A disputa pelo controle da Mesa Diretora da Câmara de Vereadores de Camaragibe tem se transformado em um espetáculo de desrespeito ao regimento interno e às normas que sustentam a legislativa municipal. No centro dessa crise está o vereador Paulo André, que, movido por uma ambição desmedida, liderou uma tentativa desesperada de se autoproclamar presidente, ignorando completamente as regras lógicas e a legitimidade do processo.
Conforme o regimento interno, o vereador mais votado nas eleições, Heldinho Moura, assumiu a condução dos trabalhos da sessão solene, que deu posse aos vereadores eleitos, ao prefeito e à vice-prefeita. Após o encerramento da solenidade, foi convocada uma nova sessão ordinária, dentro do prazo regulamentar de 30 minutos, para a eleição da Mesa Diretora.
Na retomada, Heldinho Moura seguiu rigorosamente o protocolo, abrindo a sessão e solicitando a verificação de quórum, conforme previsto no Capítulo IV, Art. 9º do regimento. O resultado revelou que apenas 8 vereadores estavam presentes, número insuficiente para atingir os 2/3 necessários (9 vereadores). Diante disso, Heldinho encerrou sessão, declarando a vacância do cargo de presidente, em conformidade com o Art. 15 do regimento interno. Esse artigo estipula que, em casos de vacância, o vereador mais idoso assuma a presidência interina até a realização de uma nova eleição, no prazo máximo de 30 dias.
A decisão foi respaldada pelo procurador jurídico da Câmara, Rejânio de Lima Marques, um dos responsáveis pela elaboração do regimento em vigor. Rejânio reafirmou a legitimidade do procedimento ao declarar publicamente que, sem o quórum necessário, não seria possível dar continuidade à sessão. “Como não há número suficiente de vereadores, para instalar, infelizmente não tem como continuar”, afirmou.
Ainda assim, Paulo André, conhecido por sua postura autoritária e pela sede de poder, liderou um movimento para deslegitimar o processo. Numa manobra que pode ser descrita como oportunista e antidemocrática, o vereador tenta impor sua vontade a qualquer custo, ignorando não apenas as normas, mas também o espírito de respeito e diálogo que deveria guiar o legislativo.
Sua insistência em descumprir o regimento interno é uma frente direta à legalidade e à ordem institucional. A tentativa de Paulo André de se autoproclamar presidente não apenas desestabiliza a Câmara, mas também revela uma ambição política que parece estar acima dos interesses da população de Camaragibe.
Enquanto isso, o vereador Geraldo Alves, conforme estipulado pelo regimento, assumiu a presidência interina. Sua certificação respeita os trâmites legais e garante a continuidade dos trabalhos da Câmara até que uma nova eleição seja realizada dentro do prazo previsto.
A sociedade de Camaragibe precisa ficar atenta a essas movimentações que colocam em risco a transparência e a democracia na Câmara Municipal. O comportamento de Paulo André não pode prevalecer sobre as normas e a vontade coletiva dos representantes eleitos. A legalidade deve ser respeitada para que a Câmara continue a cumprir a sua função de servir ao povo, e não aos interesses de um único vereador movido por ambições pessoais desmedidas.
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