Blog do Kennedy
A presidente Dilma Rousseff deveria fazer uma autocrítica pela condução que deu à maior empresa brasileira. O balanço do ano de 2014, divulgado ontem pela Petrobras, deixa claro que o excesso de intervenção, como tentar segurar a inflação praticamente congelando o preço dos combustíveis, fez mais mal à Petrobras do ponto de vista econômico do que a corrupção.
Já ocorria intervenção política na Petrobras durante o governo Lula, sobretudo aceitando nomeações partidárias que resultaram em corrupção. Mas Dilma exagerou na dose do intervencionismo de um modo que sacrificou muito as finanças da estatal. Já a corrupção fez um dano maior à imagem da companhia.
Hoje, o mercado vai analisar com lupa o balanço da empresa . Haverá uma resposta na Bovespa e nas Bolsas do exterior. Se a reação for positiva, pode ser o início de uma nova fase para a Petrobras. Poderá haver uma trégua.
A empresa ficará menor, mas terá condição de voltar a crescer no médio e longo prazo, porque possui ativos muito bons. Só a reserva de petróleo do pré-sal é uma riqueza imensa.
No entanto, será importante acompanhar como o mercado vai analisar esse balanço, que contabiliza R$ 6,2 bilhões de prejuízo com a corrupção e mais R$ 44,6 bilhões com projetos equivocados e com a piora do mercado mundial do petróleo.
Na gestão de Maria das Graças Foster, foi discutido lançar uma perda contábil de até R$ 88,6 bilhões de reais. Agora, somadas a corrupção, a incompetência e as oscilações do mercado internacional, houve prejuízo total de R$ 50,8 bilhões. São quase R$ 38 bilhões de diferença.
É preciso que isso seja explicado, porque os auditores que se recusaram a endossar o balanço da gestão de Graça Foster são os mesmos da administração Aldemir Bendine. Havia inconsistência na visão de Graça? Há algum tipo de maquiagem contábil agora?
Se os auditores assinaram, parece que não. Mas essa resposta só será dada ao longo do dia, quando ficar medida a reação dos investidores e analistas do mercado sobre o balanço divulgado ontem à noite.