Brasília, 06 de agosto – Candidato da Coligação Unidos pelo Brasil à Presidência da República, Eduardo Campos assumiu uma série de compromissos com o agronegócio brasileiro no encontro de presidenciáveis promovido pela Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), ocorrido hoje em Brasília. Marina Silva, sua vice, esteve presente ao encontro. Ele reafirmou a decisão de dialogar em torno da agenda que considera relevante para a construção de um ciclo de desenvolvimento sustentável para o País nos próximos 40 anos. Agroenergia, agricultura de baixo carbono – praticada por meio de técnicas estipuladas na Conferência das Partes (COP 15) –, programa nacional de fertilizantes e biocidas, agricultura orgânica e a estruturação dos serviços florestais para a geração de renda estão entre os temas destacados por Eduardo. “Vamos construir o diálogo com o olhar para o futuro. Não há desenvolvimento sem responsabilidade social. Não há desenvolvimento sem sustentabilidade”, disse.
Eduardo Campos apontou os problemas que o setor enfrenta, englobando energia, logística, questões relacionadas ao crédito, seguro e exportação, além da solução de passivos sociais relevantes. O governo federal, disse Eduardo, adotou políticas que sufocam o setor: “Nós precisamos do álcool brasileiro, da biomassa, dos empregos que estamos destruindo. São 44 usinas de açúcar que fecharam e tantas outras em recuperação extrajudicial. O setor de máquinas e equipamentos vive uma severa crise. É fundamental que tenhamos um compromisso com a solução de todas essas questões.”
Ele destacou que a base da sustentabilidade necessária para o setor depende de uma agenda capaz de responder às diversas dimensões do agronegócio brasileiro. “Resolvi destacar os cinco eixos estruturadores de nosso programa de governo, que tratam da governança do próprio Estado brasileiro na relação com o campo brasileiro e com o agronegócio, como também de políticas de renda e da infraestrutura”, afirmou. Conheça os compromissos assumidos pelo presidenciável na CNA:
Nova governança – “É preciso melhorar o padrão político do Brasil, que esclerosou e é um software que não roda as novas demandas da realidade brasileira. Essa máquina pública aparelhada, dividida, com um olhar de curto prazo, não vai dar conta da agenda inovadora de nenhum setor economia brasileiro”, afirmou Eduardo. Para ele, essa mudança envolve a estrutura do setor no governo e suas diversas políticas. “A agenda inovadora e de futuro do agronegócio não será terceirizada. O presidente vai assumir pessoalmente a liderança dos assuntos estratégicos do agro brasileiro, tanto da agricultura familiar quanto do agro brasileiro, para que não emperrem os assuntos transversais na burocracia e na falta da priorização”, comentou.
“Quero assumir o compromisso de fortalecer o Ministério da Agricultura, tirá-lo do balcão político dos partidos e lideranças, para colocá-lo nas mãos da competência de quem possa efetivamente inspirar um diálogo responsável, maduro, à altura das transformações que precisamos fazer. É preciso que quem faz o agronegócio possa olhar pra Brasília e enxergar um ministro que fale com o presidente da República, com o ministro da Fazenda, com os líderes no Congresso Nacional”, afirmou.
Segurança jurídica – Eduardo garantiu o cumprimento das leis e da Constituição como premissa fundamental do governo. “O compromisso de quem quer governar o Brasil em uma democracia é o compromisso com as leis para todos. Quem vai governar e jura cumprir a Constituição, tem que cumpri-la”, frisou. “Governei um Estado e cumpri a Constituição do primeiro ao último dia.”
Articulação das políticas de renda e crédito – O candidato elegeu a política de renda como ponto fundamental para garantir qualidade de vida no campo. “É preciso articular o crédito, o seguro e o preço mínimo.” Eduardo defendeu a modernização da política de crédito, hoje sustentada por uma legislação da década de 60, e maior agilidade na liberação dos recursos. “O crédito no Brasil tem uma legislação de 1965 e precisa se modernizar. Deve ser rotativo, tem que ser ágil e, efetivamente, andar casado com o seguro; porque crédito mal aplicado, sem seguro, mata quem produz. Mata o competente, mata o que arrisca, o que se dedica”, afirmou. “Hoje, o Brasil tem um sistema de seguro muito tímido, que tem insuficiência de dotação orçamentária e que, além de ser insuficiente, é errático, porque muitas vezes os empenhos, a liberação das equipes econômicas não sai a tempo de efetivá-lo e proteger a renda no campo”, afirmou. “Não adianta ter 150 bilhões, 180 bilhões, 200 bilhões de reais de crédito e fazer conta de palito na hora de viabilizar o subsídio e as subvenções para garantir o seguro no campo brasileiro”, acrescentou, defendendo, ainda, a institucionalização das políticas de preço mínimo.
Investimentos em logística – Eduardo ponderou que os gargalos da logística brasileira são conhecidos e apontou a melhoria da gestão como caminho para destravar as obras e investimentos do setor. “Tudo isso é mais uma questão de gestão, que de recursos, e nós precisamos ter consciência de que os levantamentos estão feitos, as prioridades estão definidas. Nós temos que colocar gente competente e capaz de transformar projetos em obras e ações.
Política comercial – O candidato apontou a importância de uma política comercial externa que potencialize o agronegócio. “O Brasil precisa de uma política, sobretudo uma visão de relações exteriores, inspirada na nossa Constituição. Essa política não pode ser a política externa de um partido. Precisamos ter uma política externa de Estado. E na hora em que tivermos a política externa de Estado, nós vamos destravar muito do que frustra hoje a expansão da nossa fronteira comercial para os bens da agricultura, da pecuária, e os bens industriais”, afirmou. “É preciso assumir com aqueles que produzem, que exportam, a necessidade de termos uma política comercial ativa; a capacidade de buscar mercados; de garantir um ativismo técnico junto ao órgãos de apoio da OMC”. Para Eduardo, o comércio exterior é uma das principais alavancas para a retomada do crescimento da economia brasileira a partir de 2015.