“Eduardo não tá aqui mais não” mostra que o nível baixou
O senador Armando Monteiro, candidato do PTB a governador de Pernambuco, tem um inegável currículo e uma estatura política para ser governador de Pernambuco. Tal característica é reconhecida inclusive pelos adversários do senador.
Enquanto estava liderando as pesquisas, Armando Monteiro vinha fazendo uma campanha serena e propositiva. Isso durou até a semana seguinte ao enterro de Eduardo Campos. Mesmo assim, as pesquisas continuavam dando-lhe uma expressiva vantagem que precisava ser apenas administrada.
Com o início do guia eleitoral no dia 19 de agosto e o consequente crescimento de Paulo Câmara, candidato do PSB e seu adversário, Armando começou a disparar críticas ao postulante socialista. Até aí natural e esperado. Faz parte do processo político.
Com a virada de Paulo Câmara anunciada na última quarta-feira pelo Datafolha, ainda que dentro da margem de erro, Armando Monteiro partiu para o ataque. De todas as críticas proferidas ao adversário, a que foi fora de contexto foi um vídeo iniciado ontem no guia da tarde e repetido no da noite, quando um garçom atendendo um cliente numa mesa de bar, ao desconstruir Paulo Câmara, afirma categoricamente que Eduardo não está mais aqui.
Pode ter passado despercebido pela maioria do público mas fica evidente que ao tratar de um tema tão complexo quanto a morte de alguém, a candidatura do PTB definitivamente baixou o nível. A medida que isso for utilizado exaustivamente por Armando, pode ter um efeito bumerangue e acabar prejudicando mais ainda a sua campanha.
A história mostra que baixar o nível em campanhas eleitorais já surtiu algum efeito como em 1985 quando adversários acusaram Sérgio Murilo de ser assassino. Mas em outros casos como o das palafitas de Brasília Teimosa em 2004 no fatídico caso Maria do Socorro, ficou evidente que baixar o nível acaba fulminando as chances de uma campanha. Em 2008 o caso de Marta Suplicy insinuar que Gilberto Kassab era homossexual também não surtiu o efeito esperado.
Definitivamente é preciso ter cuidado com o que se fala nos momentos de acirramento de uma campanha eleitoral, sob pena de levar uma senhora repreensão nas urnas.
Processo – O deputado Mendonça Filho (DEM) está protagonizando um fato sui generis na eleição. Adversário do primo, o prefeito João Mendonça (PSD) de Belo Jardim, Mendonça entrou com uma representação no TRE contra o prefeito e o candidato Paulo Câmara (PSB) por informações divulgadas em Belo Jardim. Não seria nada demais se Mendonça não fizesse parte da coligação do PSB.
Rejeição – A pesquisa Ibope/CNI, que foi a campo antes do Datafolha e comemorada pelo PT por mostrar Dilma com 39% e Marina com 31%, também traz uma rejeição a presidente de 42%. Ou seja, pouca possibilidade de crescimento.
Aécio Neves – Lula começou a flertar com Aécio Neves tendo em vista um segundo turno para que, pasmem, o tucano apóie Dilma Rousseff. Se ele for, vai sozinho. Seus votos devem ir integralmente pra Marina Silva.
Felipe Carreras – Com a quantidade de apoios que tem no Recife e Região Metropolitana, Felipe Carreras (PSB) tem grandes chances de ser um dos deputados federais mais votados destas eleições.
RÁPIDAS
Vereadores – Dos vereadores-candidatos nestas eleições, a Câmara do Recife só deve mandar três para a Alepe. São eles: Priscila Krause, André Ferreira e Jadeval de Lima.
Lula Cabral – Pesquisa feita para deputado estadual coloca o ex-prefeito do Cabo entre os dez deputados estaduais mais votados. Há quem diga que Lula Cabral pode superar a casa dos 70 mil votos.
Inocente quer saber – Paulo Câmara continuará fugindo dos debates como fez ontem na Rádio Cultura de Caruaru?