Por Fernando Castilho
Aqui para nós e o povo que foi para a rua neste 13 de março numa festa extraordinariamente organizada. Tudo muito bom, tudo muito lindo, mas o problema de uma possível saída de Dilma Rousseff – seja pelo impeachment, seja por uma eventual renúncia – é saber quem vai substitui-la no governo. Ou melhor, como seria o dia seguinte desse governo com Michel Temer no comando.
Porque diferentemente de Itamar Franco, com Fernando Collor, o time que vem junto com ele está em linha com o time do PT, mas em termos de indiciamentos e processos. Seja na Laja Jato seja numa tonelada de inquéritos que hoje tramitam no STF.
Convenhamos que ninguém se sã consciência confia em Michel Temer para absolutamente nada. Um sujeito que consegue se manter no comando de um partido como o PMDB não tem – como se diz em várias biografias do momento – enorme capacidade de articulação. Tem é enorme capacidade de sobrevivência e de não se comprometer com nada. Temer tem mesmo é uma enorme capacidade de ficar calado em tempos de crise e não se comprometer.
O cidadão olha o comportamento de Temer e se pergunta: dá para confiar nesse sujeito? Não dá. Mas é preciso ser honesto. Ele é a cara do PMDB um partido que está no governo, manda em sete ministérios e centenas de cargos e fica tirando onda de oposição.
Quer exemplo maior do que é o PMDB: veja a “disposição” dele de sair de governo. Alguém já viu um partido dar aviso prévio para sair de uma coligação? Os caras dizem-na maior cara de pau- que entregar os cargos não está na programação deles. A bem da verdade, o PMDB quer derrubar Dilma ou substitui-la ocupando os cargos que ocupam hoje. Sem perder uma dia de serviço na boquinha. O PMDB adora um cargo.
Mas a questão não é essa. A questão é como fazer esse diabo de transição?
Se Dilma renunciasse, o Temer assumiria com aquela cara de viúva Porcina contrito e choroso, embora com seu partido trocando facadas pelos cargos. Tem gente que acha que o Temer deveria dizer a Nação que não seria candidato a reeleição (por ser vice poderia disputar um mandato). Mas alguém acha que Temer faria isso?
Bom, mas com Temer no governo a gente teria que ver com seria essa coisa pois teria que se entender com o PSDB. Porque o PT vai estar na oposição e levando os movimentos sociais para as ruas e fazendo um barulho infernal. Mas tendo Dilma renunciado (em tese) a cosia seria menos traumática para o Temer e sua patota.
Agora o problema é se o Congresso encaminhasse o impeachment. Claro que dificilmente ela também não renunciaria pois não seria inconsequente de arrastar o país para um embate fora do cargo ainda que por 180 dias. Qualquer politico diz que se o Congresso abrir o impeachment Dilma sai no outro dia.
E aí começa o problema. O Congresso que analisaria um processo desse porte seria liderado por uma figura como Eduardo Cunha na Câmara. E no Senado outra figura como Renan Calheiros? É dose…
Então veja que situação: o povo foi para a rua para tirar Dilma e o processo seria conduzido pelas mãos de Cunha e Renan. Convenhamos não é fácil. Veja a que ponto chegamos? E como se disse no começo, com todo mundo do PMDB e todo mundo amigo do Michel Temer.
Pense bem: o cidadão faz um movimento como o que estamos fazendo nas ruas para tirar Dilma e o PT e vai colocar no lugar dela Michel Temer e a banda inteira do PMDB? E já sabendo que muitos deles vão ser apanhados pelo STF.
Certo, mas e daí, fazer o que?
Olha fazer o que tem que ser feito. Foi bom ir para as ruas pressionar e tentar uma solução, um caminho ainda que seja com Michel Temer. Mas sabendo, desde o começo, que não estamos trocando uma presidente ruim por um vice que nos aponte um caminho firme. Ou que, ao menos, venha junto como um time de primeira. Não virá.
Mas calma. Não é o fim do mundo. Quem não tem Tancredo, Ulysses e Brossard tem que caçar com Temer, Cunha e Renan. É como naquela música do falecido cantor Cristiano Araújo “O que temos pra hoje é saudade”. De um time que tinha Dr. Ulysses, Dr. Tancredo e Dr. Arraes. Um time de Marco Maciel, Leonel Brizola e Maria Covas era banco de reserva.
Então vamos ter que seguir com esses mesmos que estão aí. Até porque a situação econômica do Brasil chegou a um nível tão baixo que, literalmente, qualquer pessoa é melhor que Dilma e o PT.
O país chegou num nível de descrença tão grande com seu futuro e com a política que até Michel Temer é aceito. Vivemos um quadro tão dramático, que fez milhões de pessoas neste domingo botar uma camisa verde e amarela para pedir Impeachment, Fora Dilma, Fora PT, Prendam Lula e vai por aí, mesmo tendo como perspectiva Temer e o PMDB.
Dito de outra forma: o cidadão está tão decepcionado que aceita tudo para que o governo mude. Ainda que no dia seguinte passe a reclamar do PMDB, de Temer e do PSDB se eles se juntarem no governo de transição. Naturalmente sem que isso signifique apoiar o PT e os partidos de esquerda que estarão nas ruas fazendo um barulho ensurdecedor.
Mas e daí? Estavam querendo o que? Achar um estadista nessa “ninguémsada” que se tornou a politica brasileira?
A grande lição das manifestações é que hoje, na rua, não cabe mais as bandeira do PT.