Brasília, 24/04/18 – Vice-líder do governo no Senado e incansável defensor de políticas públicas que resultem em mais equilíbrio entre as regiões do país, Fernando Bezerra Coelho (MDB-PE) apresentou, nesta terça-feira (24), emenda à Medida Provisória 812/2017, que altera o cálculo das taxas dos fundos constitucionais do Norte (FNO), Nordeste (FNE) e Centro-Oeste (FCO). Pela proposta do senador, passa a ser aplicado o Coeficiente de Desenvolvimento Regional (CDR) em financiamentos de projetos de infraestrutura e também àqueles considerados estruturantes nestas três regiões, como é o caso de empreendimentos nas áreas de siderurgia, petroquímica, saneamento, ferrovias e transmissão de energia, entre outros que demandem grandes investimentos financeiros. Com isso, os juros de empréstimos para serviços e obras desta natureza cairão significativamente, ficando alinhados às novas taxas de administração dos bancos responsáveis pelos fundos constitucionais que, conforme a MP 812, serão reduzidas gradativamente até 1,5% ao ano (em 2023).
“O efeito dessa emenda à medida provisória é a ampliação significativa da oferta de crédito no Norte, Nordeste e Centro-Oeste para projetos estruturantes e de infraestrutura, de forma a acelerar o processo de desenvolvimento destas regiões, alavancar recursos e ampliar o acesso ao crédito”, explicou Fernando Bezerra, durante a análise do relatório da deputada Simone Morgado (MDB-PA) à MP 812. “A aprovação desta emenda é essencial para que as regiões mais carentes do Brasil não sejam privadas de um importante instrumento de crédito para o incremento de sua infraestrutura e seu desenvolvimento econômico e social”, acrescentou o senador.
Pela proposta de Bezerra Coelho, os encargos financeiros previstos para operações de crédito não-rural realizados com recursos do FNO, FNE e FCO – conforme prevê a MP 812 – também se aplicarão aos recursos do Programa de Integração Social (PIS) e do Programa de Formação do Patrimônio do Servidor Público (Pasep), além do do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT), quando destinados por bancos públicos oficiais para projetos (estruturantes e de infraestrutura) nas três regiões e contratados a partir de 2019. “Portanto, sem qualquer impacto financeiro neste ano”, observou o vice-líder, que também defendeu a proposta junto aos dirigentes do Banco do Nordeste (BNB), Romildo Rolim, e do BNDES, Dyogo Oliveira, além do ministro-chefe da Casa Civil, Eliseu Padilha.
O vice-líder é autor da Política Nacional de Desenvolvimento Regional (PNDR), construída desde a época em que Fernando Bezerra era ministro da Integração Nacional (entre 2011 e 2013), já aprovada por diferentes comissões do Senado e que prevê o Coeficiente de Desenvolvimento Regional (CDR). Nesta manhã, durante a análise da MP 812, a emenda apresentada por Bezerra Coelho foi apoiada pelos senadores Otto Alencar (PSD-BA), presidente da comissão mista responsável pelo aprimoramento da medida provisória, e Lúcia Vânia (PSB-GO), relatora-revisora do colegiado. Por um pedido de vista coletiva, a apreciação da MP 812 será retomada nesta quarta-feira (25), às 15h30.
LUCRO DOS BANCOS – Também nesta terça-feira, o senador Fernando Bezerra Coelho voltou a defender a redução “sensível” dos juros do cartão de crédito e do cheque especial, além do estímulo à concorrência entre os bancos. Durante audiência pública na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado, o relator da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Cartões de Crédito observou ao presidente da Federação Brasileira dos Bancos (Febraban), Murilo Portugal, que “não se justificam” as taxas do cartão e do cheque especial cobradas no Brasil.
“Que vão 20% até 320% ao mês”, ressaltou Fernando Bezerra. Para debater o tema “Inovação e competição: novos caminhos para a redução dos spreads bancários”, a CAE convidou, além de Murilo Portugal, o economista e professor da PUC-RJ, Vinícius Carrasco, e o diretor de Relações Institucionais do Nubank (startup nacional que funciona como operadora de cartões de crédito e banco “100% digital”), Bruno Magrani. Resumidamente, spread pode ser entendido como o lucro dos bancos: a diferença entre o custo do dinheiro para a instituição bancária (o quanto ele paga ao tomar um empréstimo) e o quanto ele cobra para emprestar dinheiro ao consumidor.
Durante a audiência pública, proposta pelo senador Armando Monteiro (PTB-PE), Murilo Portugal atribuiu o elevado spread bancário brasileiro às altas taxas de inadimplência e aos custos regulatórios e administrativos do setor bancário. O economista Vinícius Carrasco avaliou como “algo preocupante” os lucros dos bancos, lembrando que o país registra a menor taxa básica de juros (Selic) desde 1986 (6,5% ao ano). Já Bruno Magrani criticou a concentração e a verticalização do sistema financeiro (controle do crédito e de serviços pelos bancos), defendendo a pulverização do mercado e o desenvolvimento das chamadas “fintechs” (sigla em inglês para definir empresas de tecnologia que oferecem serviços financeiros.
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