O Mercosul deu o pontapé inicial em 2024 com uma reunião ministerial que delineou prioridades cruciais para o bloco sul-americano. Presidido temporariamente pelo Paraguai, o encontro reuniu chanceleres do Brasil, Argentina, Paraguai, Uruguai e Bolívia, este último em processo de entrada no grupo.
O ponto central das discussões foi a busca incessante pela conclusão do aguardado acordo comercial entre o Mercosul e a União Europeia (UE). O desejo de estreitar os laços comerciais entre os dois blocos foi manifestado em uma declaração conjunta, destacando a intenção de superar pendências e assinar um acordo equilibrado no menor tempo possível.
Essa parceria, objeto de negociações desde 1999, avançou significativamente em 2019, quando uma parte das discussões foi concluída, iniciando a fase de revisão. Desde então, as tratativas continuam, mas um entendimento final ainda não foi alcançado. A França, em especial, tem expressado preocupações ambientais em relação ao acordo, levantando críticas sobre a política para o meio ambiente adotada pelos países sul-americanos.
Além das negociações com a UE, os ministros também reafirmaram o compromisso em dar continuidade às conversas com a Associação Europeia de Livre Comércio (EFTA), formada por Suíça, Noruega, Islândia e Liechtenstein. O objetivo é finalizar um acordo comercial que beneficie ambas as partes.
A entrada da Bolívia no Mercosul foi outro ponto destacado na reunião. Os chanceleres expressaram apoio técnico ao processo de incorporação do país, conforme as disposições do protocolo de adesão. Essa inclusão representa um marco significativo, ampliando não apenas a composição populacional, mas também fortalecendo o Produto Interno Bruto (PIB) do bloco.
A logística e o transporte multimodal emergiram como temas de relevância estratégica durante o encontro. A hidrovia Paraguai-Paraná, delineada pelo Acordo de Santa Cruz de la Sierra, foi reconhecida como um eixo crucial para o desenvolvimento e integração regional, destacando a importância da infraestrutura para a competitividade no comércio exterior.
A reunião ministerial, além de abordar questões comerciais, incluiu discussões sobre a situação atual do processo de integração do bloco e perspectivas futuras. Para dar continuidade a essas conversas, está agendado um Seminário de Alto Nível em março, coincidindo com o 33º aniversário da assinatura do Tratado de Assunção.
Em dezembro do ano anterior, durante a Cúpula do Mercosul no Rio de Janeiro, o presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva celebrou a adesão da Bolívia ao bloco. Esse movimento representa um incremento significativo, reunindo 283 milhões de pessoas e um PIB de US$ 4,8 trilhões.
No entanto, desafios persistem. As questões relacionadas às compras governamentais e à nova lei europeia do desmatamento continuam sendo pontos de tensão nas negociações Mercosul-UE. A União Europeia defende a participação equitativa de empresas dos países-membros em licitações governamentais, enquanto o Brasil busca a retirada desse ponto do acordo.
Em março do ano passado, a União Europeia apresentou novas exigências climáticas, ampliando as preocupações ambientais. As negociações, apesar dos avanços, ainda enfrentam obstáculos, e o desfecho dessas discussões continua sendo aguardado.
Deixe um comentário