Por Terezinha Nunes
Com direito a passagem pelo local do governador Eduardo Campos, que aproveitou para sugerir aos demais municípios atingidos que façam o mesmo, o município de Jaboatão mostrou, no último domingo, que é possível, neste país de obras infindáveis, inacabadas ou mal feitas, fazer exatamente o contrário.
Após queimar as pestanas por quase dois anos seguidos pelos caminhos da burocracia estadual e federal e na localização de uma jazida marinha capaz de fornecer 1 milhão e 800 metros cúbicos de areia ( 100 mil caminhões-caçamba) o prefeito Elias Gomes está conseguindo, num período de sete meses, concluir a maior obra de engorda da praia já realizada no Brasil.
Até o dia 20 de setembro – sete meses depois da instalação do canteiro-de-obra – os jaboatonenses vão receber de volta 5 quilômetros e 800 metros de praia – o correspondente, em extensão, à avenida Boa Viagem – pondo fim a uma angústia de décadas, quando o mar foi avançando sobre a cidade, levou a areia, e já corroia alicerces de prédios e casas à beira-mar.
Os R$ 41 milhões de custo da obra vieram de emenda do deputado federal Sérgio Guerra, do Ministério da Integração e dos cofres municipais.
Recife, Olinda e Paulista sofrem do mesmo problema mas as soluções estão longe da concretização.
Em termos de obras públicas, porém, Recife e Olinda, sobretudo, estão muito a dever no que se refere não só a agilidade como ao resultado obtido.
As duas optaram por obras urbanas também importantes mas se deram mal.
Os exemplos são quase semelhantes. Recife, na gestão do prefeito João Paulo, construiu uma solução até hoje contestada para a Conde da Boa Vista, conseguindo, ao mesmo tempo, desagradar os usuários do transporte coletivo e os proprietários de automóveis particulares. Criticada duramente, a obra, que custou 14 milhões na época, vai ter que ser modificada por completo pelo prefeito Geraldo Júlio.
Olinda fez pior. O prefeito Renildo Calheiros copiou o mau exemplo de João Paulo e transformou a Avenida Presidente Kennedy numa Conde da Boa Vista piorada. Gastou R$ 8 milhões, até hoje não concluiu o corredor de transporte público projetado, não consegue corrigir erros de engenharia da obra , nem resolver os gargalos de mobilidade no seu entorno.
O que distancia Jaboatão, Olinda e Recife neste quesito, além do valor das o0bras citadas?
Uma resposta, pelo menos, salta aos olhos. Jaboatão levou o assunto mais a sério, empenhou-se tecnicamente e politicamente para conseguir seu objetivo e contou, como não poderia deixar de ser, com a determinação do gestor público, no caso, o prefeito, que não mediu esforços para conseguir seu objetivo, sem ultrapassar um milímetro sequer do limite do razoável.
Não se pode dizer que os outros dois prefeitos passaram do limite. Não há porque desconfiar deles. Mas, embora tivessem boas intenções, optaram por um resultado administrativamente e tecnicamente desastroso.
Nem Jaboatão, nem Recife e nem Olinda inventaram soluções. O Brasil está cheio de corredores de transporte, de todos os matizes, em avenidas de suas grandes cidades. Engorda do mar é algo já testado e aprovado nas praias de Copacabana (Rio) e Iracema (Ceará).
Mas na competência e na agilidade do fazer, Jaboatão ficou anos-luz à frente dos demais.
Curtas
Liderança – A disputa entre dois grupos de deputados que são contra ou a favor do voto aberto em plenário revelou um novo líder esta semana na Assembléia: o deputado Raimundo Pimentel (PSB). Ele conseguiu tirar dez deputados do plenário para evitar ser derrotado na sua pretensão de manter o voto fechado para a mesa-diretora. Conseguiu com isso vencer todos os líderes do governo juntos.
Senado – A pesquisa feita e divulgada pelo PSC esta semana mostrou algo inusitado. Nas intenções de voto para o Senado, ela revelou um empate técnico entre o governador Eduardo Campos e o senador Jarbas Vasconcelos, testados em cartões separados. Como parece impossível que os dois disputem o mesmo cargo, se a eleição fosse hoje qualquer um que disputasse teria amplas chances de vencer.
Múcio – O ministro do TCU José Múcio Monteiro voltou a ter seu nome cogitado para disputar o governo de Pernambuco em 2014. Ainda mais agora que Lula entrou em campo para convencer o governador Eduardo Campos a desistir da disputa e apoiar Dilma. Múcio hoje é elemento de ligação entre Lula e Eduardo.
Deixe um comentário