Na volta do recesso legislativo do Senado Federal, o senador Jarbas Vasconcelos (MDB) concedeu ao Blog Edmar Lyra uma entrevista exclusiva sobre a sua expectativa para o ano de 2020 em Brasília, avaliando o cenário nacional e as pautas que serão colocadas no Congresso Nacional, bem como a participação do seu partido, o MDB, nas eleições municipais levando em conta a conjuntura estadual. Confira a seguir:
EDMAR LYRA – Senador, como o senhor avalia o quadro nacional envolvendo a figura do presidente Jair Bolsonaro? Ele está indo no caminho certo?
JARBAS VASCONCELOS – Se o Presidente e os filhos dele falassem menos talvez acertassem mais. Avançamos em 2019 em pautas importantes, como a reforma da previdência, mas há muito a fazer para o País sair da crise em que se encontra, com mais de 12 milhões de desempregados. É urgente avançarmos em outras reformas vitais, como a tributária – já que os impostos gerados por diferentes instituições inibem o empreendedorismo, a geração de emprego e a cadeia produtiva – e a reforma administrativa – é preciso diminuir o peso da máquina pública deixando ela mais justa, eficiente e ágil.
Sabemos que 2020 é um ano eleitoral, o que contribuiu para um ambiente mais confuso e instável no Congresso Nacional em função das movimentações por todo o País. Mas independente de ser um ano marcado pelas eleições municipais não devemos fugir das discussões importantes e necessárias para a nação.É preciso que todos desçam dos seus palanques e se unam em favor dos interesses do nosso povo.
EL – Nas eleições de 2018 a conjuntura política fez o senhor ter que se aliar ao senador Humberto Costa. Hoje a sua relação com ele continua boa?
JV – Minha relação com Humberto é pautada sempre por muito respeito e colaboração. Foi assim durante a campanha e segue assim no Senado Federal. Convergimos nos interesses de Pernambuco.
EL – Em quase 50 anos de vida pública o senhor disputou nove eleições majoritárias vencendo seis, sendo duas vezes senador, governador e prefeito. Qual o cargo que o senhor mais gostou de ocupar?
JV – Todos os cargos em que ocupei ao longo desses quase 50 anos de vida pública me desafiaram a fazer o meu melhor, e isso sempre foi muito motivador pra mim. Mas o que eu sempre falo é que foi com ocargo de Prefeito do Recife que encontrei uma afinidade diferente. Porque como Prefeito eu podia estar acompanhando mais de perto os problemas e soluções para as diversas questões da cidade. É um cargo de muita proximidade com a população, que me permitia estar sempre na rua.
EL – Nas eleições deste ano, como o senhor enxerga o quadro da disputa pela prefeitura do Recife? O MDB integrará a chapa majoritária?
JV – Na política tudo tem seu tempo. Hoje fazemos parte da Frente Popular, que reúne vários partidos e tem bons quadros. Nossa relação com o Governo é de apoio político e administrativo. E nós, que fazemos parte do MDB no Estado, estamos conversando e vendo as nossas estratégias para as eleições desse ano. Queremos continuar crescendo e fortalecendo a nossa legenda assim como fizemos em 2016, quando fomos a secção estadual do partido que mas cresceu no Brasil. Já externei que gostaria de ver Raul Henry candidato no Recife nas eleições desse ano mas respeito o seu tempo de reflexão e a sua decisão futura.
EL – Quando o senhor foi candidato a senador em 2018 escolheu como seu suplente Fernando Dueire. O que lhe motivou a fazer essa escolha?
JV – Fernando Dueire é um quadro altamente qualificado que caminhou ao meu lado quando governei o Estado. Ele esteve àfrente da Secretaria de infraestrutura – pasta que gestava muitas disciplinas e competências dentro do governo. Vale lembrar que quando deixei o Governo ele continuou atuando ao meu lado. É uma pessoa respeitada, leve, capaz, com quem estabeleci uma sólida relação de confiança e amizade. Dessa forma, sua posição na minha suplência ocorreu como um movimento natural e de indiscutível legitimidade.
EL – Entre 2017 e 2019 o senhor travou uma batalha jurídica e política com o senador Fernando Bezerra Coelho, hoje estão em sintonia, o que aconteceu para mudar o quadro?
JV – Tivemos uma batalha jurídica muito desgastante de fato. Quando começamos essa legislatura no Senado, no início de 2019, tivemos uma reunião em Brasília onde estávamos eu, Raul e Fernando. Passamos a limpo as nossas posições e viramos essa página. Como mantivemos o controle do partido, oferecemos a Fernando espaços políticos onde ele tem mais forte a sua representação eleitoral. E assim estamos seguindo a nossa vida partidária.
EL – O MDB governou Pernambuco pela última vez com o senhor até 2006. De lá pra cá existe uma hegemonia do PSB em Pernambuco. O senhor acha que é chegada a hora de o MDB disputar o governo? Quais seriam os nomes do partido para esta empreitada?
JV – Política cumpre etapas. Existe o tempo certo para analisar as estratégias que o nosso partido vai adotar. E assim como asdemais legendas, o MDB deseja ter sim a oportunidade de servir mais diretamente à população através do comando do executivo. Esse desejo é um desejo natural e legítimo, porém a ser analisado no tempo certo.
EL – O PSB praticamente definiu que João Campos será o nome da Frente Popular para as eleições deste ano, o senhor acha que ele tem condições de ser um bom prefeito?
JV – Cada partido tem a sua estratégia e a candidatura de João Campos é algo que deve ser tratado pelo partido dele, o PSB, para que em seguida essa decisão seja dividida com as demais legendas que formam a Frente Popular. O importante é que possamos ter unidade em torno de um candidato comprometido com as propostas e desafios do Recife.
EL – Quais são os planos de Jarbas Vasconcelos para o ano de 2020 no tocante ao seu mandato em Brasília?
JV – Pernambuco é a prioridade dentro da minha atuação em Brasília. E não poderia ser diferente. Estou completando em março 50 anos de vida pública e sempre foi ao Estado que entreguei o meu esforço e dedicação, seja como deputado estadual, deputado federal, prefeito do Recife, governador e senador. Agora nesse primeiro semestre de 2020 vamos ter a liberação de cerca de R$ 40 milhões em emendas articuladas no fim de 2019. Esse recurso vai ser aplicado nas áreas de saúde e infraestrutura, em regiões e municípios da zona da mata, agreste e sertão. Parte desses valores será aplicadadiretamente pelo Governo do Estado e também por mais de 50 municípios e 17 entidades de prestação de serviço público.
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