Em evento carregado de emoção, que serviu para reafirmar a capacidade do povo nordestino para dar conta de grandes desafios, o petroleiro João Cândido foi lançado ao mar, nesta sexta-feira (25). A embarcação é a primeira a ser construída no Nordeste e a maior em operação no Brasil.
“Valeu a pena esperar por este momento e, se querem saber, digo como, disse o poeta Gonzaguinha, que começaria tudo outra vez se preciso fosse”, declarou o governador Eduardo Campos, último orador da solenidade realizada no Estaleiro Atlântico Sul (EAS), no município de Ipojuca, a 57 km da capital.
“São centenas de filhos de cortadores de cana-de-açúcar que entregam o maior e melhor navio feito pelo talento do povo brasileiro”, comemorou Eduardo, lançando defesa sobre a “curva de aprendizagem” em relação ao tempo empregado para construção do navio. Ele ainda lembrou o início do processo, que aconteceu durante o governo Lula. “Se tem alguma coisa que atrasou foi a chegada do presidente Lula à Presidência da República, que fez a inversão das políticas públicas no Brasil”, cravou
Além de Eduardo Campos, estiveram presentes os presidentes das estatais, Graça Foster (Petrobras), e Sérgio Machado (Transpetro) e mais de cinco mil empregados do EAS. Todos estavam muito emocionados, o que só aumentou quando às 12h05, o João Cândido deu partida rumo â Bacia de Campos, no Rio de Janeiro, onde receberá a sua primeira carga.
A entrega à Transpetro do navio João Cândido também foi um misto de realização com pactuação de novos compromissos. O segundo navio made in Pernambuco, o Zumbi dos Palmares, ficará pronto até fevereiro de 2013. Tanto o João Cândido como o Zumbi dos Palmares são encomendas do Programa de Modernização e Expansão da Frota da Transpetro (Promef) e fazem parte da carteira das 49 embarcações em construção na nova fase da indústria naval brasileira. Ao total, 22 navios foram contratados ao EAS, ao preço de R$ 10,8 bilhões.
O João Cândido materializa a garra, a esperança e a perseverança dos pernambucanos. Soldadora do EAS, Zuleide Maria de Souza ficou com a missão de representar o sentimento dos companheiros de labuta. “É uma emoção muito grande ver esse navio pronto. Nele, tem um pedaço de mim e de cada um de nós que ajudou a construí-lo. O EAS é minha família e os meus filhos querem trabalhar nele também”, disse emocionada.
Um show à parte, o cozinheiro da embarcação, Renilson Chagas Ferreira apresentou a música que compôs para o navio. “Está chegando a hora de comemorar. O João Cândido já vai navegar”, dizia o refrão entoado pelo chef e seguido pela multidão, que formava um mar de camisas azuis com o dizer ‘Eu participei dessa grande conquista’.
Também nordestino, o Cearense Sérgio Machado, presidente da Transpetro está muito otimista com a produção pernambucana. “Há hoje seis mil navios na carteira mundial do processo fabril naval. Em dois anos, tenho certeza de que com a vontade de vocês passaremos o Japão e seremos a terceira maior indústria naval do mundo”, aposta, lembrando que demorou 30 anos para Coréia chegar à liderança no setor.
INDÚSTRIA NAVAL– Outras quatro embarcações contratadas aos estaleiros pernambucanos já estão com os trabalhos iniciados, sendo que o terceiro e o quarto navios encontram-se em processo de montagem e mais adiantados. Todos os navios terão as mesmas proporções de tamanho, altura e capacidade.
Assim como João Candido, os petroleiros pernambucanos terão capacidade de transportar, em uma única viagem, a metade da produção diária de petróleo realizada no Brasil. As proporções do navio entregue hoje são de impressionar. Tem 51,6 metros por de 274 metros. Em medidas mais inteligíveis, o João Cândido equivale à quase duas vezes a altura do Cristo Redentor (30 m) e mais do que dois campos de futebol (240 m) no cumprimento.
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