Por Terezinha Nunes
O governador Eduardo Campos e o senador Jarbas Vasconcelos protagonizaram esta semana uma cena que deu muito o que falar mas que não representou nenhuma novidade na história política recente do nosso Estado.
Desde que teve fim o regime militar, quando Governo e Oposição quase não se cumprimentavam, todos os governadores, de uma forma ou de outra, buscaram apoio dos oposicionistas no Senado ou na Câmara para a aprovação de projetos de interesse do estado.
Aconteceu assim com Joaquim Francisco, com o Miguel Arraes, com o próprio Jarbas e agora com o governador Eduardo Campos. Os dois lados, diga-se de passagem, estenderam-se as mãos sem cerimônia, demonstrando que, apesar de nosso estado ser, tradicionalmente, muito radicalizado, os políticos pernambucanos têm-se mostrado grandes nestas ocasiões.
Em 2005, coube a Jarbas, na comemoração dos 27 anos do Porto de Suape e inauguração da avenida portuária e de outras obras de infraestrutura, homenagear, sem distinção partidária ou ideológica, todos os governadores, desde Eraldo Gueiros, que se envolveram na construção do Porto. Nos 30 anos de Suape, Eduardo fez o mesmo.
O que teria, então, levado a tamanho alvoroço, manifestado na imprensa e nos meios políticos, o encontro de Eduardo e Jarbas no gabinete do senador pernambucano em Brasília?
Talvez a única explicação seja mesmo o fato de a oposição pernambucana estar tão diminuta que um entendimento dessa magnitude, acabe dando a impressão de que, afinal, ela vai acabar. O que seria inusitado.
Só o tempo dirá até onde uma reaproximação entre estes dois líderes possa vir a ultrapassar o puro interesse administrativo e resvalar para um entendimento político.
Se isso vier a ocorrer, Eduardo e Jarbas terão fechado um ciclo da política pernambucana que se caracterizou por um desentendimento entre duas grandes lideranças de esquerda – Arraes, avô de Eduardo, e o próprio Jarbas – que levou este último a deixar de lado as restrições que então fazia à direita estadual e a ela se aliar, através do PFL, para realizar o sonho de governar o estado.
A senha para isso não estaria, porém, no encontro entre os dois em Brasília mas na entrevista que o senador concedeu ao Portal UOL, da Folha de São Paulo, quando afirmou que, para alçar voo nacional, Eduardo precisaria se afastar do PT. Na mesma entrevista, ao mesmo tempo em que reconheceu que Eduardo está fazendo um governo aprovado, Jarbas fez críticas contundentes ao PT, como se quisesse apontar diferenças entre os dois.
Muitos interpretaram isso como uma senha. O senador estaria querendo sinalizar que até poderia se reaproximar de Eduardo. Do PT, não. Ou ele estaria apenas fazendo uma análise política dos fatos e constatando que, para os petistas, fora do partido deles não há salvação, nem mesmo para Eduardo?
Afinal Jarbas foi vítima do radicalismo do PT várias vazes. Candidato a prefeito e a governador tentou obter o apoio do partido, através de Lula, e deu com os burros n`água. O próprio Lula o visitou em surdina no Recife, duas ocasiões, prometeu apoio e depois recuou alegando resistência do PT local.
Aliás, da mesma forma que não abre mão de seu espaço nem mesmo para Eduardo, o PT, quando está na oposição, se mantém firme até o fim. Foi assim com Arraes ao qual chamou de “Pinochet de Pernambuco” e com Jarbas que, mesmo com muito poder em determinada ocasião, teve como oposição na Assembléia exclusivamente os deputados do PT. Até os do PSB, então comandados por Eduardo, que estava na oposição, votavam com o Governo.
Isso talvez até explique porque a oposição está tão pequena atualmente. Afinal o PT agora é Governo, mesmo que por porta de travessa.
CURTAS
Campeões – Uma das características desta eleição municipal tem sido o grande desgaste dos prefeitos. Basta ver aqui perto os exemplos de João da Costa e Renildo Calheiros. Há, porém, algumas exceções no Grande Recife ou aqui bem perto. São os prefeitos tucanos de Jaboatão dos Guararapes, Elias Gomes, com mais de 60% de aprovação e o prefeito Romero Leal, de Vertentes, cuja popularidade no município, atestada em pesquisas, está superior ao índice do governador Eduardo Campos.
TCE dá munição – O relatório do TCE sobre as contas do governo Eduardo Campos em 2010, aprovado recentemente, deu munição aos candidatos aprovados em 2008 no concurso para professores da rede estadual e até agora não aproveitados. O documento aponta que há 10.622 cargos vagos na Secretaria da Educação e pede explicações. Os concursados estão nas redes sociais pedindo ajuda pois a validade do concurso está para expirar.
Frisson nas Câmaras – Com a proliferação dos pequenos partidos e a grande quantidade de vereadores de mandato apoiando os prefeitos candidatos à reeleição, corre à boca pequena que esses prefeitos vão ser obrigados a, nas convenções do meio do ano, fazer grandes chapões para poder dar sobrevida aos atuais vereadores candidatos em 2012. Se isso ocorrer , vão ser bastante turbulentas as convenções.
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