Uma situação escandalosa persiste em silêncio há cinco anos no Recife. O drama dos catadores, que foram privados de sua fonte de renda com o fechamento do antigo Lixão da Muribeca, se arrasta desde julho de 2009, quando o aterro foi fechado, ainda na gestão de João da Costa. Estima-se que mais de 600 catadores permaneçam sem assistência. Na manhã de hoje, o grupo participou de uma audiência pública na Câmara Municipal, de autoria da vereadora Aline Mariano, para debater uma possível solução.
Foi descumprido, por parte do governo do Recife, um acordo efetivado na gestão passada através de TAC, que garantia benefícios e reinserção no mercado de trabalho para os catadores. Quando o aterro foi fechado, ficou definido que cada um dos três municípios que utilizavam o espaço – Jaboatão dos Guararapes, Moreno e Recife – ficaria responsável por uma parte dos trabalhadores. Os catadores questionam o fato de outros municípios como Moreno e Jaboatão dos Guararapes terem cumprido com sua parcela de responsabilidade, enquanto a capital permanece sem cumprir os acordos pré-estabelecidos.
Na audiência pública, que contou com a presença de representantes dos catadores, do Ministério Público e da Prefeitura, foram determinados os próximos passos para garantir o cumprimento do que ficou acordado. Com participação de aproximadamente 400 catadores, o Plenarinho da Casa de José Mariano não conseguiu acomodar todo o público, e parte do grupo aguardou de forma ordeira no estacionamento da Câmara até o fim do encontro.
“Eu já havia realizado uma audiência pública durante o governo de João da Costa para tratar deste tema. Na ocasião muito foi prometido, mas nada foi cumprido”, contou Aline. “Agora, a bomba caiu no colo do prefeito Geraldo Julio e ele precisará assumir a responsabilidade. Entendemos que se trata de um governo novo, com novos secretários, por isso queremos dar visibilidade ao caso e estabelecer novos acordos”, completou a vereadora.
A maior preocupação referente ao caso é assegurar as indenizações prometidas para aqueles que não puderem mais trabalhar, capacitação profissional, para que os aptos ao trabalho sejam reinseridos no mercado, e implantação de uma central de triagem para que os que assim desejarem, possam atuar com coleta seletiva. A luta é para garantir a dignidade dos ex-catadores. “Vamos reunir todo o material e produzir um vídeo temático reunindo informações das duas audiências públicas que realizei. Vou solicitar que o prefeito me receba para uma audiência juntamente com representantes da categoria e do Ministério Público para apresentar o material”, contou a vereadora.