibaribe são reivindicações antigas da população. Hoje, a BR-104 encontra-se completamente paralisada, a da PE-160 se arrasta há anos e o saneamento básico sequer foi iniciado. “São mais três promessas do PSB na lista de obras paradas, abandonadas, atrasadas ou nem iniciadas. Já vimos isso em Arcoverde, Serra Talhada e Afogados da Ingazeira. E o governador, da mesma forma, refazendo promessas antigas”, criticou Júlio Cavalcanti (PTB), se referindo ao Pernambuco em Ação, realizado na cidade no último fim de semana.
Além da não cumprida promessa na área de saneamento, a população da região sofre também com o desabastecimento de água. Alardeada pelo governo do Estado como alento para a população da região, a adutora do Pirangi não representou mudança. “Mesmo com a integração da adutora ao sistema do Prata, 70% da população de Santa Cruz do Capibaribe, por exemplo, não tem água nas torneiras em nenhum dia do mês”, detalhou Silvio Costa Filho.
No período da noite, ao final das visitas, a Bancada de Oposição realizou uma audiência pública na Câmara de Vereadores de Santa Cruz entre lideranças, representantes de associações comunitárias, empresários e entidades da sociedade civil para discutir os problemas e as ações prioritárias para a região. Na próxima semana, o Pernambuco de Verdade desembarca no Agreste Meridional.
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