O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou, hoje, que não há previsão de conversar diretamente com o novo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Trump foi eleito em novembro e tomou posse no cargo no último dia 20. O governo brasileiro reconheceu a vitória em comunicados públicos, mas Lula não seguiu a praxe de telefonar para o político eleito. E indicou que não pretende fazê-lo.
“Não há nenhum interesse agora, acho que nem meu, nem dele. Essas conversas só acontecem quando você tem interesse, quando tem alguma coisa para tratar. Eu mandei uma carta para o governo americano dando os parabéns pela vitória, e é isso”, disse Lula. As informações são do portal G1.
“Se a gente não tiver oportunidade de se encontrar, porque ele não participa dos Brics… Se eu for convidado para o G7, a gente tem chance de se encontrar. Se não, a gente vai se encontrar na ONU – se ele não desistir da ONU também”, ironizou. “Obviamente, eu acho que esse negócio de descumprir o Acordo de Paris, que não vai dar dinheiro à OMS é uma regressão à civilização humana”, completou.
Lula também afirmou a jornalistas no Palácio do Planalto que, se Trump cumprir a ameaça de sobretaxar a importação de produtos brasileiros, o Brasil adotará medida semelhante. “Se ele taxar os produtos brasileiros, haverá reciprocidade no Brasil em taxar os produtos que são importados dos EUA. …] Ele só tem que respeitar a soberania dos outros países. Ele foi eleito para governar EUA. Outros presidentes eleitos para governar com outros países”, disse.
O retorno de Donald Trump à presidência dos EUA é um assunto delicado para o governo, já que os mandatários têm visões e lados opostos. Lula busca estabelecer uma relação pragmática com Trump, especialmente em questões ambientais.
Nesta terça-feira (28), Lula se reuniu com ministros, representantes da Força Aérea Brasileira (FAB) e da Polícia Federal para tratar da deportação de cidadãos brasileiros pelos Estados Unidos, que causou atrito entre os dois países.
A orientação dentro do governo, no entanto, foi para não criar atrito com o presidente recém-empossado dos EUA. Lula não quer se indispor com um país parceiro histórico do Brasil, ainda mais neste início de mandato nos EUA.
O encontro, realizado no Palácio do Planalto, ocorreu após o desembarque em Manaus (AM) de um grupo de 88 brasileiros deportados, transportados algemados e acorrentados. Isso motivou o governo brasileiro a pedir a retirada das algemas e a enviar um avião da Força Aérea Brasileira para terminar o transporte dos deportados.
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