A Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe) aprovou uma lei que dá o título de Patrono dos Direitos Humanos de Pernambuco a Dom Hélder Câmara. O autor da Lei nº 17.006, já sancionada pelo governador de Pernambuco, é o primeiro-secretário da Alepe e deputado estadual, Clodoaldo Magalhães (PSB). Em 26 de dezembro de 2017, o líder religioso já havia sido declarado como Patrono Brasileiro dos Direitos Humanos, através da Lei Federal nº 13.581. Faltava o reconhecimento estadual.
Dom Hélder Pessoa Câmara foi um bispo católico que se destacou pela luta pelos direitos humanos e ações desenvolvidas em prol dos pobres e do povo pernambucano. Ele deixou frases que se eternizaram, como: “Quando os problemas se tornam absurdos, os desafios se tornam apaixonantes”; “O verdadeiro cristianismo rejeita a ideia de que uns nascem pobres e outros ricos, e que os pobres devem atribuir a sua pobreza à vontade de Deus”; “É graça divina começar bem, graça maior persistir na caminhada certa, mas graça das graças é não desistir nunca”.
Nascido em Fortaleza (CE), em 1909, Dom Hélder entrou para o Seminário da Prainha de São José com apenas 14 anos, onde cursou Filosofia e Teologia. Em 15 de agosto de 1931, com 22 anos, ordenou-se sacerdote, e, no dia seguinte, celebrou sua primeira missa. Em 1952, foi transferido para o Rio de Janeiro, onde viveu e evangelizou por 28 anos.
Na época, Dom Hélder desenvolveu obras sociais, fundou a Cruzada São Sebastião e o Banco da Providência, para atender os mais carentes e necessitados. Ainda em 1952, já bispo católico, Dom Helder participou da fundação da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). Organizou congressos buscando adaptar a Igreja Católica aos tempos modernos e a integração da Igreja na defesa dos direitos humanos.
Em 12 de abril de 1964, antes do golpe militar, Dom Hélder Câmara foi nomeado 6º arcebispo da Arquidiocese de Olinda e Recife, título que manteve até 1985. Também instituiu o “Movimento Encontro de Irmãos”, o “Banco da Providência” e a “Comissão de Justiça e Paz”. Através desses movimentos, fortaleceu as comunidades eclesiais de base. Militante da luta pelos direitos humanos, resistiu ao regime militar e se tornou um líder contra o autoritarismo.
Dom Hélder transformou-se num “gigante” na defesa dos direitos humanos durante o período da ditadura militar. Em 1970, durante um pronunciamento em Paris, denunciou a prática de tortura e a situação dos presos políticos no Brasil. Dom Helder recebeu vários prêmios internacionais, entre eles, o Prêmio Martin Luther King, nos Estados Unidos, e o Prêmio Popular da Paz, na Noruega. Em 1972, foi indicado ao Prêmio Nobel da Paz. Com quatro indicações, foi o brasileiro por mais vezes indicado ao Prêmio Nobel da Paz.
Em 27 de maio de 2014, o nosso metropolita, Dom Fernando Saburido, escreveu uma carta endereçada ao Vaticano reivindicando a abertura de processo de canonização de Dom Helder Câmara. No dia 16 de fevereiro de 2015, o Congregação para as Causas dos Santos emitiu parecer favorável, e recebeu o título de “Servo de Deus” na data de 7 de abril de 2015. Nesse mesmo ano, deu-se a abertura do processo de beatificação, em 3 de maio, na Igreja Catedral de Olinda; marco da instalação do tribunal do início da fase diocesana do processo de beatificação.
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