Após presenciar o descaso em diversos bairros da Região Metropolitana do Recife, durante a atual campanha, o candidato ao Senado João Paulo (PT) criticou, nesta segunda-feira (15), em sabatina na rádio JCNews, a ausência do governo municipal em áreas periféricas da capital pernambucana.
Segundo João Paulo, não adianta cuidar da saúde sem cuidar da limpeza da cidade. “Tenho visto muito lixo, principalmente nas áreas mais pobres; o prefeito vive dizendo que está fazendo Upinhas, mas não adianta fazê-las e deixar a cidade suja, pois o povo vai ficar doente do mesmo jeito”, afirmou.
Durante uma hora de programa, João Paulo discutiu sobre segurança, Petrobras, reforma política – uma de suas bandeiras -, maioridade penal, propostas para o Senado e supostas irregularidades envolvendo empresas fantasmas na compra e manutenção do avião Cessna Citation, que caiu em Santos (SP) com ex-governador Eduardo Campos (PSB) a bordo.
Eis a entrevista:
Pesquisas – Não há uma preocupação com pesquisas. Eu acho que nós temos preocupação com resultado da eleição; ganhar com Dilma em Pernambuco – nossa tarefa política -, ganhar com Armando e com a minha candidatura, além de eleger a maioria dos deputados estaduais e federais, que é o nosso objetivo estratégico. Quanto às pesquisas, elas fazem a fotografia de um determinado momento. E as pesquisas têm provocado muita confusão. Há distorções muito grandes, seja em relação aos meus resultados seja aos de Armando. Eu as utilizo, para efeito de avaliação e de estratégia de trabalho.
Banco Central – Em momento algum o governo de Lula ou Dilma deu autonomia ao Banco Central para estabelecer a política econômica. É lógico que tem de haver processo de discussão, moderação, mas a linha central é dada pelo do governo, o que é fundamental.
Traficantes – Só o aumento da pena por si não resolve, senão não teríamos essa superlotação nos presídios, que se tornaram grandes universidades do crime. E Pernambuco tem essa marca muito ruim, que é o de abrigar o pior presídio brasileiro: o Aníbal Bruno, de acordo com o CNJ (Conselho Nacional de Justiça). O primeiro passo seria garantir a pena em condições que a Constituição assegura aos apenados. Precisamos melhorar a tramitação dos processos, aparelhar as nossas policias, que estão muito desaparelhadas. Por causa disso, muitos crimes não são apurados. Só o aumento da punição não resolve. Temos que melhorar nosso sistema penitenciário e de justiça. Temos, em Pernambuco, em torno de 60 cidades que não têm delegacias e isso contribui para o aumento de impunidade.
Segurança – O Governo Federal tem ajudado muito os estados, seja com treinamento ou equipamento. Agora tem questões que são da responsabilidade do estado também, como a concepção de uma política mais humanizada do que repressiva; temos estados muito pobres que não tem condições de pagar um salário melhor aos seus policiais, principalmente a política militar, que vive situação mais precária do que a civil; temos ainda uma falta de contingente em Pernambuco; a falta de viaturas, mas ainda assim o governo tem ajudado muito aos estados, que precisam cumprir sua parcela de responsabilidade e prioridades, como educação saúde e segurança.
Petrobras – Acho que nunca a Polícia Federal fez tanta operação e prendeu tanta gente como nos governos Lula e Dilma. Mas qualquer coisa que envolva o Partido dos Trabalhadores ganha uma dimensão que não é dada a outros partidos. Veja o “mensalões do DEM, o do PSDB, os envolvidos no aeroporto de Minas Gerais, entre outras denuncias. Mas o PT só é tratado com ódio de classe.
2016 – Minha primeira tarefa é cuidar da minha eleição para o Senado. Eu acredito que cumpri meu papel como prefeito. E outra: no PT não existe isso de você dizer que é candidato e pronto; tem outros nomes importantes, como o de Humberto Costa, Fernando Ferro, Pedro Eugênio, Dilson Peixoto. Na nossa coligação com PTB tem nomes importantes, como o deputado Silvio Costa Filho, que tem esse sonho de ser prefeito. Eleito senador, gostaria de cumprir o meu mandato de senador, mas vamos discutir o que o partido vai querer no tempo necessário. Nem está descartado e nem colocado.
