Por Terezinha Nunes
O governador Eduardo Campos é o maior exemplo em Pernambuco de um político que esteve quase no fundo do poço, chegando a obter míseros 4% dos votos como candidato a prefeito do Recife em 1992, e depois deu um salto, passando a integrar a categoria dos campeões em popularidade.
Desta forma não é impossível ao ex-prefeito João Paulo, que já foi manda-chuva no PT recifense, ressurgir em eleições futuras e até se eleger governador, seu grande sonho.
João Paulo está experimentando, porém, o seu mais doloroso momento político neste ano de 2012. Com grande popularidade no Recife, sendo o nome mais forte da Frente Popular para enfrentar as urnas da próxima eleição municipal, está vendo o PT caminhar para as prévias sem que seu nome seja sequer considerado como opção eleitoral.
Quais teriam sido os erros de João Paulo que contou com a perspicácia, a fama de bom companheiro e a ajuda da sorte para chegar onde chegou?
Na verdade, desde que ganhou as manchetes, saindo das portas de fábrica para o leito de um hospital no Governo Joaquim Francisco, quando teve duas costelas quebradas pela polícia durante uma manifestação dos sem-teto, o deputado federal petista experimentou uma linha ascendente que muitos imaginavam não fosse arrefecer.
Em 2000 enfrentou o candidato favorito a prefeito, Roberto Magalhães, como franco atirador, tanto que ninguém mais forte do que ele no PT se habilitou para a disputa, e acabou saindo vencedor por conta dos erros de campanha do adversário.
O restante da história todo mundo conhece. Mesmo não tendo feito grandes administrações, aproximou-se do então governador Jarbas Vasconcelos no primeiro mandato e no segundo já contou com a força de Lula para estabelecer.
Foi no final do segundo mandato que começou a errar e o erro político de hoje acaba cobrando sua fatura no amanhã.
Resolveu atropelar a tudo e a todos e eleger “um poste”, com o ficou conhecido na época o atual prefeito João da Costa.
O que o levou a romper relações com João da Costa até hoje não se sabe, embora existam muitas e felpudas especulações, mas o fato é que acabou defenestrado junto com seu grupo da sede do poder municipal.
Em seguida, aceitou ser secretário estadual na administração do governador Eduardo Campos sem autonomia sequer para escolher os principais auxiliares. Acabou desistindo.
Por fim, isolado no PT – nem é confiável para a CNB de Humberto Costa, Pedro Eugênio e Maurício Rands e muito menos tem o apreço do ex-afilhado – João cometeu mais dois erros graves.
O primeiro foi não ter saído do PT, mesmo que corresse o risco da perda do mandato que não seria ruim pois o transformaria em vítima na imagem popular.
Se isso tivesse acontecido com a sua migração para um outro partido da base do Governo seria hoje um candidato fortíssimo, podendo vir a receber o apoio público ou velado de partidos oposicionistas.
O segundo erro foi não ter, há um ano atrás, já que não tinha coragem ou condições de deixar o PT, se manifestado favorável às prévias e se declarado pronto para enfrentá-las. Pelo que se vê hoje de resistência a João da Costa, não havia como ele não sair vencedor.
Agora, se decidir disputar as prévias, o que é quase improvável, corre o risco de ficar em terceiro lugar, atrás de João da Costa e Maurício Rands.
Vença Maurício ou João da Costa as prévias petistas, ele perde de todo jeito. Maurício é hoje um nome muito mais do governador do que do PT e o governador, pelo que se sabe, até hoje não engoliu a forma como ele abandonou o seu Governo.
CURTAS
Concorrência familiar – A vereadora Marília Arraes não é mais a única da família do governador que vai pleitear mandato na Câmara de Vereadores do Recife. O jovem Flávio Campos, também primo de Renata e Eduardo, já anunciou sua candidatura. Com a divisão pode ser que um deles acabe sobrando na disputa dentro do PSB.
Três turnos – Partidários de João da Costa fazem as contas e consideram que o primeiro turno da eleição deste ano para o prefeito será a prévia do PT. Entendem que, vencendo a disputa com Rands, ele estaria mais forte para enfrentar os candidatos de oposição, podendo até liquidar a fatura no primeiro turno. Mas como a eleição municipal tem dois turnos, usando o mesmo raciocínio, João da Costa pode vir é a disputar três turnos e não dois se a fratura exposta for maior do que a esperada.
Só Jarbas – Amigos do prefeito comentam resultados de pesquisas informando que, mesmo baleado, João da Costa pode vencer a eleição. Apontam que ele só perderia hoje se o candidato da oposição fosse o ex-governador Jarbas Vasconcelos. Só que nem o PT está acreditando nisso, quanto mais a Frente Popular.
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