Agência O Globo
O ministro das Cidades, Gilberto Kassab, reconheceu nesta quarta-feira que o Brasil está aquém dos que precisa ser feito na área de saneamento. Ele destacou que isso contribui para a proliferação do mosquito Aedes aegypti, transmissor da dengue, chicungunha e zika.
O ministro participou, na sede da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), do lançamento da Campanha da Fraternidade de 2016, que tem como foco o saneamento básico.
– Hoje aqui vivemos no Brasil uma preocupação com o combate à proliferação de vírus, em especial aquele vinculado à dengue e ao zika, e que efetivamente tem uma vinculação muito forte com a ausência de saneamento, tratamento e esgotamento sanitário nas dimensões priorizadas pelas organizações mundiais. O Brasil infelizmente está ainda aquém desses índices. Por mais que nos últimos anos, e em especial nos últimos 12 anos, tivemos melhorias que não tivemos em outras épocas na história do Brasil, ainda deixamos a desejar – disse Kassab.
Segundo ele, a questão do saneamento é mais problemática hoje do que era há alguns anos.
– No momento em que esse tema foi escolhido, há dois anos, nós tínhamos já a sensibilidade, o sentimento, e os senhores também, do quanto é problemática essa questão. Mas hoje ela é muito mais problemática, ela cresceu exponencialmente nos últimos dois anos – disse Kassab, acrescentando: – O governo federal fará sua parte e um esforço muito grande para dar todo o apoio a essa campanha da fraternidade. Contem conosco, contem com nosso engajamento, contem com a nossa participação efetiva para que possamos ter o sucesso dessa campanha.
O presidente da CNBB e arcebispo de Brasília, Sergio da Rocha, e o presidente do Conselho Nacional de Igrejas Cristãs (Conic) e bispo da Igreja Episcopal Anglicana do Brasil, Flávio Irala, também chamaram atenção para a questão. Esta é a quarta vez que a campanha da fraternidade, uma iniciativa da CNBB, é realizada em parceria com outras igrejas cristãs, por meio do Conic.
– Os temas (da campanha da fraternidade) têm exigido sempre a participação do poder público. Obviamente o tema deste ano exige muito mais, pela natureza do saneamento básico. Infelizmente, a nossa casa comum está sendo hoje assolada pelo mosquito transmissor de doenças, o Aedes aegypti. A nossa família comum está sofrendo e morrendo por causa das enfermidades transmitidas por ele. A falta de saneamento básico tem contribuindo para a proliferação dos mosquitos, está entre suas principais causas – afirmou Sérgio da Rocha.
– O acesso ao saneamento deve ser considerado um bem de caráter público, destinado à inclusão social e à garantia dos principais instrumentos de proteção da qualidade dos recursos hídricos, dos inibidores de doenças, como cólera, febre amarela, chicungunha, dengue, diarreia, bem como para evitar a proliferação do vírus zika – disse Flávio Irala.
Durante a cerimônia, também houve críticas à construção de usinas hidrelétricas no rio Tapajós, no Pará, que ameaçariam comunidades próximas. Falaram contra as usinas Flávio Irala e Pirmim Spiegel, diretor-geral da Misereor, entidade episcopal da Igreja Católica na Alemanha.