Sindicalista x patrão – Sempre tive diálogo com o setor empresarial, colocando nossas reivindicações. A prova é que muitos empresários, em cujas empresas liderei greves, votaram em mim para prefeito. Armando é um empresário do dialogo; foi presidente da CNI (Confederação Nacional das Indústrias), ajudou muito a dissipar o preconceito que se tinha em relação ao empresariado. É uma atividade importante para o Brasil, gera empregos. Empresário não é inimigo dos trabalhadores; há pontos de vistas que podemos discordar, mas isso faz parte da negociação. Não podemos fazer o que nossos adversários fazem: quando apoiaram Armando ao Senado era empresário progressista, mas quando é adversário, vira “patrão”.
Reforma política – Eu acho que esse caso da Petrobras justifica o financiamento público de campanha, mas não só financiamento. Temos que ter uma reforma política completa – voto no partido, fim das coligações proporcionais, voto em lista coordenada pelo partido, enfim, uma série de medidas e punições maiores para quem for para o financiamento privado. Esse momento é importante para uma reflexão em torno do financiamento privado de campanha e é uma proposta do PT no âmbito nacional.
Experiência – Eu quero dizer que minha experiência maior não é no Executivo, se somados todos esses anos. São 16 anos no Legislativo contra oito que fui prefeito do Recife. Quando fui prefeito, governamos para a cidade como um todo, pensando no futuro. Pensamos em projetos estruturadores para a cidade, como a Via Mangue – que só fiz a primeira parte, pois precisávamos de recursos do Governo Federal -, tiramos as palafitas de Brasília Teimosa, da Beira Rio; erradicamos a incidência de filariose na cidade; fizemos um grande de saneamento, ou seja, acredito que esses oito anos de governo ficaram como a minha maior referência como gestor público que talvez tenha superado os 16 anos de parlamentar. O acúmulo dessa experiência pode me ajudar muito no Senado. E ajudar muito o Governo Federal e o futuro governador de Pernambuco, Armando Monteiro.
Lixo – Tenho visto muito lixo na cidade, principalmente nas áreas de periferias, nas áreas mais pobres. Está um horrível; um fedor enorme. O prefeito vive dizendo que está fazendo Upinhas, mas não adianta fazer Upinha e deixar a cidade suja, pois o povo vai ficar doente do mesmo jeito. Recebi uma denúncia que houve uma redução no contrato na limpeza da cidade e, consequentemente, isso tem diminuído a limpeza na área de periferia. Acho que ele (o prefeito) deveria explicar isso, talvez por meio de um pedido de investigação, pois a questão do lixo na periferia é algo extremamente preocupante.
Propostas – No Estado tem alguns gargalos que atrapalham nossa economia e é nisso que tenho que ajudar o Governo do Estado. Um é o Arco metropolitano, que tem orçamento de R$ 1,3 bilhão e é fundamental para o desenvolvimento de Pernambuco e Região Metropolitana. A previsão da Fiat, em Goiana, que foi um esforço de Lula para trazer, tem uma perspectiva de sair 600 caminhões com carros para exportar, além de 28 empresas de acessórios. Esta é uma das principais prioridades; outra questão crucial é o Canal do Sertão, que vai garantir irrigação a outra região fértil que é o Araripe.
Maioridade penal – Sou contra a maioridade penal para menores de 18 anos. As penas no Brasil não têm garantia de retomada da vida do cidadão. Por isso, acho que aumentar a pena não reduz a criminalidade. A maioridade penal não é um elemento que vai modificar a vida das pessoas. O estado tem que garantir saúde, educação, segurança, cultura e valorização da vida.
PEC 300 – Sou favorável a uma lei que garanta um melhor salário para a polícia. A discussão no Congresso é que a maioria dos governadores alega que não têm recursos e nem orçamento para pagar e que a proposta vai contra a Lei de Responsabilidade Fiscal. Eles dizem que só se for para a União pagar tudo. E a União não tem condições de pagar. Mas acredito que vai ser no dialogo, na busca de alternativas, junto ao movimento sindical, que vamos encontrar a saída.
Avião – Por enquanto o que está se querendo é esclarecimento em relação a isso. As coisas não estão claras. Porque há a isenção da empresa Bandeirantes Pneus, em torno de R$ 100 milhões, e a compra do avião e as empresas laranja que pagaram. Estamos aguardando um esclarecimento do PSB.
CRIAÇÃO DE MUNICÍPIOS
Minha posição é contra a criação de novos municípios, sempre assumi essa posição. Porque temos na verdade muitos municípios que hoje não tem condições de serem municípios. Criando municípios vai aumentar despesas com Câmara, Prefeitura, secretários, cargos comissionados, prefeitos, e só tem um bolo. Normalmente o repasse do Governo Federal, através do Fundo de Participação dos Municípios (FPM). Tem alguns casos, a meu ver, que poderia ser levado em considerações.
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